Alfredo Bochi Brum

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⁠POR UM FIO
Cá no sul está frio
E na pele arrepio
Sentimento vazio
Sem falar nem um pio
O sossego anda esguio
Busca forças bravio
Desancora o navio
Mundo a fora no rio.

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⁠LENHA NA FOGUEIRA
“Deixou” de estar ao lado
Ver o “amigo” falado
Avil ao maltratado
Deu lenha ao incendiado
Junto a seus predicados
Cruel assim julgado
Que ardeu ali calado
Tal o Crucificado
Silêncio Iluminado
Com Ele Unificado.

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⁠SURPREENDE
O verdadeiro homem entende
Que pela vaidade não se prende
Aquele que muito se defende
É comum que ao outro recomende
E talvez nem a si próprio emende
Muita Força e Luz pra quem aprende
É no silêncio que bem se empreende
Evolução que ao vulgo transcende.

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⁠SUA"SUMA"
Tu és como fina bruma
Perspicácia que é só uma
Quando a vida está lubuna
Com alegria tudo arruma
Teu dom aplaina e apruma
Simples é a tua "suma"
Grande mestre Suassuna.

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⁠CENTELHA JOANINA
De onde vindes São João?
Pouco importa a região
Pelas águas do Jordão
Lá se viu um João Batista
No solstício de verão
Outro era Evangelista
Qual será o seu mister?
A do São João Esmoler?
Predisposto em auxiliar
Peregrinos do buscar
Qualquer deles é São João
Sejam Todos combustível
À chama do coração!

⁠EXÍCIO DIÁRIO
Pode alguém dizer que é sorte
Pra que se tenha boa morte
Buscando vida em próprio corte
Lasca o vício em deporte
Não é finito nesse norte
E onde quer que se aporte
Algum exemplo te reporte.

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⁠HOMEOPATIA
Deserta via árida
Aqui me sinto um pária
Aos imensos pecados
Vai-se um rastro de mágoas
E a vida sem nódoas
Como um paiol sem pólvora
Ao fraco apavora
Ao forte lhe devora
Mas ali sem demora
Lição doída agora
Remédio pra aurora!

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⁠LÁ TEJO
Queria ter um lampejo
Te emprestar o que eu vejo
Sonho de mãe pelo Tejo
Nas correntes meu desejo
Nesse corpo em desapego
Rumo ao mar e ao sossego.

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⁠CONFUSORÁRIO
Quando resolvi ir embora
Até o tempo avançou hora
Pra compensar minha demora
Seguindo assim estrada afora
Renovação em cada aurora.

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⁠ORELHA EM PÉ
Hoje em pé está a orelha
Fiquei mais perto das estrelas
Não sei voar como as abelhas
Estou nas asas da Centelha
Incinerando "nóias" velhas
Deixando a vida mais parelha
E embarcando as coisas belas.

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⁠ANDARILHO
Enquanto aqui o sol se esconde
Em algum lugar não sei onde
Já vai estar cruzando um bonde
Alguém pergunta e tu respondes
Juntos onde quer que se ande!

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⁠AQUILO QUE PRANTO
Quanto mais eu avanço
Menores são meus ranços
Cá dentro do meu rancho
Saudades eu arranjo
A vida é um gancho
Certa como carancho
Lá pelo Campo Santo
Alegre seja o pranto!

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⁠CONDESCENDÊNCIA
No ímpeto efervescência
No caráter a transparência
Temperado pela experiência
Com uma dose de paciência
Vai em busca da eficiência
Faz prática beneficência
E suplica alguma indulgência
Belas sejam reminiscências
Lá no portal da transcendência.

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⁠BAGAGEM
Em algum revôo sobre o Oceano
Num bater de asas do pensamento
Lá se vão os dias e também os anos
E mais se aproxima o firmamento
Ficam os sonhos e ficam os planos
Que as atitudes em algum momento
Possam realizar o que almejamos.

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⁠SUSPENSO
Hoje estou propenso
Pra algo mais denso
E por isso eu penso
Melhor o silêncio.

⁠AFEGANISTÃO
Afe! Gana! Estão!
A"Cabul" irmão!
Mãos pro céu em vão!
Dor que perde o chão!
Mundo em compaixão!

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⁠PESOS E MEDIDAS
Por vezes a gente não olha
Todo dia é dia de escolha
Que não germina dentro da bolha
Quebrar o casco, dar-lhe uma trolha
Cuidar a semente que se molha
Sorver um vinho sacar a rolha
Viver mais leve como uma folha.

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⁠A felicidade não é um ponto de chegada senão a própria caminhada, desimportando algum tropeço com toda beleza de seu aprendizado.

⁠VI VINHO
Por aqui caminho
Bem perto do Minho
Na alma carinho
Distante do ninho
Num gole de vinho
Me sinto novinho
Vivinho vivinho!!!

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⁠SALTO ALTO
Assim tomado de assalto
Num Oceano em sobressalto
Zarpando longe e incauto
Junto aos anjos em novo palco
E para cima diz o arauto
Rogando que nenhum percalço
Impeça o amor voar mais alto.

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ENCONTRO
Sejá lá aquilo que aprontas
Respeito às ideias do contra
É uma versão que desmonta
E que ninguém fique de ponta
Impondo sentença à outra
Cada um em seu faz-de-conta
Desprendido que não se espanta
Diverge do que não lhe encanta
Dialoga mas não afronta
Visão onde o outro se encontra!

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⁠FORA DO BARALHO
Por vezes sei que falho
Mas qual seria o galho?
Da vida o atrapalho
Preciso dar um talho
Com a força do malho
E com muito trabalho
Com cabelo grisalho
Vou rasgando o baralho
Coração agasalho
Aguardando o orvalho.

⁠MATURADO
Ando assim ancorado
Me sentindo parado
E a vida ao meu lado
Me vai dando recado
Não ficar preocupado
Nesse tempo poupado
Um amor maturado
Haverá ter chegado!

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⁠ANDANÇAS
Piá que não se cansa
De ter esperança
Além da distância
Num gosto de infância
Saudosa importância
Da terra abundância
Trabalho constância
Divina fragrância
E nessas andanças
Na alma a pujança.

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⁠PENDÊNCIA
A ti amada Querência
Terra que é referência
Razão para a existência
Para os que têm incumbência
De não deixar a influência
De nenhuma conveniência
Desimporta a contingência
Que possa estar na iminência
Tudo terá consequência
Há que se ter coerência
Mas não é na conivência
A luta de independência.

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