Allan Barros
Silêncio
No silêncio é que sinto
o quanto é fria a solidão,
o quanto é forte o pensar,
o poder de uma oração
No silêncio é que o caos se apresenta,
a paz se ausenta,
a dor se acalenta
e a poeira se assenta
O silêncio não é, pois, a ausência do barulho
porém, o barulho ensimesmado
é o ruído do nada, o eco da verdade
O silêncio é a voz da possibilidade.
"Na alegria ou na tristeza, na bondade ou malvadeza é que todos, sem exceção, mostram sua natureza."
" A lealdade e a fidelidade são irmãs gêmeas. À primeira, atribuímos o poder da verdade; à segunda, sugerimos a melhor das intenções. Mas, saibamos, sempre, que nem todas as intenções são verdadeiras."
" Nada melhor que um dia após o outro. A princípio, tudo parece confuso e doloroso, depois, com um tempo milagroso, tudo se revela. A verdade vem à tona, as profecias se realizam. Nada é mais certo que prever a natureza humana se realizando."
Vestígios
Nenhum amor me foi tão leal e belo
quanto o que recusei
e, se recusei, o fiz por medo,
por não estar à sua altura.
Recusei por não ser capaz de senti-lo
plenamente e completamente
nem cumprir sua eternidade
involuntária e frequente
Arrepender-me é o que me resta.
Lembrar-me de tal amor,
minha felicidade
Seus vestígios
são duas flores secas
testemunhas do amor primeiro
Sua infinitude
minha cumplicidade
e a lealdade que me pertence.
Não surpreende mais a intolerância institucionalizada. Neste momento, até os intolerados serão estupidamente intolerantes.
"É impossível saber a verdade mesma de um fato, porém, os fatos mesmos possuem seus autores de verdade."
Mudar hábitos não é simplesmente trocar uma situação por outra. A reformulação dos hábitos passa por uma revolução interna, dura e radical que requer suportar as consequências mais desagradáveis. Uma mudança pode trazer benefícios, mas, antes de tudo, gera o desconforto da imprevisibilidade.
Soneto do primogênito
Sua pele clara
suave e macia
seus olhos castanhos marcantes
feito a luz do dia.
Você trouxe a doçura
dos meus antepassados,
a virtude dos bons meninos
e a beleza dos ferozes felinos.
Teu sorriso é a reluzente e fria aurora,
que em minha vida,
é o amor de outrora,
de antes, de sempre e de agora.
Os limites do tempo (falemos de tacocracia)
Se eu te convidares
a enxergar os limites
do teu mundo,
aceitarás o desafio?
Quais são os limites do teu mundo?
cercas, muros ou fronteiras?
Ou os limites do teu mundo seria algo mais simples,
Um relógio caro que marca segundo por segundo.
Seria o limite uma parede?
ou ficar ilhado no trânsito?
Correr na esteira aprisionado numa academia?
ou passar um longo tempo no escuro?
O ato de partir
Quando eu partir,
não adianta acenar,
não adianta chorar,
não adianta sorrir.
É partida definitiva
destas que são de uma vez por todas.
sem voltas, sem retornos,
uma passagem só de ida.
Quando eu partir (e, sim, eu partirei),
não seja maledicente,
nem bajulador,
muito menos inconsequente.
Porque toda partida é violenta.
como o fogo que consome a mata,
como a força impetuosa do vento,
como a necessidade da verdade num argumento.
Ainda os limites...
E se a pergunta fosse:
quais os limites do teu eu?
um ego extravagante e inseguro?
uma alma superficial e volátil?
um cartão de crédito ilimitado?
ou uma apólice de seguro?
Quais os limites do seu tempo?
uma jóia cara?
uma hora para o almoço?
as lembranças de quando era moço?
Ou ir ao trabalho de carro?