Álvaro de Azevedo

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Sigo o sopro do caminho, do sul para o norte!
Mas a viagem termina quando o sopro se esvai, e sobra apenas o caminho.
Afinal, caminho sem trajetória é um desperdício...
É andar sem sentido nem vontade, em busca de um destino perdido.

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Aspas

Muitos falam de sentimentos, mas pouco dizem de sensações.
Quase nenhum cita conhecimento, porém todos ditam deliberações.
Alguns escrevem momentos, outros transcrevem declarações.
Mas sempre cedem os tais tormentos, em busca das mesmas soluções…

Inserida por AlvaroAzevedo

Trovoadas

Trovoadas, leves, pesadas.
Jogadas aos montes em massa, sem medo, sem dor!
Do céu, no horizonte, das nuvens, ao chão.
Trovões, relâmpagos, luz, escuridão...

Inserida por AlvaroAzevedo

Cifra


Como num simples toque, Gerando um singelo som… me encontro em meio a um breve devaneio sob as cordas de um violão.

E neste pouco tempo falando sobre o som, que o próprio vento ecoa… Forma se a melodia! Que faz se do movimento em suas mãos...

Enquanto ao desenvolvimento, a melodia mesmo que tardia, gera em forma de poesia o momento!

E cada corda em sintonia, cada nota em harmonia, diz o real motivo! O temor retraído, a saudade ao relento.

Dentre outros movimentos o dedilhar se perde… e junto a ele vem o sentimento! O entendimento mesmo que por pouco tempo.

De uma nota escondida… ouvida porém não sentida! tocada, escrita, mas nunca redigida!

E em meio a multidão que parece não prestar atenção, nada mais consigo ouvir, além do sol, do lá, do si…

A cada vibração, vem do fundo a noção! Das partes de um inteiro, separadas… esquecidas…

E em mim forma se a empatia! Em forma de utopia! Porém logo vem angústia trazida pela sua avaria…

E agora vai se esvaindo a tal melodia... Pouco a pouco, nota após nota… e das últimas cifras, reduzidas agora a cinzas... Sobram apenas as breves lembranças da sua ousadia...

Enfim o silêncio! Que mesmo ao mais alto som, se faz absoluto…

Percebo então que não estive em mim durante esses minutos...

Volto e revejo… um ambiente agitado, a mesa cheia, o barulho ao meu lado… E eu aqui! Em devaneio, ao o som do seu violão...

Inserida por AlvaroAzevedo

Pardal egocêntrico

Pálido pardal… pálido de sentido! Voa perdido, em busca de seu encontro.


Encontro esse desejado, com seu outro lado! Mais um pardal necessitado, em busca de seu legado!


Legado de pardal achado! Que não mais se vê como antes! Cada um para o seu lado, e cada lado um horizonte.


Então ali se vai mais um pardal errante! Livre por escolha, porém preso em seu semblante...


A ideia de ser como vento, ir e vir sem medo! Sem vontade, sem tormento.


Mas a fome o faz pensar, e o cansaço o faz parar… pobre pardal, não contava com o gavião…

O tempo só diz o que vontade permite!

Inserida por AlvaroAzevedo

Ao pensar sobre seus pensamentos, você simplesmente repensa, o que já havia pensado.

Inserida por AlvaroAzevedo

Utopia da realidade

Sufocado pelas páginas do livro que nunca li, estou eu aqui! Preso nesta insuportável empatia…

Que posso fazer? Como me livrar de algo que não consigo sentir nem ver?

Não posso ouvir! Porém faço a mim mesmo a tortura ensurdecedora...

Não posso ver! Mas meus olhos se rendem ao medo… as imagens das páginas viradas, e ao sofrimento do vazio.

Não posso sentir… mas minha pele arde como se queimada com fogo!

E o cheiro, doce… putrefato… destruindo minha mente e meu corpo.

Não consigo mais viver na morte, mas o que posso fazer? O livro já tem um título… uma história... como não há o que ler?

Talvez porque a mente, em sua perfeição destrutiva, sempre desejando a utopia, reflete a degradação da aceitação que não existe! E sobra apenas agonia.

Nunca houve livro, nunca houve história, porém sempre houve a mente!

Buscou tudo de mim, tirou e revirou a vida, e enquanto buscava, a doença passava... mortífera e macabra.

Sedimentou meu tato, cegou meus olhos, matou minha sede, minha fome… tapou meus ouvidos. Agora o calor dessa história já não sinto...

Sinto apenas meu pensamento, torturando minha mente e dizendo: “esse livro não existe, o que existe são sentimentos”.

Inserida por AlvaroAzevedo

Quando me dizem que eu tenho uma vida toda pela frente, eu paro e penso: como eles sabem?

Inserida por AlvaroAzevedo

Nos encontramos em um ambiente viral! Uma doença generalizada que corrompe e destrói seus hospedeiros. Aqueles que a tem não percebem, e os que não tem, não se importam.

Inserida por AlvaroAzevedo

Obra de um dia só

Sob o calor escaldante, mas um perpétuo dia de trabalho...

Ouço o som das marretas, pás, picaretas!

Todas transmitindo um som revigorante! Porém falho...

Pedra a pedra, tijolo a tijolo, formando-se a base da ambiguidade!

O medo desconstruído pela beleza, o contentamento alcançado pela inautenticidade...

Monumentos se erguem momentos, se despedem.

Massa sobre massa, naqueles que se perdem.

A tristeza se forma, mas o sorriso remedeia!

