Ana Neto
Lições de vida
Se as lições que a vida nos dá,
Fossem para se apagar das nossas memórias,
Existiriam certamente borrachas específicas para o efeito.
Não tendo esse propósito em nós,
Todas deverão ser memoráveis e
Merecer-nos alguma reflexão!
Não morres para mim
«Até um dia destes»
Foram as nossas últimas palavras!
Pouco depois, partiste.
Não fiques triste comigo, se eu não chorar.
Conversámos muito sobre a morte, lembras-te?
Sabes que dizer «Adeus» não faz o meu forte!
Tenho a certeza de que algum dia,
Nos voltaremos a cruzar
Vestindo uma outra «roupagem»
Falando uma outra linguagem.
Estaremos, tu e eu, numa outra qualquer dimensão.
Não ligues, se eu não te levar flores também!
Flores dão-se a quem pode ver com os seus olhos as suas cores
A quem pode cheirar os seus odores.
Não morres para mim.
Por isso nego-me dizer-te «Adeus»
E chorar a tua morte!
Estarás sempre presente com o teu sorriso gigante
Pelos caminhos onde tantas vezes nos cruzámos!
Até ao nosso reencontro
Cuida bem dos girassóis!
Ok...vida, ok!
Eu cedo, eu baixo as garras, eu me entrego!
Feliz agora, vida?
Mais feliz certamente por ter mais um guerreiro anulado.
Deves estar às gargalhadas porque afinal, sua ignóbil,
venceste...mas venceste cobardemente!
Asfixiaste-me, tiraste-me o ar que eu precisava para caminhar.
Só mesmo assim!
Batias-me com as portas e eu abria-as
Cerravas-me os caminhos e eu trilhava-os
Embebedavas-me a saúde e eu ainda assim...vigorava
Tiravas-me o sol e eu brilhava
Sacudiste-me os sonhos e eu alimentava-me até da sua sombra
Tudo, tudo fazias e fizeste!
E eu, aí estava, de sorriso nos lábios a atormentar-te a força.
Ah vida... tanto que penaste para me derrubar...
SUA COBARDE! ASFIXIASTE-ME!
Enclausuraste-me!
E eu cedi.
Mas cedi temporariamente.
Garanto-te, escuta bem:
EU VOLTAREI!
Para ti em especial
Para ti em especial
Que não tens quem te envie mimos
Que por uma razão que nem sequer conheces,
Ficaste só
Entregue aos abraços dos ventos
Aos beijos das folhas de outono
Aos amores dos lençóis engomados
E arrumados numa gaveta fechada!
Para ti em especial
Vão os meus beijos e abraços
O toque de uma mão doce e macia
A companhia de uma canção
De um sorriso
De um silêncio apenas
Ou um olhar meigo e atrevido.
Para ti em especial
Que te perdeste no tempo
E num lugar vazio de tudo,
Estou aqui
A chamar-te
Para que também eu não fique assim
Tão especial como tu
Com uma mão cheia de nada
E a outra,
Completamente vazia.
Quem me dera
Quem me dera que nas estradas da Vida existissem sinais para a alma do tipo:
Sentido proibido para o cinismo, a agressão, o ódio, a intolerância…
Sentido obrigatório para a justiça, o respeito, o perdão, a solidariedade…
Aproximação de sentimento com prioridade: O Amor
Sinal de stop para a inveja, o cinismo, a frieza, a maldade, a hipocrisia
Quem me dera que houvesse um sinal de sentido único para a libertação de todo o tipo de escravidão!
Assim, o nosso caminho na estrada da vida,
Poderia ser um verdadeiro labirinto
Mas jamais nos sentiríamos confusos ou desalentados
Jamais nos encontraríamos perante «becos sem saída».