Ana Claudia Tranchesi Xavier
"Até onde pode te levar esta dor?
Estamos pisando sob um buquê despedaçado
Como ela podera nos levar
A aquele lugar sublime da união?
Como ela podera nos mostrar?
O final do caminho de pedras amarelas
Se seus pés estão sob nuvens
Flutuantes nuvens, que não posso alcançar"
"Há covardia neste vosso sorriso
Ouço o canto dos teus suspiros
Fronte tua figura aprumada o ranger de dentes
Da inveja e eloquência desta gente
Peço-te que acelere o caminhar
Espero a muito tempo vê-lo acordar
Ver a vida sob as assas da alegria
O anoitecer ao teu lado será em mim o raiar do dia
Sentir teu toque é carregar minha energia
Crave os olhos sobre mim e não os tire mais
Não é fácil suportar os anseios carnais
A alma apequena quando te afastas
Imensa sinto minha existência quando te aconchegas
Quero-te e mais que isso, preciso-te
Mais do que a água me basta tua vida
Preenche-me e afoga-me em teu amor
quero sufocar de afagos e desfalecer em teu ardor"
"No teu canto me encano
Fantasma de luz azul
Semblante de estrela
Me assalta o riso
Te transmuta em destino
Sobressalta o bater de corações
Amante fugaz e esquivo
Tão imprudente quanto és belo
Inventa a cada noite um paraíso
nos labirintos deste sorriso"
"Desejei um dia ser sua ponte para felicidade
Onde estarias a salvo e eu por vez nunca mais só
Procurei ser uma muralha, uma adaga
para que teus medos jamais ultrapassassem nosso edem
Mesmo duvidando ouvir de ti que assim desejas
Deixe-me atravessar a solidão através do vale da morte
Apenas guiada pelo anseio de viver este amor vindo de seu coração
Permita que onde o caminho da mente te levar, você terá-me junto a ti
Compartilhe comigo cada domingo, cada noite, cada manhã
Vidas unidas em dois corpos separados"
"Quando fecho meus olhos o tempo congela e o momento se arrasta
De repente meus sonhos passam a ser minha vida curiosamente
Tudo é possível, dentro deste mundo paralelo tudo acontesse
Escuto sons que jamais imaginei ouvir
Pude escutar com clareza o choro de alegria da minha alma
Rejeito o abrir de pálpebras, me perdendo nestas infinitas possibilidades
Tudo é possível, dentro deste mundo paralelo tudo floresce
Sem mais dor, apenas a eternidade a contemplar o céu
A quem amo nunca mais precisar dizer adeus
Tudo é possível, dentro deste mundo paralelo tudo permanece"
"CRER, PERDOAR E ESPERAR"
Proponho-me a pensar que as coisas mais difíceis para o ser humano é: crer, perdoar e esperar.
O homem é muito habituado acreditar em coisas que vê, escuta ou toca. Não recolhe-se mais a sua forma primaria deixando-se tocar pelas coisas celestiais, nem enche os pulmões com a energia da natureza. Diz acreditar em Deus, mas quando vê alguém sofrendo ao seu lado finge não ver. Diz ser bondoso, mas finge não ouvir o choro em coro de inúmeras crianças inocentes que pedem socorro em nosso mundo.
Não crê em ti mesmo, não te achas capaz de modificar as coisas e usa isto como desculpa para lavar tuas mãos. Não crês na verdade, pois ela não te encanta os olhos, não é suave aos teus ouvidos nem traz prazer á tua carne. Crês sim na mentira, pois a usa todos os dias de modo a enganar os outros e a ti mesmo para que tu aguentes o peso da tua hipocrisia.
Sei que crer é algo que só se faz de olhos fechados e coração aberto, pois quem ama confia sem limites.
