alessandro de azevedo moreira

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Even if you are thumbs down, feeling yourself,fuming and cliging of the hard reality, you must not forget that there is a life after the material death.

Não se pode em favor da tolerância religiosa, permitir que alguns poucos manipulem a cabeça de muitos com o discurso de representantes oficiais da divindade.

A importância de se ter um Estado Laico vai muito além da não oficialização de uma religião em especial; diz respeito a capacidade de escolha, raciocínio, isonomia e acima de tudo, cidadania.

Mais uma vez

Pode até parecer implicância e obstinação; só o que na verdade me preocupa como psicoterapeuta é os problemas que os Psicopatas causam em nossa sociedade.

Para a maioria das pessoas, é coisa de filme, seriado e um mito urbano criado para satisfazer uma parte de nossos medos e impulsos internos, que foram projetados na figura de um ser que tem àquelas características humanas desprezíveis que temos e nos esforçamos, para não demonstrar aos nossos pares ditos civilizados.

Caros leitores: eles existem! acreditem!. Suas características mais básicas são:

a) falta de empatia; ( eles fingem ter);

b) ausência de culpa ou remorso; ( eles fingem ter);

c) elevado nível de autocontrôle;

d) excelentes atores;

e) comportamento impulsivo e irresponsável;

f) ser mestres em se dar de vítimas;

g) são hábeis manipuladores;

h) desonestas e indignas de confiança;

i) não aprendem com seus erros. - não se esqueçam disso;

j) geralmente causam boa impressão.

Uma possível explicação estaria relacionada a uma parte do
cérebro destas criaturas que teria problemas de funcionamento. O instrumento mais confiável entre os especialistas, para diagnosticar a Sociopatia é o teste (PCL-R), criadoo pelo Psicólogo Robert D. Hare, da Universidade da Colúmbia Britânica. O método, inclui uma entrevista padronizada com os pacientes e o levantamento do seu histórico pessoal inclusive, dos antecedentes criminais e escolar.

Algumas pessoas confundem os psicopatas com os Serial Killers. Os últimos apresentam características dos primeiros o que não significa que o contrário seja verdade. A grande maioria dos psicopatas não é violenta. Quando compreendemos melhor o funcionamento dos psicopatas nos proporcionará um método de nos defender deles constituindo-se desta maneira, uma tarefa de importância vital para a sociedades em geral uma vez que a psicopatia esta presente também nas civilizações orientais.

O perfil atual de nossa sociedade consumista e autocentrada em desrespeito aos valores cristãos, fomenta a atuação destes vampiros sociais com maior tranquilidade, uma vez que eles passariam por indivíduos que têm apenas um senso de ambição mais elevado.

O caminho de Damasco

È famoso o relato bíblico aonde Saulo o judeu piedoso e tenaz tem o seu primeiro e significativo encontro com Jesus. Sua vida posteriormente muda de modo radical ao ponto de anos mais tarde, se transformar no primeiro teólogo sistemático do cristianismo.

È fato curioso e de intensos debates a conversão de Saulo. Eu me questionei por diversas vezes, se o encontro real causava uma metanóia instantânea com consequências imediatas, traduzidas em ações vistas no cotidiano da nova criatura uma vez que verdade cristã não permitiria voltar ao status quanto antes.

Tal constatação escapa a esfera do racional e pragmático. Este encontro é de natureza sobrenatural e de caráter particular e que necessariamente traz mudanças que para uns como Paulo, demoram mais tempo a se manifestarem - 13 anos – uma vez que se abster do antigo, das velhas práticas e crenças não é tarefa das mais fáceis, sendo na prática, uma batalha diária sem nos afastarmos com o éticos social que nos circunda.

Um grande problema que é muito fácil de ser observado hodiernamente é a adulteração da práxis cristã inserida na guerra entre as Igrejas cristãs. É lamentável a postura de alguns Padres

e Pastores tentando desesperadamente atingir mais e mais pessoas com receitas prontas de felicidade maquiadas pela doutrina do ganho rápido das graças, por intermédio da maior quantidade de contribuições que oferecem a Igreja e sem falar, em alguns líderes que induzem os fiéis a servirem não a Jesus em primeiro plano, mas aos seus pastores até no tocante a bens materiais. Recentemente assistindo na televisão um programa evangélico, vi de um destes supostos líderes, a seguinte interrogação: “O que vocês têm dado ao Pastor de sua Igreja ultimamente”?

Devemos aprender que se deve ver o diferente apenas como tal e não como inferior e necessariamente desprezível. No que é mais importante, todas as Igrejas deveriam concordar: Jesus é o reinado de Deus em ação; ele é o único caminho ao Pai.

Não se pode querer aprisionar Deus em uma única Igreja. O mais importante é localizar se ainda não tivermos encontrado, o nosso caminho para damasco, para que seguindo os passos de Jesus, nos tornemos, mais misericordiosos e a procura de santidade diária, que só irá se manifestar quando nos tornarmos livres das amarras sedimentadas em ideologias humanas afastadas do viés cristão verdadeiro.

O que é realmente a verdade? ora, não passa daquilo que o teu ethos cultural condicionou como tal.

