Ana Paula Ribeiro
Que sentimento era aquele que nunca saiu das palavras? Que nunca correu atrás pra fazer jus ao que era dito? Meu coração por um longo tempo foi seu, mas parecia ter medo da responsabilidade de tê-lo em mãos.
Pareço ainda ouvir você dedilhar Caetano como adorava fazer, ou sentir você tocar meu cabelo de leve. Suas lembranças permanecem vivas, e eu permaneço aqui, na esperança de novas histórias entrando pela porta que eu deixei entreaberta na ilusão de vê-lo voltar.
Eu não imaginei que fosse sentir... Não é saudade, é só um carinho pelo que você representou na minha vida. E esse carinho dói.
Mas é que a liberdade me afaga os cabelos e me domina, e você nada mais é que minha prisão. Te deixar me fará completa. Compreender-me te tornará um sábio ou mais um poeta de coração partido.
O paraíso deve ser como sentir teus lábios enquanto toca Beatles na rádio... Ao meu ver deve ser algo como sentir teu corpo roçar ao meu na penumbra que a madrugada trás. Se isso não for o tal dito paraíso, não sei o que é.
Eu poderia te escrever tantas coisas, te falar palavras bonitas, mas de que adianta sem amor? O sentido não é o mesmo. O amor é belo até mesmo no silêncio.
Quiseram comparar-me as demais garotas. Que infelicidade. Percebeu-se então o quão mínimo me conheciam.
O erro está em confundir sentimento com carência, estar com alguém não por gostar, mas pra não estar só.
Minha voz rasgou o silêncio que você deixou guardado aqui, nessa alma calejada de tantos erros perdoados e repetidos.