O perdão é ato de grande nobreza, e quem o oferece é de igual nobreza, pois só pode ser dado se assim desejar o coração jamais poderá ser comprado nem mendigado por olhos encharcados ou palavras doces, nem mesmo quando a razão lhe propõe não será concedida, o perdão vem de quem compreende sua imperfeição e fraqueza e enxerga o outro não apenas como um igual mas como um espelho, é preciso amar para perdoar pois é necessário admitir suas próprias fragilidades.
Esperar, esta palavra por si só já desperta irritabilidade, quem no mundo há de dizer que gosta de esperar, todos odeiam, não saber esperar e é sem dúvida o mal da humanidade. Queremos tudo agora, e já, mas pagamos um preço alto por isso, esperar vai de contra tudo que ansiamos e queremos. Tudo por conta da maneira superficial que vivemos, nascemos e morremos m um mundo de valores invertidos.
Quem ama algo almeja de longe, sabe esperar. Calmo e paciente.
Sendo assim, concluo que para crer, perdoar e esperar é preciso acima de tudo amar. O que falta no ser humano é o amor, pois só ele é eterno muda tudo de dentro para fora rompendo fronteiras ou qualquer dificuldade. Aprenda a amar e saberá crer, perdoar e esperar.
"Honestamente nenhum ser humano gostaria de arruinar a própria vida, mas é comprovado todavia que ele não para quando está prestes a fazê-lo."
"Hoje é aqueles dias que já não importa se é inverno ou verão, se faz chuva ou sol. Pois só o que sinto são calafrios, só o que vejo é um breu. Todos concordam que foi penas um sonho. Mas se eu sonhei porque não consigo acordar? Vejo meu olhos abertos mas eles se recusam a ver o fim e a contemplar a a ruína de um amor. Meu corpo reage retoricamente a este fato. Me vejo encurralada entre a espada e o precipício, meu maior desejo é criar asas e vencer. Voar até você e salvar a nos dois de uma vida sem sentido. Mas talvez nem você saiba que precise ser salvo. Perco-me neste devaneio. Hoje sou a menina perdida neste palco da vida. Você era a peça chave, mas as cortinas se fecharam antes do publico ver o grande ato. Nosso tempo acabou e eu realmente sinto muito, mas não quero acordar."
"Quem disse que pessoas boas vão para o céu, esqueceu de dizer que antes elas passam o inferno na terra."
"Vim esta vez falarvos sobre um fardo. Há um pesado e antigo livro que possuo e não consigo me desfazer, ele não me foi dado e sim passado, de pai para filho, é assim feito por todas as gerações, desde o primeiro homem que viveu e escreveu a primeira página, deixou gravada toda sua culpa, o livro foi ganhando páginas extras a cada geração que nascia, e evidentemente foi ficando mais pesado. Alguns não suportam seu peso, outros nem notam mais. A maioria nem ao menos se dá ao trabalho de abrir, alguns tentam lê-lo mas desistem, eu faço parte dos que resolveram abrir e folhear as páginas, cada uma pesa em média 100 kilos, não estão escritas com tinta nem em nenhuma linguagem conhecida, somente lágrimas, umas de esperança, outras de desespero e dor, mas a maioria de arrependimento, estas são as mais amargas e escuras.
No começo fiquei irritada com a similaridade das histórias, pensei comigo, como depois de milênios não aprendemos nada?! Depois tive um momento de breve luz, imaginando que o peso nos obrigaria em algum momento a agir diferente. Foi quando exausta cheguei a primeira página que eu pude ver a verdade mais cruel: havia um espelho, eu me reconheci, pude contemplar a vergonha, a fraqueza e o quão imensamente me enganei cada vez que me senti melhor ou mais merecedora da vida do que qualquer outro ser, por mais pequeno que seja. A culpa e os pecados cometidos por cada ser me esmagaram. E nesta fração de segundo admiti a verdade de quem eu sou, de quem nós somos.
