Ana Stoppa
Abraços
Os braços foram feitos para abraçar, pena que na maioria das vezes são usados para acenar um adeus.
Retrocesso
Pensar no amor que se foi, chorar por quem não merece, se ocupar com pensamentos inúteis ou contentar-se com o genérico remete para a mesmice. Administre a preciosidade do tempo de forma a viver intensamente cada segundo. Não faz bem retroceder.
Os poetas viajam, divagam,
fantasiam.
Vivem intensamente, sofrem
compulsivamente, esperam
pacientemente e sempre amam
exageradamente.
Pessoas pequenas são como serpentes - por mais que
destilem o potente veneno jamais conseguirão sair da
condição de seres rasteiros.
Tudo tem limite, até mesmo o perdão
e a simplicidade.
Que não se enganem ou rasos de
raciocínio.
As pessoas adeptas da simplicidade
( sentimento dos mais nobres), para
chegarem a este estágio vivenciaram
longa estrada.
Se preciso sabem no silêncio ( que muitas
vezes diz tudo),colocar no lugar quem as
desmerecem - em paz, com sabedoria e pena.
"Existem pessoas que nos decepcionam,
faz parte do breve existir para o
crescimento espiritual.
Pessoas que se aproximam somente
em busca de benefícios - intelectual,
financeiro, emocional.
Mas, não raras vezes a distração toma
conta dos dissimulados de plantão, de
tal forma que estes, esquecendo-se
das flores pisadas, voltam rapidamente
em busca do perfume.
Tarde demais.
Desabafo?
Tristeza?
De forma alguma!
O tempo nos mostra o suficiente para
descartá-las com sabedoria, afinal
a vida é maravilhosa, porém curta
demais para compartilhar com quem
não sabe valorizar nem a própria.
Gratidão, Respeito e Caráter
não se ensinam."
O Tempo, Senhor da Verdade
"Não lamente jamais pelas lágrimas
derramadas diante da injustiça
deslavada.
Ao invés de se revoltar, reserve um
tempo para orar a favor do opressor,
pois este vai precisar emuito, quando
chegar a hora inadiável de colher em
abundância o que plantou."
Postura
"O sábio entende que não veio a este
mundo a passeio, que tem a sagrada
missão de fazer algo pelo semelhante,
segundo os preceitos do Criador, posto
que o talento não foi emprestado em
benefício próprio.
O tolo, ao contrário, além de ficar
estático nos quesitos simplicidade,
solidariedade, amor ao próximo e
compromisso social, tem o displante
de tentar (inutilmente) impedir
que a sabedoria prevaleça."
Eternidade
Acolha-me amado na tumba fria onde habitas
Desnude a face desfigurada entre pálidos véus
Deixa-me ficar abraçada ao teu inerte corpo
Liberte-me de vez deste infernal mundo louco
Preciso-te hoje percebo na minha alma perdida
Desfalecida na essência desde a trágica despedida
Amargas lembranças de vidas em desencontros
Perdidas nas expressas vias destoadas de pontos
Misturo-me às trevas testemunhas do momento
Impotente sinto-me diante da fome dos vermes
Destruidores implacáveis a cobrir tua alva derme
Arrebata-me de vez para o cinza de teu sepulcro
Buscarei na dor do umbral acender tardia chama
Luz nas contas do rosário, lágrimas de quem ama.
Claridade
No riacho da saudade
Vi flutuar as lembranças
Encontrei apenas dor
Onde outrora havia amor
Desci triste a ribanceira
À procura de água pura
Entre pedras e espinhos
O meu ser se viu sozinho
Vi nuvens carregadas
Com jeito de solidão
Prontas para derramar
As águas da desilusão
Solitária empreendi fuga
Precisava de um abrigo
Pressenti a desilusão
A rondar meu coração
Vi a lua cheia prateada
Rodeada de estrelas
Espiar a madrugada
Diante da noite calada
Pisei espinhos doridos
Saltei muralhas escuras
Reencontrei a esperança
O meu ser se viu criança!