Chi cosa é l'uomo? ma un pezzo di esistenza con la volontà di superare a se stesso nella ricerca di diventare Dio.

JUSTIÇA PARA QUEM PRECISA DE JUSTIÇA

Acesso à justiça de maneira comumente entendida, lato sensu, pressupõe a realização de um direito primordialmente vinculado aos direitos humanos, civis, políticos e sociais na construção do ideário justo e necessariamente em conexão ao acesso ao judiciário.
Quando se pensa na questão do vocábulo justiça para todos de fato e de direito, é mister, que se busque um paradigma teórico que direcione a questão a patamares mais densos que coadunem com o Estado Democrático de Direito com bases reais na Constituição de Weimar de 1919 que traz em seu bojo o viés da dimensão dos direitos humanos.
José Thomaz Nabuco de Araújo, pai do abolicionista Joaquim Nabuco, foi além de estadista um jurista de grande envergadura, presidiu a IAB – Instituto dos Advogados do Brasil que posteriormente se tornaria a OAB, dizia em seus discursos na defesa da justiça aos menos favorecidos: “Se não se pode tudo, faz-se o que é possível. No estado atual da nossa legislação, e atendendo às despesas que uma demanda custa, pode-se dizer, sem medo de errar, que a igualdade perante a lei não é não uma palavra vã. Que importa ter direito, se não é possível mantê-lo? Se outro pode vir privar-nos dele? Que importa ter uma reclamação justa, se não podemos apresentá-la e segui-la por falta de dinheiro? A lei é, pois, para quem tem dinheiro, para quem pode suportar as despesas das demandas”.
A justiça se realiza na prática constante da relação com o outro de modo completamente isonômico. De acordo com Aristóteles, a Justiça não é apreendida nos livros ou através do pensamento, mas sim, através da vida prática: a obediência às leis da polis e o bom relacionamento com os cidadãos. O conceito de isonomia está alhures do que a maioria da população o imagina: Justiça para todos é acima de tudo: tratar os desiguais desigualmente na medida de suas desigualdades. A criação do justo para todos é a finalidade precípua da justiça.
A situação real do judiciário mesmo depois da criação de instrumentos como a Instituição dos Juizados Especiais em 1995, a Lei da Arbitragem de 1996 e a Constituição Federal de 1998 com a criação da Defensoria Pública, é crítica devido à quantidade absurda de processos que ainda não foram julgados.
O judiciário se apresenta para grande parte da sociedade como impenetrável, repleto de cerimônia, moroso e funcionalmente ativo a uma pequena parcela da sociedade. È até comum dentro desta seara que certos infratores dizem a suas vítimas: vamos lá! Procure seus direitos! Você irá ver que quem sabe daqui a dez anos, isso pode ser resolvido! E quem disse que é você que irá sair ganhando?
O brasileiro possui a cultura do litígio e isto implica necessariamente no fomento a demora da atuação de fato da máquina judiciária. Problemas que poderiam ter a sua solução em formas alternativas de justiça como a mediação, negociação e conciliação, são direcionados a juízes monocráticos e em alguns casos se perpetuam a instâncias superiores, ampliando a ausência de celeridade que infelizmente é mais comum de ser observada nos casos de pessoas com poder aquisitivo maior.
A priori, se podem verificar três vetores que contribuem com o fenômeno:
a) A questão da falta de conhecimento da maioria da população a informação e cultura jurídica; existem soluções em busca de celeridade mais as pessoas desconhecem o que destarte não contribui para uma real eficácia das instituições;
b) O problema de infraestrutura de capital humano do judiciário; um número muito pequeno de Juízes e de outros operadores do direito; sem mencionar uma questão anexa a esta que é falta de adaptação às novas tecnologias;
c) O problema de método com a pouca divulgação da busca de soluções pacíficas dos conflitos através de procedimentos mais simples e eficazes e, por conseguinte, mais baratos.
O acesso à justiça deve ser pensado como um processo que não se limita ao contato com os operadores do direito; se faz necessário e tão importante, ter contato direto a questões processuais civis como: o princípio do devido processo legal, princípio da isonomia, princípio do contraditório e da ampla defesa, princípio da legalidade e princípio do juiz natural.
SAPERE AUDE!

