Aline Stechitti
Em um mundo de homens secos e mulheres vazias, só nos resta sobreviver às lavagens cerebrais que tentam nos impedir de nadar contra a corrente.
O jovem que grita e suplica um pouco de verdade, mora dentro de nós, e em alguns momentos parece quebrar nossos ossos em busca de liberdade.
Eu tenho medo, tenho fome, tenho erros, tenho acertos e nenhum rumo aparente, só a certeza de que um dia tudo isso irá terminar.
Ser espremido entre os gigantes me faz perceber que seus pés diferentes de suas cabeças se encontram no mesmo chão que eu.
Algum dia teremos de aceitar que não temos superioridades, que não sabemos do universo e que não temos tantos méritos na terra como cremos ter.
Mania da gente de tentar algo maior, mania de viver no limite ou no vácuo, delícia de deixar-se levar no terror do destino.
Há um grito sem força dentro dos homens, a impossibilidade de mudar o mundo que está na impossibilidade de mudar a si próprio.
Sei que não sou mais que mera sombra nesse mundo dilacerado, mas sob mim repousa firme a luz da irreverencia.
Adoro essa sensação louca que em plena tarde me faz sentir a vida me reconstituindo e apagando toda e qualquer complicação.
Noite magica de amores puros e calmos, noite de passado retornando, noite de paz e de musica, razões da minha vida adormeçam-me...
Um dia eu fujo daqui, meu lugar não é aqui, tá apertado demais, não dá para respirar, esse corpo não me permite voar...
Ás vezes tenho atitudes de quem não cresceu, outras de quem já envelheceu, e aí me divirto e choro como quem nunca viveu.