Aline Guimaraes
Pessoas manipuladoras vão acrescentar sutilmente cargas de peso à sua consciência até que você se curve.
Ou você se livra. Ou você se dobra.
De repente a gente “acorda” e perde a admiração por um monte de gente.
De repente você percebe que aquela pessoa que admirava tanto não é tão decente.
O que os outros costumavam dizer começa a fazer sentido, porque finalmente seus olhos estão se abrindo.
E você tinha atitudes, criava hábitos, ouvia músicas que nem gostava para chamar a atenção de alguém que nem se importava.
Às vezes a gente se fixa tanto no que essa pessoa significa que nos culpamos inclusive quando a avaliamos mal.
Então isso vira uma bola de neve. Ou uma bola de vacilos.
Perder esse olhar por algumas pessoas geralmente não acontece por conta de pequenas falhas que todos cometem.
Acontece por constantes e grandes falhas. Você descobre que o que mata a admiração não é o convívio, nem essas pequenas falhas de seres errantes - aquele clichê - O que mata é a falta de consideração, a falta de respeito, a falta de empatia, a deslealdade... E você se dá conta de que não precisa daquela pessoa. De que ela existe e você a respeita...
Porque o respeito pode até ficar, mas admiração já é demais.
As pessoas mentem o tempo inteiro.
Algumas mentem por vício.
Há também quem minta por vaidade.
Há os que mentem por privacidade.
Outras por maldade...
E algumas mentem por misericórdia.
Usar a fraqueza de alguém contra a própria pessoa é uma maneira cruel de torturar sem deixar marcas físicas.
Quando uma pessoa responde a algo simples com tom de agressividade, a outra recebe como um ataque e ataca em retorno.
O que era uma faísca se torna um incêndio.
As vítimas se calam porque a humanidade tende ao comportamento pútrido de acreditar no opressor e não no oprimido. Principalmente quando a vítima é uma mulher.
É um grande equívoco acreditar naquele sentimento implícito que faz você pensar “isso nunca aconteceria comigo.”
A escravidão foi abolida, mas a covardia não. Há uma grande e gritante massa que ainda se acha superior por conta do tom da sua pele.
A coragem é socialmente atribuída ao homem. Mas são as mulheres que mais têm enfrentamentos sociais.
O preconceito que se aplica sobre a vida de alguém emerge de um ego que acredita na superioridade de seu próprio modo de vida.
Ego tem de sobra. Falta empatia. Se pôr no lugar do outro pra entender porque na mesma situação alguém chora enquanto você ri... Falta compaixão pra deixar de lado a indiferença e acolher quem sente diferente.
Se você é influente em seu meio as pessoas o cercarão. Se um dia essa influência for perdida a maioria dessas pessoas irá desaparecer.
Muitos desistem de um sonho sem sequer dar os primeiros passos para tentar realizá-lo. Seja a pessoa que insiste!
Crueldade não se trata apenas de violência física. Trata-se também de violência emocional.
Por essa razão existe muito mais gente cruel do que julgamos existir.
A pressa convidou a ansiedade para dançar e juntas elas causaram pânico.
A ansiedade não se reduz a definição de uma pessoa que não consegue esperar por algo.
O que ela traz quando excessiva, é uma bagagem pesada, cheia de artefatos... Insegurança, preocupação com situações fora de alcance, pensamento acelerado, angústia... muita angústia.
Uma mente tomada pela ansiedade sofre com suposições, com a previsão de situações que talvez jamais existam. Elas estão num futuro inventado e a ansiedade chama pelo futuro. Ela pisa na beirada do abismo e grita por seu nome. Mas o futuro nem sabe que ela existe.
Não a escuta, não lhe adianta nada.
Às vezes ela vem por uma razão, outras ela apenas aparece sem aviso, com essa bagagem enorme, sem pedir permissão.
Há momentos em que ela surge como um animal matreiro, que pula de galho em galho, que forja uma dança que faz a mente parecer estar em festa. Mas de tanto acelerar a mente o corpo paralisa. E se ela libera o corpo ele treme, palpita, chora, a partir daí, instaura-se o pânico.
As pessoas não se entendem. Elas não se conhecem e por isso não se interessam pelo que os outros sentem.
(Trecho do livro TOC, a dor invisível)