QUANDO A RELIGIÃO ALIENA?
Karl Marx é muito conhecido por ser o filósofo que combateu a sociedade capitalista. Uma de suas célebres frases é que: A religião é o ópio do povo. Quando pensamos em ópio logo vem em nossas mentes à questão do suco extraído das papoilas que é usado como narcótico.
A palavra ALIENAR é plure semântica e uma de suas definições seria: “Perturbação mental, na qual se registra uma anulação da personalidade individual, arrombamento de espírito e loucura”. Marx expõe que a sociedade capitalista coloca no altar certos objetos relegando as pessoas e os sentimentos para segundo plano.
Quando pensamos em RELIGIÃO, que provem do latim religare significando uma religação com o Divino ou ainda um sistema de crenças que relacionam a humanidade com a espiritualidade. A religião está presente em todas as sociedades humanas e de acordo com alguns antropólogos, ela sofreu uma evolução que se deu da passagem das religiões politeístas menos estruturados como o Hinduísmo até o politeísmo mais estruturado como o caso dos Gregos e Romanos e das Panteístas como o Confucionismo para o as Monoteístas como o Judaísmo e Cristianismo.
Dentro deste viés quando a religião tem a capacidade de alienação? Este processo se inicia quando adotamos posturas fundamentalistas aonde o nosso olhar é o único, o belo e o certo. O respeito as mais diversas crenças deve existir sem que este seja confundido com a aceitação de práticas que de maneira lenta mais progressiva vais se misturando na tentativa de se criar um sistema religioso que agrade a todos.
Grande parte das guerras da humanidade teve como epicentro uma tomada de posição sectária religiosa. Quando se sai da posição de não concordamos mais respeitamos às diversas crenças, tomando atitudes de retaliação a aqueles que pensam diferente de nós. Quando se age desta forma, cria-se um processo centralizador e, por conseguinte reducionista com consequências traumáticas e absurdas que conduziram líderes espirituais a induzirem mortes dos ditos infiéis que não seguiam as mesmas diretrizes que eles defendiam.
A verdadeira religação com o divino, não promove destruição e nem tampouco desunião; estes acidentes de percurso aparecem na mente de algumas pessoas que estão inseridas nas mais diversas instituições religiosas; indivíduos insanos, alienados, lobos em pele de cordeiro, sedentos de poder que por não entender o sentido real de estar em comunhão com o divino, se apegam a parâmetros que por serem humanos não albergam a totalidade do divino.
A religião não pode estar estéril de senso crítico nem tampouco de ousadia revolucionária e radical; o que foi também Jesus? Um revolucionário; mas não só isso e nem no sentido negativo; ele rompe as barreiras do farisaísmo legalista e hipócrita, do sectarismo essênio, da corrupção dos saduceus e herodianos, mostrando na prática quais as principais características da verdadeira maneira de encarar a religião: com amor a Deus criador e ao próximo. Sapere aude!

Enquanto a maioria dos cristãos católicos der maior importância a adornos como, procissões,festas de padroeiro, encontros de orações vazios sem significado,dando enfase apenas ao número de repetições das orações, sem parar para pensar que, quando se ajuda o próximo e também quando se passa a dar mais valor ao plano espiritual tornando mais evidente a mudança interna que é a que mais vale, nunca alcançaram o verdadeiro sentido do que é ser cristão de fato.

