Amanda Munari
Sabem tão pouco de mim. Eu escrevo? Ah, sim, quase na mesma temporalidade em que respiro. Caminho devagar? Tenho um probleminha no pé, olhe melhor que você perceberá. Tenho o olhar vago? Esse é velho, já deveriam saber. Leio com os mais gritantes barulhos? Eu gosto de histórias além da minha, concentro-me rápido nelas para me esquecer. Não sei abrir o coração? É falha da vida, sabe? Ela ainda não me apareceu com a chave correta. Eu durmo pouco e não sei falar de mim? Tudo mania velha. Eu me formei faz um tempinho na faculdade dos jeitos estranhos de ser. Agora, tem que me aceitar assim, e entender que saber de mim sempre será pouco. Eu sempre vou trancafiar um sentimento, segredo ou passado. Eu vivo me escondendo até de mim. Mas posso garantir que tenho bom coração. Eu amo quem eu amo acima das confissões nunca feitas de mim. Amo por me amarem sabendo que pouco me conhecem.
Eu me perco em meus pensamentos... Na minha imperfeição e meus borralhos.
No começo da minha adolescência, me acha feita de borrões. Achava que todos meus sentimentos eram impróprios, imperfeitos em certos casos... Na verdade era sim. "Minha paranóia, era maior do que minha sabedoria", posso dizer que ainda é. "O que os olhos não vê, a paranóia inventa."
Realmente digamos, que, meus pensamentos não são muito bons... Meu passado não é muito bom de se recordar, meus borralhos não é uma coisa que quero que as pessoas sintam.
Mas uma coisa eu posso dizer que... Por mais que eu seja feita de borrões, foram esses meus borrões que me fizeram ser o que sou hoje. São essas coisas que me fizeram acreditar que eu sempre "iria ser uma pessoa triste com esses meus pensamentos", que fez eu ser FORTE e levantar a cabeça quando achei que não iria conseguir.
Termos pernas, braços, cabeça, olhos e somos perfeitos aos olhos de quem vê. Mas dentro de nós, ninguém sabe... A verdadeira realidade.
Vejo todas as meninas de hoje em dia, sempre querendo "amar e ser amada" e encontrar alguém que realmente aceite esquecer o mundo para cuida-la em seus braços.
"Todas as mulheres sonham em ter um homem que seria capaz de deixar tudo só por elas."
Mas é... O que elas não se lembram é, que antes de tudo, tem que se amar primeiro.
"Olhar em seus olhos e dizer: Você é o motivo do meu sorriso.
Esquecer de olhar pra mim mesma e dizer: Sem você não conseguiria nem respirar.
Olhar para à minha volta e dizer: Esse mundo está perdido.
Olhar para as verdades e dizer: Eu tento... Mas não consigo.
Esquecer de olhar para mim mesma e dizer: Não sei o que fazer.
Olhares, olhar, sentir, sentimentos... Nem tudo o que vê, é realmente o que se sente. Nos iludimos, esquecemos do que é realmente importante primeiro de tudo, nós mesmos.
E as nossas verdades? Nós? Agente?
Isso é de verdade?"
“Me liga no meio da noite só pra dizer que precisa da minha voz pra dormir melhor. Chama meu nome quando estiver com problemas. Pede meu colo quando se sentir sozinho e diz que só eu sei mimar você, amar você e cuidar de você. Vem, me diz. Diz que escutou a nossa música esses dias e que lembrou de mim, como de costume. Diz que assistiu nosso filme favorito e que não fez outra coisa a não ser pensar em como eu ria daquele ator e de como você amava minha risada escandalosa e contagiante. Diz que sente saudade da minha voz, do cheiro, do beijo, da sintonia, da conexão, da nossa ligação. Diz que não importa quanto tempo passe, que a gente é pra sempre e que isso não vai mudar nunca. Diz. Diz que sente saudade. Eu ainda sinto tantas.”
“Acordo todos os dias com a intensão de que vai ser diferente. E no iniciar do dia, até parece estar sendo diferente. Coloco músicas altas para tocarem, levanto-me da cama junto com o astral. Faço meu café, escovo meus dentes, tomo um banho, um banho que lava até a alma. Aquele que a água que escorre pelo ralo, escorre junto o baixa astral e todo o pessimismo. Depois disso, retorno a cozinha — ainda com um sorriso no rosto — pego minha próxima xícara de café e retorno ao meu recanto, meu ápice de tristeza e baixo astral, meu quarto. Meu maldito quarto. Sento-me na minha cadeira confortável e ali fico, com meus livros, computador e minha xícara de café. O livro, não muito bom, começa a me dar sono, o computador não vejo mais graça e o café, ah o café acabou. E a rotina começa mais uma vez.”