O Amor Já Não Te Peço
O amor já não te peço
Tampouco sonhos loucos
Bastam-me as migalhas
Da ternura que derramas
Ao escutar tardiamente
Minha alma que te chama
O amor já não te peço
Nem toda a água do mar
Basta-me um pequeno canto
No cais onde estás aportado
Encanto que se faz oceano
Nas águas dos desenganos
O amor já não te peço
Contento-me com a ilusão
Preciosos segundos preciso
Basta-me um olhar se juízo
Um aceno, um par de abraços
Que da solidão me desfaço
O amor já não te peço
Já nem sei se o tens para dar
Regresso às ruas do ontem
Encontro o clarão de tua luz
A cintilar sobre as águas
Deste riacho de lágrimas
Atravesso ao som da noite
A ponte da eterna saudade
Nas águas das lembranças
Sinto a triste melancolia
A dor da ausência do afeto
O amor já não te peço.
Conquista da Felicidade
Recuso-me a vestir o passado,
Atracar em qualquer porto
Perder da esperança a chama
Apenas por comodismo
Dispenso as fantasias
Alegorias baratas
Simulações de alegria
Basta de engolir tanto choro
De aceitar a indiferença
De fazer preces compridas
Lamúria entre os dentes
Demência, cenas montadas
Esperança fabricada
Resignada entre grades
Mãos estendidas ao vento
Visto-me de luz e coragem
Para encontrar novo norte
De cara limpa riso franco
Um mundo pintado de branco
Descarte tardio das máscaras
A paz faz rasante na alma
Brilham cristais da verdade
Cara limpa, riso franco
Sepultadas as alegorias
Desmascarados os medos
Reluzem as constelações
Abertas todas as portas
Que levam ao por do sol
Clareia a manhã festiva
Desabrocham madressilvas
Orvalhadas de ternura
Canteiros de amor perfeito
Espreguiçam nos jardins
Desperta a manhã apressada
Gorjeia a passarada
Dispensa das toscas máscaras
Imprestáveis para o hoje
Momento de renascer
Sem medo de ser feliz!
Incômodos & Incomodados
Simplicidade incomoda, talento incomoda,luz
incomoda, competência profissional incomoda,
disposição de lutar pelo semelhante incomoda,
ideias em prol de uma sociedade melhor
incomoda, criação de projetos incomodam.
Incomodam os incompetentes de plantão,
invejosos de carteirinha.
Incomoda os acomodados, os que pensam que
para vencer na vida basta sonhar sem
mover uma palha, incomoda os vazios em
termos de espiritualidade,os egoístas
incapazes de enxergar além do próprio
umbigo.
Incomoda aos que faltaram na escola da vida
em todas as aulas da matéria simplicidade,
respeito, lealdade, ética e bom senso.
Incomoda aos que mesmo tendo a faca e
o queijo na mão permitem que sua fatia
apodreça enquanto cuidam da vida alheia.
Mas, como tudo sempre tem um mas os
incomodados de carteirinha vorazes
caçadores, ao tentar macular a imagem
do semelhante bem sucedido se esquecem e
um pequeno ( mas essencial) detalhe:
Ninguém veio para esta passagem terrena
tão curta apenas para viver a própria vida.
Ninguém é dono de absolutamente nada.
Somos todos meros usufrutuários.
Nada nos pertence além do nome.
E, aqueles a quem Deus capacita para
liderar o fazem não em proveito próprio.
Líderes são pessoas bem resolvidas,
talhadas para servir, nada esperam em
troca, pois servindo sentem-se recompensadas
pelo Criador.
Se têm sucesso, ( geralmente não sabem a
dimensão),este vem da dedicação,
da disciplina, do preparo profissional.
Mas se existe algo que fere de morte a
dignidade das pessoas que se dispõem a lutar
por uma sociedade melhor, são os imaginários
tanques de lavadeira onde transborda o assunto
ouvi dizer ou as máculas descabidas que os
desocupados e invejosos tentam lhes impor
sem qualquer fundamento.
Quem alega tem que provar.
Quem torna público assunto sem qualquer
fundamento paga, não só no aspecto cristão
mas na reparação do ilícito.
Macular a imagem do semelhante fere
a Lei Maior.
Ademais, a ninguém e dado alegar
desconhecimentos das leis.
Miopia Mental
" Ainda não inventaram s óculos para
portadores da grave patologia
identificada como miopia mental.
Características do quadro:
Ao invés de dar as mãos para quem tenta
os levar adiante, através de ações
positivas em prol da sociedade, portadores
deste grave e quase que incurável mal,
tentam ( sem conseguir) impedir o
desempenho dos altruístas.