Era uma vez em um reino tão, tão, distante.....
Em um lugar muito, muito, muito nem tão distante, havia um povo que estava divido em quase castas mais ou menos assim: os bons, que se importavam com os outros, que tinham consciência de seus deveres e sempre lutavam por melhorias; estes representavam uma minoria, que realmente queria uma mudança para todos, apelidados de satsilaedi; existia outros aqueles que se interessavam pela politicagem, ou seja, o lado podre da política, apelidados de sotpurroc; também tinham os que não se interessavam pela políticagem e se interessavam muito pela política, mas só reclamavam, não agiam, apelidados de sedravoc; e ainda tinham o grupo dos que diziam, tanto faz, mas apoiavam os primeiros e tinham o apelido de sievitpurroc; estes na tentativa de justificar seus atos diziam que em todo lugar é assim, não tem solução; e outras vezes, falavam e tentavam convencer como medida de defesa, que suas ações seriam frutos de uma herança histórica oriunda dos povos de outro reino que seriam os seus fundadores.
Ora, o reino aonde eles viviam era extenso, tudo que se plantava tinha fruto, grande jazidas e enormes possibilidades de se criar qualquer coisa na quantidade que se pensasse. Apesar disto, o que se via por quase todo lado era: muita tristeza por causa da fome, miséria, saúde precária, esgoto a céu aberto e os recursos serem mal distribuídos e mal gerenciados uma vez que tinha uma pequena parcela deste reino, que ficava com a maior parte dos recursos, que viviam em mansões, possuíam carrões, fazendas, emissoras de tv e de rádio, viajavam para reinos distantes mais evoluídos em aviões de luxo e se hospedavam em hotéis aonde a diária dava para alimentar uma dezena de famílias do reino tão, tão distante, por uma semana.
Lá funcionava um sistema de Federação que tinha em um dos seus artigos de sua Lei Magna a seguinte afirmação: “o poder emana do povo através de seus representantes eleitos ou diretamente”. Chamavam-se também, de Estado Democrático de Direito e não apenas de fato. O grande e talvez maior problema deste reino, se albergava justamente na hora de suas eleições, uma vez que os habitantes se esqueciam de tudo que estava em sua constituição. O problema se desenvolvia assim:
a) Os satsilaedi eram muito poucos e não conseguiam o apoio da população que não entendia o que eles falavam e também, porque não lhes prometiam nem tampouco davam nada de material quando pediam seus votos; ora, uma vez que para eles – a população - que estavam acostumados a isso, não molhar a mão do eleitor era absurdo, estas pessoas realmente não querem ganhar as eleições; esta reclamação podia se ouvir em uníssono;
b) Os sotpurroc já sabendo que eles eram a maioria dos que se interessavam pela politicagem na política, em todas as eleições não se preocupavam, pois tinham certeza que as pessoas do reino estavam interessadas apenas em: venha a nós e o vosso reino nada; quer dizer, eles não se preocupavam de verdade com o reino deles; eles estavam mais interessados com eles mesmos e em votar em um candidato do velho e conhecido grupo dos sotpurroc que fosse ajudá-los;
c) Os sotpurroc também sabiam que os sedravoc, reclamavam muito, gritavam, esperneavam, mais na hora da verdade, que eles tinham que se candidatar para serem os elementos de mudança, se calavam e assistiam tudo como plateia;
d) Os sotpurroc tinham certeza que os sievítpurroc eram os mais fáceis de lidar, pois não reclamavam, não discutiam, não queriam também participar do governo; queriam apenas o faz me rir antes das eleições; uns por ignorância sem preparo acadêmico para reconhecer a importância ímpar das eleições e outros, apenas não se importavam com o todo, apenas consigo.
Foi perguntado uma vez para um estrangeiro se fosse dado a ele a oportunidade de fazer mudanças o que ele faria e ele respondeu que: Realmente era coisa muito difícil gerenciar um reino que está repleto de vícios e de ausência de patriotismo; mas ele começaria fazendo o que para ele seria o basicão: Investiria muito mais, mas muitíssimo mais, para começar, em uma educação libertadora das amarras da ignorância e do servilismo desde a base, criando e fomentando mentes brilhantes e críticas para o futuro nas mais diversas áreas com pesquisa e ensino de qualidade; daria remuneração digna de verdade aos professores e policiais; diminuiria a remuneração do executivo e legislativo; colocaria ensino obrigatório de elementos de Direito nos três anos do segundo grau, tendo como objetivo ensinar as pessoas o mínimo de seus direitos; faria uma divisão de terras justa entre os habitantes deste reino, criaria um sistema carcerário que realmente mudasse as pessoas nele inseridas, combateria a corrupção de verdade nas mais diversas instâncias e, sobretudo e principalmente no judiciário; acabaria com o nepotismo, acabaria com a reeleição, eliminaria a desculpa antropológica cultural do ranço de patrimonialismo albergado nas origens, como desculpa para o descaso, a irresponsabilidade, a indecência, a cara de pau com a nação e seu povo, trazendo para o agir político, aspectos morais e valorativos da vida humana, que seriam, ou melhor dizendo, deveriam estar inseridos no cotidiano de cada cidadão deste reino desde a mais tenra infância; exigiria que os candidatos a cargos públicos tivessem uma formação superior bem feita para não terem a desculpa estúpida de confundir o público com o privado e fazerem eles entenderem de uma vez por todas, que estão no cargos por um breve período e que acima de tudo, o cargo não é deles; acabaria com a cultura de personalidade que atravanca a mecânica sobre as relações de caráter político....
SAPERE AUDE!

We, to be real christians, must seek to give more value to the epicenter of Jesus's message that is:to love deeply and understand that spiritual existence is the true reality; we can not overlook these fundamental truths

Essere umani é avere un senso pieno della nostra piccolezza difronte all'universo ed il suo creatore, ma anche,possedere il dono di saperi che siamo esseri di eterni miglioramento e soprattutto che dipendi solo da noi stessi.

O QUE É SER FILÓFOSO?


A filosofia como mãe de todas as coisas pelo menos dentro da minha representação de mundo é de modo simples sem querer limitá-la, a eterna inquietação perante aos fatos do cotidiano; destarte, o filósofo seria o indivíduo que busca a saída caverna dentro de sua existência diária, não se acomodando aos pré-juízos e representações generalistas que tentam aprisioná-lo.
A filosofia pode ser utilizada dentro de nossas vidas para nos fazer melhorar a visão com que enxergamos os fenômenos que nos atingem; ela nos impede de adotarmos um comportamento de aceitação imediata de alguns valores que foram trabalhados para nos coisificar; para nos transformar em estatísticas que servem a interesses egoísticos nos embrutecendo e fazendo-nos esquecer do potencial que existe em cada ser humano.
A filosofia nos mostra como as coisas são preparadas para terem a aparência transformada e até habitar em instâncias que ultrapassam a barreira do espaço-tempo e dos limites da física newtoniana; ela nos faz entender os processos ideológicos por trás das pseudoverdades criadas com requintes do divino, sem a preocupação da construção de consciências críticas reais que consigam enxergar as matizes dentro do espectro direcionador que tinha que ter como elemento central a condição humana e sua existência real; seus sentidos e possibilidades nesse universo cambiante, graças a Deus tão complexo e repleto de possibilidades de libertação.
Não quero dizer com o texto que a filosofia é a panaceia da humanidade; mas por outro lado, é um instrumento que nos aproxima de Deus e ao mesmo tempo, nos faz lembrar de nossas potencialidades, do nosso dever do sempre aprender, da constante busca vertical que deveríamos primar ao contrário dos valores horizontas que são colocados como essenciais e em alguns momentos para algumas pessoas e em todos os momentos, para outras.
A pressa de nossa realidade hodierna nos faz ficarmos alheios aos conceitos que nos são dia a pôs dia, passados e reproduzidos na mídia; não podemos viver das sobras dos outros; a vida humana não pode ser transformada em um sonho estéril.