Eu andei muito perdida nesse meio tempo que passou. Acabei esquecendo certos valores, como também, deixei de lado certas pessoas. Acabei desistindo de certos sonhos, me acomodando, me acostumando com o pouco, o superficial e o normal. Hoje eu percebo tudo isso. A gente acaba se tornado alguém que não gosta de ser, acaba gostando do que não se é pra gostar, acaba se satisfazendo do fútil. Gostando da aparência, alimentando a vaidade. E isso cada vez mais destrói quem você é. Como diria Cazuza, “aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro”. Me banalizei, me limitei, escorreguei. Deixei que as coisas passassem e se transformassem, tudo isso sem notar. Acabei esquecendo de mim mesma. E no lugar, me transformei naquela pessoa mais focada no parecer, do que no próprio ser. Me preocupei tanto com “o que falar”; “o que fazer”; “como agradar”; que esqueci de me cuidar. Me abandonei, me deixei de lado, escondi tudo o que sinto e coloquei uma máscara. Máscara que hoje me sufoca. Porque eu não sou assim, não é esse meu objetivo e não é isso que eu quero, não é essa a vida que eu sonhei. Quero ser o alguém que eu era antes. Mais simples, descomplicada, mais amorosa, mais feliz, mais sorridente, mais verdadeira. Menos orgulhosa, menos fria, menos egoísta, menos complicada, menos superficial, menos mal humorada, menos preocupada. Quero um sorriso, mas dessa vez, um sorriso realmente verdadeiro. Quero conversar com as pessoas e me interessar pela conversar. Quero gostar, amar mais o próximo, apreciar mais o que está ao meu redor. Parar de desejar tanto, reclamar tanto, me irritar tanto. Leve, desejo mais do que nunca, ser leve. E olha que contraditório, desejo me tornar uma pessoa nova: querendo voltar a ser quem eu era antes.
Quando nós nascemos, delicadamente temos a confirmação de que vamos ser frágil a vida inteira. Muitos se enganam, pensando que "é gente grande" e se esquece dos sentimentos, ou apenas fogem deles, que seja!
Nós crescemos, e juramos saber de tudo... Sentimentos, pessoas, passados e acontecimentos da vida, mas a pura verdade é que somos assim frágil e sempre vamos ser. A unica diferença entre o "quando nascemos" pro "agora" é que crescemos, e sabemos que cada pessoa, é cruel ao certo ponto e isso pode te machucar. Quem quer ser machucado, não é? Então aprendemos a machucar também... Aprendemos a ser duro com nós mesmos até.
Quando crescemos não é impossível ser feliz, é só mais complicado. E é certamente essa complicação, que nós deixa assim... Humanos que somos.
"Quando tudo começou certamente tive uma imensa confirmação que iria ter de aprender muita coisa, e tinha conciência que não iria ser fácil.
Até ai tudo bem, apesar também achava que merecia passar por experiências de amor, muito tempo sozinho ninguém fica. Estava disposta a me entregar e te amar como único no mundo, estava mesmo... Disposta a me abrir, me soltar, à sonhar alto e sentir demais. Pois é, será que esse foi o problema? Não lembrei que quem sonha alto demais, caí no chão rápido demais também.
Uma tola sou eu.
Te amava, era uma paixão que nem eu sabia explicar, e mesmo que tentava fazer mil textos para me achar nessas linhas não iria conseguir me entender. Vamos nós dizer que estava completamente cega! Eu me ceguei, e só senti a dor depois que o tempo me mostrou o que estava fazendo...
Depois de tanto tempo sozinha, queria alguém que me desse a segurança e o conforto de ser feliz e estar bem. Ah, uma tola!
Será que era isso que eu tinha que entender? Será que eu tinha que entender que eu tinha que me amar em primeiro lugar e eu mesma dar essa segurança pra mim? Poxa.
Muitas pessoas acham tolice sofrer por amor e chorar por isso também, mas esse sentimento é tão intenso que nós conduz à coisas que não esperaríamos fazer. Parece até que estamos bêbados e na manhã seguinte ficamos tão mal que a ressaca bate de um jeito que nós acaba. Poxa... A que ponto cheguei, estou comparando mesmo amor com álcool. Pois quando você se vicia nesse amor, é uma droga!
"Eu amava escrever, sabia de côr todas as linhas que poderia me expressar e me soltar completamente, e escrevia tão bonito...
Mas aí você apareceu. Bagunçou minhas linhas e me deixou feita de borrões.
Não sabia mais o que era escrever, porque me vicei a falar, descobrir que me expressar de verdade era mais prático. Uma ilusão. Ninguém tem paciência de ler até o final, quem dirá ouvir?"