Que pena, pois esta postura em outras
palavras equipara-se a tentar impedir
o curso do rio para o mar."
Alegorias Plastificadas
Provo a essência desta dor infame
Rasgo sem pena todas as fantasias
Dispenso as alegorias plastificadas
O riso comprado na feira da ilusão
Enxugo de vez as lágrimas sentidas
Desconstruo sem receio a tua imagem
Liberto-me dos sentimentos unilaterais
Serena enfrento o que vida apresentar
Risco do dicionário a palavra monotonia
Arranco do coração a dor da melancolia
Junto cacos dispersos do tempo perdido
Sepulto definitivamente tuas lembranças
Não sou dada a curtir o reinado de Momo
Tampouco a mendigar carinho ou trono
Se dia você fez parte de minha existência
Não o quero mais, resgatei a consciência....
Autoestima
Quando acordamos a autoestima percebemos que
bem poucos nos merecem. O despertar ainda se
mostra oportuno para assistimos calmamente na
plateia do retorno a atuação dos personagens
de quinta categoria se arrebentando no palco
da ingratidão.
Sonhe Grande
Sonhe sempre
Sonhe grande
Sonhe o impossível
Sonhe acordado
Sonhe a felicidade
Sonhe o amor
Sonhe a paz
Sonhe a união
Sonhe a alegria
Sonhe a fraternidade
Sonhe a paixão
Sonhe a leveza da serenidade
Sonhe o brilho das estrelas
Sonhe a imensidão do mar
Sonhe as carícias do vento
Sonhe as manhãs primaveris
Sonhe e seja feliz
Porque quem não sonha não vive
Apenas singularmente existe.
Saudade que alegra a vida
Nas janelas da saudade apenas flores
Em botão perfumadas de alegria
O tilintar de muitas taças que faz
Bem ao coração
Nas janelas da saudade os abraços
Demorados, os amigos inesquecíveis
O riso escancarado, o gosto de ser feliz
Nas janelas da saudade a paz que
Enobrece a vida
O lado bom dos amores
A parte melhor do existir.
Saudade que trás a tristeza
Do viver sem ter vivido
Saudade que trás as lágrimas
Das imagens tristonhas
Perdidas em meio ao nada
Saudade que torna os dias
Perdidos em meio ao pranto
Faz o tempo se perder
Faz a alma entristecer
Saudade com gosto amargo
É saudade imprestável
Não merece ser sentida.
A saudade somente é boa
Quando alegra a vida!
Sinfonia da esperança
Canto o silêncio das longas madrugadas
O frio das paredes de vida desbotadas
Canto as estrelas guardiãs das noites
Com a coração estilhaçado pelo açoite
Canto a saudade esparramada na lida
Imensa ladainha da esperança perdida
Canto a lua minguante a minguar luz
Diante do cansaço pela pesada cruz.
Canto a felicidade arrastada no medo
Insegurança dos plangentes segredos
Canto as sombras ocultas no arrebol
Rotineiro amanhecer distante do sol
Canto o amor que de frágil se quebrou
Sonhos etéreos que o tempo apagou
Canto as flores sufocadas nos espinhos
A distância da fraternidade no caminho
Canto a chama solitária da última vela
O sal das lágrimas que a solidão revela
Canto trevas que amedrontam os dias
O vazio que semeia no existir a agonia
Canto ainda que a mágoa teime em ficar
Porque canções tornam leve o caminhar
E quando a saudade entoar sinfonias
Um canto de paz devolve-me a alegria....
Contas ao Vento
Vagos sonhos desbotados
Projetos abandonados
O que fazer com o amanhã
Se o ontem não se vai?
Desespero invade as noites
Revolvem tristes momentos
Gélidas paredes emolduram
Dispersão do pensamento.
Em círculos se arrastam vidas
Banhadas no sal das lágrimas
Caçam a esperança perdida
Frágeis fios, sopros de vida.
Tão imensos quanto às noites
Mostram-se os leitos vazios
Abraços largados ao vento
Longas contas de agonia...
Vida, estrada breve.
Na etérea e breve estrada da vida, à duras
penas compreendemos que tão pouco sabemos.
As decepções se mesclam com a realidade,
diluem os sonhos, sufocam a luz. Mas, ainda
assim, é preciso empenho para se extrair um
pouco de esperança, e tocar em frente.