QUEM SOU EU?


Pode parecer uma pergunta retórica a priori; mas o fato é que será que sabemos realmente quem somos? Somos quem queremos ser ou somos criados diuturnamente pelos mitos contemporâneos que nos rotulam a papeis existenciais que se adequam ao nosso ethos social nos transformando em autômatos?
Ao sair de nossas casas todos os dias nos deparamos com uma quantidade de pessoas que mais ou menos nos influencia e em contrapartida são também por nós influenciadas, em uma dinâmica de feedbacks. Na grande maioria das vezes ao assumirmos os papeis que estas pessoas têm sobre a nossa pessoa, nos permitimos uma espécie de molde silencioso que nos ordena em direções que tomamos, às vezes de modo inconsciente.
Buscamos a aceitação do grupo em que pertencemos; para vivermos em sociedade temos que entrar em mascaras de representação daquilo que é definido de paradigma daquele momento. Estes personagens que damos vida, nem sempre têm relação de existência com aquilo que realmente somos.
O afastamento de nós mesmos na tentativa de adaptação a realidade hodierna, se for realizado de maneira consciente será menos prejudicial ao nosso eu verdadeiro do que o que é alienado? Ou em ambos os caos este apartheid existencial será danoso ao ser humano que deveríamos ser? São questionamentos que deveríamos fazer na tentativa de nos olharmos no espelho e conseguir nos enxergar sem os matizes sociais que nos ordenam em blocos, como os números de uma cartela de bingo.
A realidade do ser social é importante e talvez sem ela não tivéssemos alcançado o nível de ciência e tecnologia em que estamos; esta necessidade de fazer parte de algo maior é importante no processo de humanização sim; mas não pode sobrepujar a nossa individualidade nos colocando na posição de refém da minha posição social esquecendo de quem sou.
Tenho que assumir os papeis que em cada local por onde passo os outros têm de mim, mas preciso para isso, ter que necessariamente saber o que estou sendo naquele momento e que também, sou além daquele fato pontual; sou um universo de potencialidades que não devo em momento algum, me permitir em ser apenas um rótulo fixado pelos outros.

O HOMEM É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS

O Filósofo Protágoras nascido aproximadamente por volta de 481 a.C nos deixou isto como seu maior legado; mas será que esta afirmação tem alguma validade e ainda mais; será que esta firmação tem algum cabimento?
Se começarmos a olhar mais de perto sobre as coisas que falamos dentro do ethos de nossas crenças pessoais, se torna fácil observar que esta afirmação é de fato atualíssima; nós somos aquilo que falamos e acreditamos.
Quando ouvimos alguém falar aquelas já conhecidas pérolas como: mulher é tudo igual; politico não presta; só o amor constrói a título de exemplo, podemos observar que por trás de todo dito popular ou ainda de toda afirmação, existe um sistema de crenças albergado por um viés epistemológico direcionador, que nos dá todo um paradigma teórico, sem que nos darmos conta do fato.
Nós somos dentro do universo cultural que criamos; quando lemos o mundo o fazemos inseridos dentro de um sistema de valores antropocêntricos que determinam o nosso fazer, pensar e até o nosso desejar. Vivemos dentro de uma unidade fictícia de contagem de tempo que nos escraviza sem parecer o fazer, dando uma ideia de naturalidade que nos impulsiona a reproduzir as ações sem que na maioria das vezes as questionemos.
Quando assumo um ponto de vista, reproduzo aquilo que para mim é critério de verdade, e dependendo da estrutura de minha personalidade, não irá importar o que os outros pensam; se concordam ou não. È verdade que esta posição está presa a um niilismo que se afunila dentro de um vazio existencial, que em casos mais contundente se autoaniquila.
Não podemos esquecer que cada pessoa está ligada a um universo pessoal e que, querer sublimar as outras representações definindo seu limite e alcance acaba por nos delimitar. Qual será então a resposta à pergunta que a filosofia daria a questão: Será que toda tentativa de se criar uma verdade absoluta não passa de uma quimera?
Pensemos!