E ao entardecer, quando o expediente termina, ficam apenas as sobras, daquilo que havia de dia…

Inserida por AlvaroAzevedo

Shakspeare, em sua obra "hamlet", perguntou se em primeira instância: ser ou não ser? Eis a questão! Diria então a Shakespeare, que prefiro não ser, prefiro apenas estar, e neste estado me fazer independe do sentido. Então estou, mas não sou, nem nunca serei.

Troca de favores

Os últimos trapos, sobras de um único retalho. Costurados, costurados, fio a fio, ponto a ponto.

Por conveniência talvez, ou por descaso… substituídos! afinal, não se precisa mais de retalhos!

“O tecido é novo, o tempo é favorável, então sigamos em frente! Costurando agora linho, seda, lã… fazendo um bom trabalho!

E aquelas velhas mãos cheias de calos… porque fazê las sofrer? Coloquemos logo uma galoneira!

Que além de economizar tempo, ganhamos mais!”

Então que sigam! E deixem para trás os tais trapos de renda e cetim. Ainda há quem os queira!

Disso tenho certeza! E as mãos cansadas, também tem salvação!

Pois mesmo acabadas, sempre costuraram! E sempre costurarão!

Inserida por AlvaroAzevedo

Carta para um ser humano

Respira a dor, ser humano! Prova tua incontestável virtude perante teus atos!

Mostra que tua calma e paz, se fazem verdadeiras na prática!

Dizer a mentira é fácil! Mentir sobre a realidade é um fato!

Fato esse que todos julgam correto.

Mentir sobre a mentira, girando no eixo de si mesmo. Enganando a si mesmo, roubando de si mesmo, matando a si mesmo.

Então respira! Agora contigo está a ferida. E como arde não é?

Como dói a falta de controle da vida, e como atinge graus tão altos!

Como é ruim não conseguir se mover! Dizer o quão fácil é estar e ser, mas no fim não conseguir exercer.

Então ser humano? Prova tua benevolência! Mostra o quanto és corajoso perante a insuficiência do bem, que mesmo fraco, distorce o mal e se torna fatal.

Mas é real! O fato da fraqueza dos falsos fortes, físicos pela lógica! Porém abstratos pelo sentido!

Não sentido de ser, pois esse não existe… existe apenas o sentir, que reflete concretamente na forma de ir e vir.

Fazer ou não fazer! As prioridades da humanidade!

Sempre mais por menos, sem se importar com igualdade.

Sem sentir o medo para com suas consequências, gerando cada vez mais causas, de desavenças, onde está a eloquência?

Onde estão os que respiram o ar puro de viver? Onde está a lógica de aprisionar a vida em si mesmo até o momento de morrer?

Onde está o sentido, esse falso e idolatrado de ser! Ser feliz!

Ser amado! Mas nunca ser odiado!
Pobre ser humano... tão frágil

E por último, onde está você? Que a todo momento vive em busca do prazer?

Momentâneo ou não, seja qual for, a busca pelo futuro interminável se reflete em terror.

O medo de estar imperfeito a semelhança geral! De não ser aceito como ser pensante, pelo padrão social.

Apenas como coadjuvante, que segue o caminho do caos.

Então a todos os seres humanos que respiram neste momento, peço um segundo de atenção!

Enquanto respiram tenham em mente que o mundo gira, a vida começa e termina e a morte predomina.

Inserida por AlvaroAzevedo

O homem fez de seu deus sua bengala... seu suporte, seu motivo, sua ação! O que é o homem então? Um fantoche do medo? Ou um prisioneiro da necessidade?

Sou tão louco como Nietzsche! Tão pessimista quanto Schopenhauer, empírico tanto quanto Locke foi um dia! Mas acima de tudo sou humano, como todos foram, e como todos serão

O homem é o único ser racional! Porém, utiliza de sua racionalidade, para ser irracional...

No fim eu me preocupo! Não por mim, pois em mim não há mais quase nada! Me preocupo com quem eu amo, por que eles são o que sobrou de mim!

Digo e redijo aos caros senhores... Tomem conta do mundo! Pois o mundo não tomará conta de vocês!

Inserida por AlvaroAzevedo

Então que se vá a última melodia com o vento!
Que se mostre imparcial a cada momento!
Porém que seja firme, e em bom tom, para que se tenha entendimento...

Inserida por AlvaroAzevedo

Pobre burro… não conseguia mais mover-se, estava exausto! Quanta carga já havia trazido e levado? Seu montador, dono do chicote, desceu então da montaria! Olhou para o pobre burro, e perguntou-lhe:
-Porque parou? Ainda não chegamos! Temos muito pela frente, seu trabalho é andar! E fazer da carga sua vontade!
Mas o burro não obedecia… como poderia? Cansado e faminto a dias… Seu montador então desistiu!
-Se não tens capacidade para completar a caminhada, não tens então porque continuar vivo!
De longe ouviu-se o som do sacrifício. O chicote e a carga, agora eram somente lembranças da insistência do animal! Mas assim foi, e melhor foi...

Inserida por AlvaroAzevedo

Todos adoram falar sobre penalizações, leis, julgamentos! Mas seria eloquente, se os mesmos que vos falam, agissem com tal concordância!

Inserida por AlvaroAzevedo

Para os bons, mesmo que sejam poucos… a morte é o último alívio! O refúgio de um mundo de loucos…

Inserida por AlvaroAzevedo

A inexistência de algo é dita como sua ausência! Mas o fato de ter a ausência desse algo, existe!

Inserida por AlvaroAzevedo

Liberdade não é uma conquista, é uma essência! Não se pode, de forma concreta, alcançar a abstração da liberdade, assim como também não se pode, de forma abstrata, ser livre.

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