Amanda Kviatkovski
Eu queria me libertar
Desse cárcere que é
Desejar você
Depois que tu foi
Embora daqui.
Eu queria conhecer
Novas perspectivas,
Novos rostos,
Novos gostos,
Mas eu estou tão presa
Em você e em tudo
Que eu amava com você.
Estou presa em todos
Os seus comportamentos
Abusivos e desonestos.
Queria me libertar dessa ânsia
De ficar procurando pessoas
Iguais a você para viver
Um relacionamento ruim
Novamente.
Não me arrependo
Nem um pouco de ter
Passado tanto tempo
Com você, mesmo que
Tenhamos dado errado,
Mesmo que nosso
Final tenha sido
Irresponsável
E dolorido.
Você me ensinou
Que a vida é um soco
No estômago,
Dolorido,
Que machuca,
Dilacera a carne,
Mas uma hora
Cicatriza.
Você esqueceu de me
Entregar meu certificado
De atuação.
Atuação de viver do seu
Lado sem poder ser
Eu mesma.
Tive que ressignificar
Nosso final milhares
De vezes para conseguir
Expulsar a dor do meu
Peito toda vez que eu
Me recordava de você.
(Não funcionou).
Você tinha medo de raios
E eu também, mas não te contei
E nem demonstrei medo,
Eu o enfrentei para poder
Oferecer meus braços e minha
Tranquilidade para te acalmar
Quando eles chegassem.
Eu sou pequena, mas me sentia
Grandiosa te acalmando, afinal,
Você tinha me acalmado
Tantas vezes, era o que fazíamos
Uma pela outra (eu acho).
Não tenho mais o poder
De te oferecer meus braços,
Minha tranquilidade,
Meu amor.
Hoje me sento e observo os
Raios, como se fosse apaixonada
Por eles. Desejo que um
Deles me toque para eu
Entender tudo isso.
Entender por que você sentia
Medo, por que eu sentia medo,
Por que eu me sentia grandiosa
Te acolhendo no meu abraço,
E por que você resolveu desistir
Dos meus braços?
Eu já estava quebrada demais,
Você sabia disso, mesmo assim,
Foi embora e me quebrou
Mais
Um
Pouco.
Me diga por que
Sua alma é tão covarde
Ao ponto de causar um rebuliço
Dos grandes aqui dentro
Só porque você não
Sabe como ficar
Menos perdida
Em si mesma?
Por vezes fui fraca,
E desejei ser forte,
Fui covarde,
E desejei coragem,
Fui ignorante,
E desejei conhecimento,
Lutei em guerras,
E desejei paz.
E mal sabia eu,
Que tudo o que desejava,
Já estava em mim.
Bastava apenas,
Prestar atenção.
Matei meus heróis,
Um por um,
Eles já deviam estar cansados
De me salvarem toda vez
Que eu não sabia lidar com
A vida e pedia socorro.
Matei eles e comecei a
Viver por mim mesma.
Não dependo mais de
Deuses mitológicos,
Sou a própria deusa
Da minha vida.
Será que a dor para de doer,
Ou ela cansa e vai embora?
Ou nos acostumamos
A coexistir junto com ela?
Pedi aos deuses que eu matei,
Asas para eu sobrevoar
As pessoas que fizeram eu me
Sentir menor, que arrancaram
Pedaços de mim, que me
Machucaram e não ajudaram
Na recuperação.
Quero sobrevoar seus corpos
Só para ver como elas
São pequenas, frágeis
E inócuas.
E eu, aqui de cima,
Grandiosa, incrível
E importante.
Vou subir no tronco
Da árvore que tu cortaste
E irei chamar seu nome
Para ver se você finge
Que se importa comigo.
Quero alguém leve
Que não faça bagunça
No meu peito,
Que me dê segurança
Para eu fazer minhas
Bobagens sem culpa
Por ser eu mesma.
Um dos dias mais
Felizes da minha
Semana de rotina incansável
Foi quando reagi com indiferença
Vendo você ocupar lugares que antes
Eram importantes para mim.
Estou livre do seu fantasma?
Meu coração é como
Um tronco cortado,
Arregaçado.
Com o tempo, os brotos
Vão nascendo novamente,
Cicatrizando as feridas,
Fortalecendo,
Renascendo,
Ficando
Muito
Mais
Forte.