Biografia de Álvares de Azevedo

Álvares de Azevedo

Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831 - 1852) foi um romancista, dramaturgo e poeta brasileiro, nascido em São Paulo. É muito conhecido pela sua obra "Noite na Taverna".

Destaca-se, logo nos primeiros anos, como excepcional estudante, então é transferido para o internato Pedro II, onde é aluno de Domigos José Gonçalves de Magalhães, que ministrava Filosofia. Nesse mesmo colégio, termina o bacharelado em letras.

No ano de 1848 ingressa na faculdade de direito de São Paulo, e no ano seguinte faz um discurso em comemoração a criação dos cursos jurídicos no Brasil. Em 1850, discursa em comemoração da criação da sociedade Ensaio Filosófico e ainda elabora um jornal literário, mas que não chega a ser realizado.

Dois anos mais tarde, sofre um acidente que resulta em um tumor, morrendo em 25 de abril do mesmo ano. Seu único livro, Lira dos Vinte Anos, é publicado somente em 1853. Todas as suas obras foram publicadas postumamente.

Publicações:

Lira dos Vinte Anos;

Poesias Diversas;

O Poema do Frade;

O Conde Lopo;

Macário;

Noite na Taverna;

Livro de Fra Gondicário;

Discursos / Cartas.

Acervo: 47 frases e pensamentos de Álvares de Azevedo.

Frases e Pensamentos de Álvares de Azevedo

Amor

Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

LEMBRANÇAS DE MORRER

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade - é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas.
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei. que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores.
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo.
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

SE EU MORRESSE AMANHÃ

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

Invejo as flores que murchando morrem,
E as aves que desmaiam-se cantando
E expiram sem sofrer...

Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há-de matar!