Allan Percy
Somos responsáveis pela maioria das coisas que nos acontecem, ainda que frequentemente ponhamos a culpa em outras pessoas por aquilo que não dá certo.
Aprender significa ser livre para escolher e também para errar. Se nos guiarmos por uma autoridade – um guru, um partido político, um time, qualquer instância externa a nós –, não aprenderemos nada. Seremos doutrinados, nos tornaremos meros repetidores daquilo que ouvimos. Podemos até chegar a ser eruditos, mas continuaremos incapazes de aprender.
Quando nos sentimos perdidos em um mar de dúvidas e inseguranças, o problema pode estar em fazermos as perguntas erradas.
Mesmo nas mais graves situações, temos a possibilidade de não nos deixar levar e manter intacta nossa dignidade e nossa liberdade interior.
Da importância do Crer:
Se confiarmos em nossos próprios recursos e na existência em si poderemos viver com sentido e realização.
Libertar-se. É soltar o lastro de tudo aquilo de que não necessitamos para existir, prescindir das correntes que não se baseiam no afeto ou na cooperação, superar o vício da opinião dos outros.
O ser indestrutível. O que habita em nós e não se pode destruir? Talvez a resposta se encontre no provérbio indiano que diz: “Só possuímos aquilo que não se pode perder em um naufrágio.”
Ser. É o mais importante de tudo, já que a vida é um relâmpago entre as trevas que nos precederam e as que se seguirão a nós. Devemos aproveitar nosso momento de luz.
A hesitação nos permite descobrir coisas que se encontram à beira da estrada e que talvez sejam mais importantes que a via principal.
A incerteza nos obriga a abrir os olhos e os demais sentidos, o que nos faz parar de avançar às cegas ou movidos pela inércia ou pela apatia.
Não saber para onde estamos indo é um incentivo à criatividade, que necessita de espaços vazios e de possibilidades abertas para moldar-se.
Para o marinheiro, há algo mais perigoso do que o canto da sereia. O silêncio é pior para aquele que conhece demasiadamente bem o caminho, já que seu rumo se torna previsível e ele pode dormir, fazendo o navio encalhar.
Não precisamos ser medrosos, claro, mas devemos saber que o medo é uma defesa que nos mantém a salvo das possíveis agressões do mundo que nos cerca. Ou seja: o medo nos informa. Por isso, temos que aprender com ele e nos manter no ponto de equilíbrio entre a coragem e a prudência.
Troque as correntes que lhe dão segurança por uma livre caminhada lado a lado, somando cada instinto e cada perspectiva.
Desfrutamos melhor a montanha-russa da existência quando entendemos que as subidas e descidas fazem parte do jogo.
O que o mito de Cronos ou Saturno nos ensina? - o tempo nos devora, e por isso devemos aproveitá-lo ao máximo. Cada ação valiosa que realizamos no dia a dia é uma pedra na boca do velho deus, pois o tempo só passa inutilmente para aqueles que querem perdê-lo.
A tristeza aumenta nossa capacidade de empatia, já que nos deixa mais solidários com os que estão passando por um momento difícil como o nosso.
A tristeza faz com que amemos mais aquilo que perdemos, e, portanto, multiplica nossa sensibilidade.
A tristeza nos aproxima das pessoas que nos cercam, pois quando estamos tristes resistimos menos a pedir ajuda e nos tornamos mais gratos.
Desde que não se prolongue demais e não nos leve à autocomiseração, uma dose de tristeza é bem-vinda.
O fogo ainda não está presente, mas a simples perspectiva de encontrá-lo pressupõe um calor para a alma, pois o brilho daquilo que vamos buscar nos guia.
Quando elaboramos projetos que dão sentido à nossa vida, o mero fato de evocá-los com o pensamento já nos remete à chama que dissipa o frio e as trevas de qualquer dificuldade.