Presunção de Inocência

È um princípio jurídico-constitucional, utilizado pelo menos em tese no direito penal, no qual o indiciado deveria ser tratado como inocente até o final do processo, cabendo ao acusador independente de quem ele seja, o ônus da prova; isso implica necessariamente, que não se pode exigir do acusado que a ele pese a obrigação da prova de sua inocência.
Trata-se de uma garantia fundamental, sendo para alguns operadores do direito, uma das cláusulas pétreas albergadas em nossa constituição. Em um Estado Democrático de Direito, o direito penal deve-se pautar por uma proteção integral dos direitos subjetivos como, por exemplo, o direito a vida e acima de tudo, o direito a uma vida digna.
Não se pode inverter a ordem da justiça de fato e de direito, e querer um direito penal que passe por cima da probidade do ser humano, tratando-o como um animal, olvidando que o Estado é coautor de certos crimes por não promover de modo eficiente nem tampouco eficaz as condições e exigências dos direitos difusos a grande parcela da sociedade.
Mais uma vez insisto que alguns setores da mídia, não especializada, são responsáveis pela divulgação distorcida das leis e garantias individuais, induzindo as pessoas e em certos casos, exigirem dos Órgãos Oficiais do Judiciário, tomada de posições inconstitucionais, fundamentadas em achismos e sede de vingança.
Quando alguns Magistrados a título de exemplo, não adentram na seara das imposições imediatas de procedimentos cautelares pessoais, quase que de modo instantâneo, vem à reação de alguns setores da sociedade, como uma turba de inquisitores, sedentos de pseudo-justiça, tendo como fomentadores-mores, a imprensa marrom; àquela do espetáculo, das aberrações, da incitação ao ódio e principalmente, da manipulação hedionda de pessoas ingênuas.
O atual Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Joaquim Barbosa, nos últimos dias tem tomado decisões sábias, densas, condizentes com sua vasta formação acadêmica e intelectual, mostrando que tem vida própria, senso de realidade profundo, bom senso e acima de tudo, respeito a nossa Constituição que aloca como vieses principais: a cidadania e respeitabilidade humana.
Qualquer Lei que traga em seu bojo desrespeito aos princípios constitucionais, não pode ser levada a sério e deve ser repudiada devido à insegurança jurídica que tal ordenamento pode trazer em nome dos imediatismos que pontuam um retorno a época da autotutela.
SAPERE AUDE!

UMA QUESTÃO DE DIREITO

Dentro do elenco dos direitos de personalidade encontramos o direito de proteção à vida que se alberga nos direitos indisponíveis que estão sob a tutela do Estado de modo peremptório, significando grosso modo, que mesmo se o titular queira deles abrir mão, não o poderá fazê-lo. Direitos à vida e direitos sobre a vida e direito da escolha de como morrer; seriam assim tão antagônicos?
Quando se aborda o tema do direito de morrer com dignidade em casos aonde como se diria no direito, não cabe mais apelação e a sentença já foi transitada em julgado, dentro da história humana, é de fácil observação que em diversas civilizações era aceito e em certos casos um dever como no caso de Esparta aonde os bebes que nasciam com defeitos dentro do que eles atribuíam como tal, eram de prontidão descartados. Filósofos da envergadura Platão e Sócrates apoiavam e teriam escrito sobre o tema; entre os esquimós os mais velhos e doentes eram levados abandonados a sua sorte para morrerem. Em algumas tribos indígenas do Brasil ainda se encontra similar situação que para nós é alvo sempre de profunda comoção.
Quando se pensa na eutanásia e em suas formas, qual seria a posição correta de fato ou de direito? A eutanásia ativa que para certos juristas e doutrinadores é uma forma aberta de homicídio aonde por misericórdia, há uma antecipação da morte do paciente que se encontra com estado de saúde irreversível e que a seu pedido ou de seus familiares diante da contestação do sofrimento, da inutilidade do tratamento autorizam recursos farmacológicos ou mecânicos para a abreviação do resto de vida do paciente.
A eutanásia passiva consiste de outro lado, na omissão do médico ou da equipe médica de empregar os recursos disponíveis quando se apresentar uma situação similar de inutilidade objetiva de melhora da vida do paciente e destarte, antecipando a sua morte já iminente.
Em ambos os casos uma grande parte da população se mostra contra, postulando a defesa da vida humana e na maioria das vezes elencando preceitos religiosos cristãos que lhes deem sustentabilidade formal; o interessante é que quando se observa outra forma de eutanásia denominada de SOCIAL, que nasce da falta de compromisso real de alguns políticos com o estado democrático de direito e se manifesta na morte de doentes e deficientes que pela ausência de recursos e de pronto atendimento de qualidade em hospitais, àquela parcela da população que lá atrás se indignou, se mantem muda e absurdamente passiva, reproduzindo através de seus votos de cabrestos, uma situação vergonhosa e comprometedora com mais descaso e corrupção.
Se nega ao paciente, o direito de escolha no fim de sua vida, a um final digno perante a uma situação imutável e se pouco faz para mudar a situação dos descamisados que diferentemente dos outros ainda viverão por anos, sofrendo com a fome e com doenças oportunistas sem mencionar no impacto psicológico devido à condição de serem rotulados de marginais, uma vez que vivem a margem daquela sociedade hipócrita pseudocrístã que se escandaliza berrando que a vida é dom de Deus aparentemente se importando com desconhecidos, mas se esquecendo de seu irmão ou do seu vizinho que é o seu próximo querendo você ou não.
“Não se quer aqui, fazer uma defesa explicita ou tácita de costumes de antigas civilizações ou ainda criar um movimento pró-eutanásia; mas, sempre com na maioria dos textos aqui expostos, buscar uma reflexão”.
SAPERE AUDE!

