Amanda Lemos
As melhores amizades são aquelas construídas sem um pingo de obrigação, de exigência, ou muito menos de mera influencia de terceiros.
Ela simplesmente acontece, ou se deixa acontecer, não faz questão de milhões de chamadas recebidas em um celular, de cobranças a serem feitas, de milhares momentos a serem vividos (isso é com o tempo) .
Ela aparece no momento que se mais precisa e, acreditem, no que mais dói e corrói, pois é a partir daí que você tem a absoluta certeza em quem confiar, em quem contar o que você às vezes não teria coragem de contar a mais ninguém, e quem lhe faz sentir feliz e apreciado em uma conversa jogada fora.
Medíocres, acharam bonito amar, sem ao menos saberem seu real significado, e que ao final das contas nem gostados por alguém foram de fato
Frieza de um coração que cansado de sofrer passou agora a ter medo de amar, ou confiar tanto novamente.
Porém, chega um dado momento da nossa vida que querendo ou não, arriscando-se ou estando com os pés no chão, quase grudados até, pulando de um arranha- céus sem para-quedas ou se sujeitando aos maiores sofrimentos em prol de uma felicidade eufórica, desejada e estonteante,
chega este momento que inevitavelmente você passa novamente a confiar , a se apegar, a compartilhar, a voltar a dormir não mais e simplesmente para descansar mas para sonhar, por saber que estes sonhos podem um dia se tornarem realidade.
Você aos poucos passa a construir este coração despedaçado e passa a preencher a mala com coisas novas, pessoas, sentimentos, planejamentos.
Tudo novo, de novo.
Passa a voltar a viver, a acordar para a vida , a antes de esperar, fazer acontecer, a antes de amar alguém, se amar, a antes de esperar pelo futuro incerto, viver o presente.
...Chegando a conclusão que o excesso de confiança resultará em escassez de qualidade.
Como um egocentrismo forçado e um elevadíssimo ego que propiciasse que o errado se realize.
Como esperar muito, e ao final, concretizar-se em pouco.
Estou cega.
Vejo a escuridão.
Sou um apêndice.
Posso ser substituída a qualquer momento.
Estou só em meio à multidão.
Nesses dias, andei lendo uma novela que inclusive recomendo a todos que são dotados de um intimismo e percepção psicossocial aguçada.
A hora da estrela, de Clarice Lispector.
Simples, porém de uma dimensão estarrecedora.
Até que ponto ao estar, não estamos ?
Até que ponto deixamos para viver, renascer, apenas quando nos deparamos
com a morte ?
O ser humano evoluiu tanto , ampliou conhecimentos e atingiu um ego de valor desproporcional para não reconhecer o óbvio: Estamos fadados a solidão.
Não percebemos a presença e importância do outro ao nosso lado porque estamos cegos por um individualismo e falta de tempo que não nos permite compreender a dor do próximo, acalentar uma alma, sermos altruístas, austeros.
Não somos.
Escrevemos auto- ajudas a milhares por pura indagação para praticarmos miséria em uma sociedade cada vez mais hipócrita e só.
Sim, só.
Abandonada.
Creio até que um dos maiores problemas da humanidade daqui uns anos, e não irá demorar muito, será a solidão e a profissão mais ascendente será aquela voltada para a psicologia.
Pagamos e pagaremos cada vez mais à alguém para nos ouvir, simplesmente isto: ouvir. Pois, dentro de nossa própria casa, ou algo que se possa chamar de lar (?), não há quem tenha tempo ou ânimo para isso.
No momento em que escrevo, ato confesso, acaba de entrar em minha sala de aula dois jovens acadêmicos do curso de psicologia para avisar aos alunos da instalação de uma espécie de “plantão psicológico” em minha escola.
Falo a verdade , não apenas num ato retórico de ceder comprovação ao que escrevo.
Coincidência, não?
Será?
Deixemos.
Estamos vivendo um “ locus horrendus” ?
Não sei o bem, todavia, vivenciamos um dilema humano: Reconhecer quem está em pé ao nosso lado na fila do supermercado, sensibilizarmos com a dor do outro marginalizado que padece de fome nas ruas , compreender o próximo que assim como eu é dotado de capacidade e inteligência.
Não é tarefa fácil, embora pareça.
Estamos acostumados ao ego e ao “eu” exacerbado que acabamos por esquecer que sim, ACORDE, vivemos em sociedade.
Repito: vivemos em sociedade e não apenas existimos em sociedade.
Devemos viver como seres sociais que sabem relacionar de forma recíproca e humana.
Ando convencendo-me ainda que a questão de “ser” humano perdeu, ou vem perdendo, a sua essência que é a humanização.
Estamos cada vez mais mecanizados , como uma esteira de produção, e agimos presos a rotina.
Como podemos observar na filosofia fetichista, o ser é “coisificado” e a coisa é “humanizada”.
Pobres mortais.
Meros mortais.
Reconheço que minhas palavras possam soar ácidas e um tanto esdrúxulas e até mesmo leigas perante o tema que abordo. Porém, como bem sabem, eu apenas transbordo.
Despejo através de um emaranhado de palavras o que minha mente propõe.
Ah, e vejam só, ainda é dia , chuvoso, eu sei, mais ainda o é !