O maior erro humano é querer ser Deus, acha que tem o poder de escolher quem vive e quem morre, que coloca sua própria sobrevivência e bem estar acima de tudo e de todos, e não se dá conta que não aprendeu a controlar nem a si mesmo."
As vezes você precisa olhar bem para algo pra entender seu valor.
Coisas que passam despercebidas pois sempre estiveram lá, nossa visão e audição se acostumam e cometem o grande erro de ignorar. Nos mais diminutos gestos, coisas que temos e são especiais, mas nos é esquecido a arte da apreciação. Até mesmo daquilo que não temos, apreciar, não apenas querer ter ou dominar. Todas as coisas pagas existem para distrair das coisas que já possuímos ou que podemos e que são grátis para quem as quiser para si.
Quando as coisas parecem confusas, apenas pare e ouça o vento. O que você precisa já está ao seu alcance.
Em cima do teto existe um portal ele disse.
O céu é acessível a todos,
mas a maioria está ocupada olhando os próprios pés.
Ele subiu a primeira vez, ele precisou.
Queria respostas, mas encontrou apenas
um confuso e espesso manto branco.
Ao tentar interpretar o tempo
ele acalmava a tempestade que tinha dentro.
O clima é como a vida, a vida não é só feita de luz.
Precisamos de sol somente metade do dia.
A neve vem, o descanso.
A chuva varre toda bagunça que ficou.
As nuvens não vem para esconder a verdade,
mas para fazer-nos dar valor quando o sol voltar a brilhar.
O vento leva o velho e trás o novos desafios em um ciclo.
A distancia ele assistia seus amores indo embora.
Quando se ama tem que deixar ir.
Ele deitou e aceitou.
Nesse momento o céu chorou sorrisos.
Existia uma casa — como muitas outras — que tinha uma cerca que de nada defendia, um portão que rangia, e árvores que davam frutos que ninguém comia.
Dentro, uma sala modesta; sob um tapete estilo persa antigo, a cozinha pouco usada, disfarçada por um cesto com frutas de plástico, e uma geladeira cheia de vidros vazios.
Adentrando o corredor; um modesto banheiro; bem limpo, com uma pia de louça, que só pingava a noite.
Logo no final; um amplo quarto, com uma cama de ferro bem estendida de lençóis brancos. Acima desta; um relógio que marcava 07:46 a algum tempo. Estava também uma janela alta, do lado direito. O aposento era tão tranquilo, que nem sequer uma brisa balançava as cortinas cor azul pálido. O cheiro de linho e óleo de peroba preenchiam o ambiente.
Era presente um homem sentado em frente a uma mesinha de mogno reluzente — era magro e alto, com ombros acentuados, pouco mais de 35 anos, cabelo recém cortado, usando uma camisa alinhada, talvez a melhor que possuía. — Seu olhar fixo no nada, seus braços derramados, em sua mão esquerda, entre os ásperos dedos, o que parecia ser uma carta escrita às pressas e manchada de suor. Havia a face turva e o corpo abandonado de qualquer vida. Um raio de sol timidamente ameaçava tocar-lhe a face, mas antes, uma nuvem encobri-o — deixando o ambiente mais sombrio.
Algum animal pisoteava sobre as folhas secas do jardim, e de repente, tudo ficou no mais sepulcral silencio, então, ouviu-se um grito — o qual inflamou inteiramente o homem — foi tão potente que rasgou o silêncio e ergueu-se aos céus. Tal exclamação se fez entender tão bem, que todos que próximo estavam provaram o gosto das lembranças, do calor de abraços que não viriam mais, e, a partir do vibrar das cordas vocais e da explosão daqueles pulmões, todos tiveram a impressão de ver um sorriso que espelhava mil raios de luz se apagando e desaparecendo enquanto o eco ia enfraquecendo entre os muros da casa. Casa esta — como qualquer outra — com seus muros brancos, suas fotos empoeiradas, seus jardins úmidos, e seus moradores de coração partido.