O QUE É SER NORMAL?
Dentro do cotidiano popular, ser normal é agir dentro do que é esperado pela maioria das pessoas; em se tratando de unanimidade que é quase que a mesma coisa de maioria, já dizia o dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues: “toda unanimidade é burra”.
Dentro da diversidade humana como podemos afirmar o que é ser normal? Cada sociedade define suas próprias regras de moral é ética; ao viajarmos para outros países vamos constatar que muitas coisas que dentro de nosso ethos social é considerado como certo, justo, belo e bom pode não ser assim tão normal se comparado a outros locais. Quando questionamos os costumes de outros povos ou mesmo quando o fazemos tendo ponto de referência outras famílias será que estamos certos? A título de exemplo pode-se citar a mania que em alguns países os homens têm de se cumprimentar se utilizando de beijo; se esta prática é realizada, por exemplo, aqui no nosso país, não será vista com bons olhos e terá um sentido afeminado.
Como se criar então um padrão para se definir o que é normal que seja adotado por todos? Isto é possível? Ao tentarmos dentro de padrões subjetivos o problema se torna ainda maior; será então que o certo a ser feito é adotarmos o equilíbrio como viés de certeza? Dentro da Filosofia Clínica o conceito de ser normal ou anormal está vinculado diretamente como a forma que os conceitos afetam a vida das pessoas.
Como é de fácil observação, a grande parte dos conceitos carregam em si os valores sociais a eles atrelados; a forma que vemos as coisas e os fenômenos, dizem muito sobre nós mesmos; nem sempre o que pensamos a respeito de algo tem que ser necessariamente a verdade para os outros. A nossa representação de mundo é grandemente desenvolvida pela nossa historicidade espacial que traz em seu bojo o grupo de pessoas que passam por nossas vidas e o como estas pessoas nos afetam; somos formados em grande parte pelas nossas experiências com os outros; o ideal seria tentar ajudar as pessoas a encontrarem o seu meio termo, inserido em sua existência dinâmica que a faz ser o que é; este é o trabalho da filosofia como técnica clínica.

A RATIO DAS AÇÕES AFIRMATIVAS
As ações afirmativas de acordo com o Prof. Guilherme Peña da Moraes, em síntese, seriam políticas ou programas públicos ou privados, que tem como escopo principal, conceder benefícios às minorias em determinado contexto social, em face das discriminações atuais ou que no passado foram pungentes e inerentes a estes grupos.
Na observação como espelho do “Executive Order n° 10.925/63 norte americano”, se pode evidenciar o seu epicentro alocando como exemplo na prática, o alcance das ações afirmativas nos contratos entre o governo federal norte americano e a população em geral aonde são proibidos terminantemente, qualquer discriminação a funcionário ou a candidato a emprego, sobretudo, quando se alberga em vieses como à raça, o credo, cor da pele, ou ainda a nacionalidade.
No Estado Democrático de Direito de Fato, tem que ser criado condições reais de avanços nesta seara uma vez que as desvantagens competitivas tão marcantes principalmente na realidade brasileira possuem sua gênese não em aspectos naturais mais a contrario sensu, em crateras sociais que foram no decorrer de milênios, fomentadas por preconceitos tacanhos que desumanizam o ser humano em sua essência.
Como se pode falar de em liberdade e igualdade de fato hodiernas, se o que se observa em todas as cidades brasileiras ainda é uma constatação do desequilíbrio de oportunidades que impedem a participação de alguns setores da população a condições reais de poder lutar por qualidade de vida. A justiça distributiva luta por combater as injustiças sociais em seu epicentro redistribuindo o bônus e ônus entre a totalidade da população de modo igualitário.
Em nosso ordenamento jurídico pode ser encontrado o lastro para as ações afirmativas nos arts. 3º, 4º, 5º e 7º da Constituição Federal. O Jurista italiano Norberto Bobbio postulava com louvável maestria que a questão principal inerente aos direitos humanos reais, seria atualmente, a sua efetiva proteção. Em termos históricos, podemos observar que apesar da proclamação da Declaração Universal dos Direitos do homem pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em dezembro de 1948 se faz necessário de ações como à implantação de ações afirmativas para ainda insistir na aplicação direta e eficaz destes direitos.
As ações afirmativas reconfiguram a sociedade não como muitos pensam, privilegiando aqueles grupos que foram discriminados no passado como uma espécie de vingança tardia; toda e qualquer discriminação que tenha como origem o desrespeito a qualquer direito indisponível ou difuso, deve ser erradicada como se existisse apenas a obrigação do Estado de um não fazer nada que, no dizer do Prof. Douglas Fisher, não garantisse a possibilidade do acesso das minorias a parcelas mais equitativas dos bens da vida.

A TRINDADE NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS – VISÃO PSICOSSOCIAL – FACULDADE CATÓLICA DE ARAGUAÍNA – FACDO

Alessandro de Azevedo Moreira
Acadêmico de Direito - FACDO



RESUMO: A resolução de conflitos em suas diversas áreas se tornou hodiernamente um processo de pacificação social de extrema utilidade. Os conflitos de ordem judicial são oriundos das mais diversas camadas sociais e concomitantemente repletos de subjetividades que albergam vieses como personalidade, ethos cultural e conhecimento jurídico das partes e principalmente do terceiro imparcial que gerencia o processo. A formação dos operadores desta nova modalidade em nosso país deve ser a mais ampla possível, justamente devido eles lidarem com as mais diversas realidades e, sobretudo com questões que versam sobre a essência das pessoas e os reflexos que isto causa nas relações com seus pares.