Portanto, beije sua mãe e abrace quem está ao seu lado neste momento, ou alguém mais próximo.
Por que não ?
Ouvi dizer que não dói e que carinho faz um bem danado e expira tudo de negativo.
E meus parabéns, feito isso, você acabou por viver e não penas existir.
....
O tempo é voraz.
Escorre pelas mãos, meu bem.
Ás vezes, a “ficha” só cai quando as mesas já estão vazias.
Que dor é essa meu Deus ?
Que dor é essa que nunca passa ?
Que dor é essa que afugenta nossas esperanças ?
Que dor é essa que presencia a morte do outro aos poucos ?
Que dor é essa que petrifica ?
Que dor é essa que morfina nem sonda escassa ?
Que dor é essa que propicia o grito dos maus e cala a voz dos bons ?
Que dor é essa que um câncer provoca ?
Que dor é essa que a cada hora passada nos dilacera ?
Não o questiono meu Senhor, longe de mim tal heresia. Mas em meio a ausência de crer em possibilidades me permito apenas à perguntas eufóricas.
Por que?
Faça-me crer que é possível, já que nem estas frases e crases avulsas me restam mais, não diminuem a dor, apenas transportam o mínimo dela neste papel já ensopado de lágrimas.
Chamo por solução, não me ouvem, é surdo, ora vazio, ora escuro.
A morte será assim ?
Triste, calma, oca ?
Fecho meus olhos de toda maldade, meus ouvidos de toda calúnia e minha boca de toda blasfêmia.
E eu repito, quero ainda crer que é possível.
Crer no impossível.
Faça-me crer, faça-me crer.
Faça-me acreditar.
O coração pesa tanto que fica até difícil de se carregar, a consciência tortura e o medo de um futuro incerto predomina.
SENTIR.
Verbo impossível e longe de uma definição.
Sentir é eufórico,
é como estar em êxtase puro e há de se escrever para diminuir a ânsia e febre de sentir.
Sinto tanto que chego a ter pena de mim mesmo quando “estes sentimentos” derem por um fim, quando o oco predominar e a consciência pesar, novamente.
Será doloroso, pungente.
Permita-se a sentir, vivenciar, colocar em prática.
Sinta como se não devesse sentir, como não houvesse obrigação de senti-lo.
Sinta como quem nada sem saber se a água é de fato fria, mas “pula de cabeça” nela.
Sinta como quem sente por não saber o que vem por amanhã, mas está satisfeito só por haver um.
Alie-se à esperança e siga de mãos dadas com ela.
Empregue o imperativo.
E sinta como quem sente tão livremente para só se sentir bem.
Sabe aquela coisa que por um momento é aquilo que você mais quer no mundo e quando consegue você não quer ? Pois é... Toca aqui. Estamos quitis.
Nunca arrisque perder sua felicidade por uma coisa que queira momentaneamente. Mesmo que queira muito.
Você entendeu o que acabou de fazer ?
Mentiu para mim. Eliminou todas as chances que tínhamos de se entender.
E não foi a primeira vez. Você já voltou a fazer outras tantas que, francamente, eu cansei.
Desculpe-me.
Eu ainda não me desapeguei de você por completo, mas sinto resultados novos todos os dias. Acordo e não mais me sinto presa a alguém ou algo que eu imaginava que pudesse existir.
Desapego é foda e difícil pacas. Mas a melhor consequência é a leveza. Para todo mal há uma cura e por incrível que pareça, como dizem por ai, você me curou de você mesmo.
Você sabe o que vai acontecer, não sabe ?
Vamos brigar novamente pelos motivos mais tolos, ficaremos de caras amarradas por alguns minutos e depois vamos rir de alguma coisa e nos esquecer de todos os impasses.
Eu sei que brigamos sempre, implicamos.
Mas agora é diferente, porque eu infelizmente cansei. Desanimei sabe, de correr atrás, puxar o fio de volta e me importar com algo que você nem dá a mínima. Cansei de me doer, e me doo sempre, porque espero a todo momento o melhor de você e infelizmente vou sempre continuar esperando, porque eu te amo. E isso é o que mais me preocupa.
Chega um dado momento que não importa o que o outro faça, você simplesmente não consegue esquecer as coisas ruins que a pessoa fez
Se me perguntarem qual seu prato favorito, o que mais gosta de fazer, o que mais te irrita, o que te faz feliz e até mesmo quantos sorrisos você tem para cada momento, eu saberia dizer. Mas se te perguntarem o mesmo de mim, você saberia responder ? Acho que não. Eis ai a nossa diferença, quem se importa, sabe. E sobretudo, demonstra. Mas tudo bem, eu já estou indo embora, porque já fiz tudo que podia fazer.
O maior erro foi achar que só se podia amar assim uma única vez na vida, e que a partir do momento que eu encontrasse a pessoa que supostamente seria o amor da minha vida, superaríamos tudo. Mas essa é justamente a questão, pode até ser que realmente exista amor verdadeiro, mas o que tínhamos nunca foi amor. Foi doença, sufoco, delírio. Nunca deu certo na realidade, sempre foi complicado demais para acontecer. E foi isso mesmo que aconteceu, não aconteceu .