Alfredo Bochi Brum

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⁠CAL"MARIA"
À espera da bonança
Uma hora a gente dança
Logo adiante também cansa
E o que sobra é a mudança.

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⁠SONHOS BANAIS
Em meio a tantos sonhos iguais
Contando à espera de um milagre
Ficam senis e tão banais
Que nem uma porta se abre.

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⁠VENDAVAL
No peito um vendaval
Pronto pra içar as velas
Melhor segurar a nau
Do que ao mar lançá-las.

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⁠INVASÃO
Meio assim sem alarde
Em um final de tarde
Bem antes que o céu parde
Alguma luz resguarde
Brilhando paz que invade.

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⁠TERRA DE EGOS
Na visão olho por olho
Creio todos ficam cegos
Trancados com ferrolho
E aplainar os egos
É lição que eu recolho.

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⁠INTERDITO
Mas que tamanha confusão
Negando a própria natureza
Vida atentada no conflito
Será um novo armagedom?
Faz-se preciso mais leveza
Maniqueísmo interdito.

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⁠MUSICISTA
Tantos estampidos
Harmonia envido
Assim não revido
É assim que vivo
Problema solvido
Com amor provido
Música ao ouvido.

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⁠JABUTICABA
Mas é preciso entender
Quando a busca vira em nada
O tempo amadurecer
Tal qual a jabuticaba.

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⁠EXCESSO
Perdoe algum excesso
Por vezes eu não meço
Nem sei o que mereço
Por vezes eu tropeço
E comigo eu converso
Descarrego em meus versos.

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⁠TEMPOS RELEGADOS
De onde vem essa mania
Que depois de uma ruptura
A vida fica vazia
Relegar toda a ternura
Que esculpiu a alegria
Não precisa ser tão dura
No passado e na porfia!

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⁠Rumores

Realmente nem tudo são flores
Cuidar os problemas recorrentes
Toda doença tem suas dores
Não se basta o jogo do contente
Em labirintos e corredores
Um bom propósito ter em mente
Com a firmeza dos estentores
Como música e marcha em frente
Sem dar ouvidos a outros rumores.

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⁠ENGENHARIA
Nunca foi perda de tempo
Melhor conselheiro o exemplo
Engenheiro do teu templo
Só palavras não aguento.

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⁠ALMA VIVA
E depois de tanto fervor
Vem uma estranha tendência
De crítica destrutiva
O que se vestiu de amor
Foi despido em transparência
Não sobrou uma alma viva.

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⁠LUZ DO ESPONTÂNEO
Encantadora magia
Já foi pandeiro de prata
Nos versos de um conterrâneo
Faz cessar esta afagia
Lua que a ideia recata
Traz tua luz ao espontâneo.

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⁠NOVA DIREÇÃO
Desacomodar a atitude
Enfrentar o que está errado
E sair dessa contramão
Homeopatia pra inquietude
Amparar o desam"parado"
Pulsando em nova direção.

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⁠COM"PASSOS"
Maior parte dos meus passos
Já ficaram no passado
Manter o melhor compasso
Para um Ser mais sossegado
Não se entregar ao cansaço
Nem viver desesperado
Porque o tempo resta escasso.

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⁠QUEBRA-CABEÇAS
Vêm horas que o tempo não passa
E noutras tantas ele voa
Feliz ou triste ele arrasta
Quebra-cabeças vida à toa
Em cada etapa peça engasta
Que te molde melhor pessoa!

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⁠MARCAS DO QUE SE FOI
Enfim, vim até onde pude
Mas chega um ponto em que a saúde
Te faz lembrar da finitude
Combate diário da inquietude
Sem esperar que o tempo mude
Legado em marcas de atitude.

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⁠DESPERTAR
Essa angústia anda medonha
Carregando muitos medos
Rouba o descanso a insônia
Urge um despertar bem cedo
Alma anda meio acrimônia
Precisando de mais credo.

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⁠COLHEITA
Qual o tamanho do espanto?
Esperavas um homem santo?
E o que tem por trás do seu manto?
Muito pecado e pouco pranto!
E assim acaba o seu encanto!
Pois todos colhem o que plantam!

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⁠CATACUMBA
Há uma dor tão profunda
Que a escuridão inunda
Mais baixo mais afunda
Vai dobrando a corcunda
A má fase retumba
Na esperança fecunda
Saia da catacumba!

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⁠ESCOTILHAS
Quando você parece uma ilha
Isolado de todo contexto
Tentando fugir das armadilhas
Discutir em vão eu não me presto
Submarino sem escotilha
Qualquer norte será um regresso.

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⁠ENTÃO É NATAL
Me faça um obséquio
Antes de pegar as taças
Em reluzentes presépios
Invoque a Ele mil graças!

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⁠POR UM FIO
Mais um ano findou
Algo de bom ficou
No rastro aprendizado
Norte a ser enfrentado
Com novo desafio
E a vida por um fio!

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⁠NOTÍVAGO
Não nasci pra ser notívago
Nas penumbras armadilhas
Por mais clareza de Sol
Que é verdadeiro Mago
Com sua firmeza de quilha
Cortina da noite apago.

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