Alexandre Machado dos Santos
A maior guerra não está lá fora, está dentro de nós. Se permitirmos, nosso ego trava uma batalha eterna com nossa felicidade. As pessoas não entendem que pra ser humilde, é preciso se humilhar algumas vezes. Ninguém com ego grande demais consegue manter seus amigos, o zelo da família ou relacionamentos amorosos sadios; muito menos seu próprio sorriso.
Felicidade é saber lidar com suas desventuras, não porque se agrada de tudo, mas porque saber esperar da vida novas aventuras.
A paciência já havia se esgotado de minh'alma, mas eu não estava vazio: havia dor e rancor. Sentimentos que digladiaram minha felicidade, ou talvez uma ilusão que se assemelhava à verdadeira felicidade.
Alguns acreditam que ser feliz é questão de escolha. Para alguns pode até ser, mas pra maioria não. As pessoas não escolhem carregar as mágoas de suas vidas fúteis, se preparando para entrar numa vala.
Não é preciso muito para abalar um derrotado, basta um pouco de ego alheio exaltado perante à presença do infeliz, combinado com um pouco de lembranças vagas de um passado doloroso.
Admirava os velhos porque sempre tinham o conhecimento específico sobre alguma coisa: comidas, plantas, televisão, violência doméstica, bebidas, etc. Eu sabia que, possivelmente, eu nunca chegaria a velhice, nunca seria visto da mesma forma, talvez não chegasse nem à meia idade.
Pensamento é um pulso elétrico estranho, que nos faz superiores à outros animais, mas tem o poder de nos sabotar, escravizar e matar. A linha tênue entre o pensar e o lembrar, faz de nosso cérebro um mártir. Seria bom se a vida fosse literalmente um sonho... Passar meus dias numa maca, mas sonhando, ao invés de abrir meus olhos na mesma merda e chorar sempre pelos mesmos motivos.
A cama finalmente, o momento que mais ansiei nesse dia horrendo. O quarto amplamente escuro, exceto pela fresta de luz que adentrava a janela. Senti saudades dela, mas logo passou, graças as minhas mazelas.
Bela por dentro e por fora, mas imperfeita como todo o resto. Ela era uma atriz consagrada no teatro da vida, mas olhando minuciosamente, era possível ver os erros de interpretação.
Sentava naquele banco e esperava as horas passarem, a vida passar perante meus olhos coloridos e melancólicos. Algumas pessoas o observavam, como se fosse alguém que fizesse efeito no mundo. Enquanto ele não queria observar as pessoas, mas pensar nos seus atos, e em algum ato alheio que pudera influir em sua vida.
O sofrimento cansa, não se chora toda hora. O sorriso cansa, não se ri toda hora. A monotonia cansa, a agitação também. A gente cansa de cansar, cansa da esperança quando nunca alcança. A alma que cansa, agora descansa.
O dia clareia, mas a noite tira seu brilho. A lua não substitui o brilho ofuscante do sol; a lua não aquece, mas também não queima. Variados pontos de vista, variados gostos, e uma certeza... nada mais doloroso do que não apreciar mais nada disso tendo sangue em suas veias.
Me cansei de ver estrelas cadentes, lua cheia, eclipses. Deitava no chão e olhava para o céu pensando: Que tal um meteoro?
Não existe um destino preconcebido. É escolha nossa, forçada ou não pela vivência, que nosso destino esteja num sorriso, numa bebida, numa religião, num livro, numa arma, num calmante, num choro; e seria bonito que esse, por sua vez, fosse de alegria.
Nossa vida às vezes parece tão falsa quanto um programa de comédia na tv, com um riso programado, mesmo nas situações mais degradantes. Não é questão de falsidade, quando rimos sozinhos, enquanto a mente nos desgasta.
Quanto mais exausto você estiver, menor será seu entendimento, e maior será o seu ego. O ego não é um pódio, mas sim uma escada apodrecida construída pela sua alienação.
Acredito que qualquer escritor só faz sucesso quando começa a escrever um pouco de tristeza, mesmo que seja um rascunho para melhorar sua expressão.
Quando não entendemos algo, culpamos o outro por falar algo sem sentido. Só entendemos algo através de conhecimentos adquiridos, pressupõe-se que não podemos interpretar sem o conhecimento prévio daquilo que tentamos entender, ou de algo semelhante. Fingimos não precisar do passado, mas só agimos como agimos pelos conhecimentos que adquirimos, agindo de acordo com o futuro que pretendemos, racionalmente ou não.
Quando alguém destila veneno em mim através das palavras, observo friamente os motivos, penso na maneira que tal pessoa foi criada, nas dores que já deve ter passado nessa vida. Pensando assim, não enxergo tanto o ignorante, mas penso em todo o seu processo de formação, até dizer tais palavras. Espero que eu consiga ser mais sábio com as palavras, e assim, um dia não serei tão ignorante, tanto como sou agora.
Não preciso parecer um sábio para todos, prefiro parecer um mentecapto. Preciso ser admirado por quem admiro, esse sim é um desafio; ser enxergado além da pele, ter uma psique compreendida por quem eu mais quero por perto.