PALAVRAS CHAVE: Resolução, conflitos, formação, personalidade, ethos cultural.


ABSTRACT: Conflict resolution in several areas currently, became a process of social pacification extremely useful. Conflicting court order are originating from diverse social strata and concomitantly filled with subjectivities that host personality, cultural ethos and legal knowledge of the parts and especially, the impartial third party that manages the process. The formation of these new modality operators, in our country should be as broad as possible, precisely because they deal with many different situations and especially with issues that works with the essence of people and, the consequences that this causes in relationships with their peers.


KEYWORDS: Violence, educational Supervision, school performance.



INTRODUÇÃO:

Conflitos são inerentes as mais diversas situações humanas pelos mais diversos motivos. Etimologicamente se origina no termo conflictus que quer dizer entre outras coisas, choque entre duas coisas ou pessoas que disputam entre si algo ou ainda posicionamentos distintos. Os desejos fomentados tanto por questões internas como externas na grande parte das vezes não podem satisfazer de imediato as necessidades.
Segundo Deutsch (1973), mesmo um simples episódio traz muitas questões pertinentes a conflitos de todos os tipos: intrapessoais, interpessoais, intracoletivos, intercoletivos e internacionais. Deutsch (1973) acentua que será sempre imprescindível saber independente da natureza do conflito: “seus valores e motivações; suas aspirações e objetivos, seus recursos físicos, intelectuais e sociais para travar ou resolver conflitos”.
Peter Wallensteen (2004) apresenta uma concepção para a resolução de conflitos, em que a define como: a adoção de medidas tendentes a resolver o cerne da incompatibilidade que esteve na origem do conflito, incluindo as tentativas de levar as partes a se aceitarem mutuamente.
De acordo com Reale (2004), Platão considerava a política a arte de resolver conflitos e conciliar contrários. A capacidade de lidar com a totalidade de conflitos, requer prática e um grupo de habilidades que o conciliador deve possuir para que possa obter êxito em seu trabalho como: consciência e conhecimento do assunto, boa dose de conhecimento psicológico e uma visão antropológica acentuada para que possa avaliar as opiniões dentro da realidade de cada sujeito do litígio.
. Tem-se na grande maioria das uma visão negativa do conflito. De acordo com Moses I. Finley (1985), o conflito não é apenas inevitável como é também uma qualidade democrática. Dentro de nossa sociedade existem normas jurídicas que sistematizam as condutas dos cidadãos para que se obtenha a paz social. O direito estabelece assim, modelo de condutas. Na realidade hodierna, o nosso sistema jurídico está abarrotado de processos a espera de julgamento que por alguns fatores como falta de pessoal capacitado, a justiça de ser célere e acaba prejudicando o andamento da resolução de conflitos via esfera judicial.
Tem-se pensado em formas alternativas de resolução de conflitos como: a arbitragem, conciliação e mediação. Para que se consiga êxito na dinâmica destas formas mais rápidas, se faz necessário a observação de alguns vieses que são de importância particular para o processo. Se poderia elenca-los como: Personalidade, Aspecto Cultural e Conhecimento Jurídico das Partes.
Tais características devem ser tomadas não de modo particular mais como ferramentas que irão ajudar quem estiver tentando resolver conflitos. Em se tratando de outras formas que não envolvam questões jurídicas, como por exemplo, problemas psicológicos, os profissionais de saúde mental, servem de parâmetro uma vez que são conciliadores de conflitos de seus pacientes.
Poder-se-ia afirmar que tais profissionais poderiam até em certos casos ajudar na preparação das pessoas que trabalham neste tipo de profissão, orientando-os em questões psicológicas que fazem do dia-a-dia destes profissionais. Estes profissionais também aprendem que para se ter sucesso, não se pode partir inicialmente de pré-julgamentos de nenhuma das partes envolvidas; uma escuta atenta ao que se é colocado pelos litigantes pode fazer a diferença. Ter a capacidade de se colocar no lugar do outro naquele momento, pode trazer uma sensação de seriedade fazendo com que os presentes não se sintam apenas mais um caso.
Dá-se prosseguimento a este pequeno artigo, dando explicação sucinta aos vieses utilizados para a resolução de conflitos, mostrando também que a formação do profissional que irá conduzir os conflitos terá que ser muito abrangente para que ele tenha sucesso na resolução da lide.

1. A PERSONALIDADE

A etimologia da palavra personalidade traduz de modo completo a complexidade do conceito. Personalidade vem de persona, que significa máscara dos personagens do teatro romano. Nós para vivermos em sociedade precisamos constantemente saber nos adaptarmos as diversas situações que nos apresentam e em que em certos casos, podem nos trazer desconforto material e psíquico.
Na questão da resolução de conflitos, o conhecimento da personalidade dos envolvidos pode facilitar na aplicação de estratégias para que o processo se torne mais dinâmico e que os resultados sejam satisfatórios para ambos. Imaginemos a situação que se tem que lidar com um solitário de um lado e uma apegada do outro.
De acordo com Dunn (2004):
As apegadas têm que aprender a ser autônomas; o fato de elas terem tido em um número razoável de casos de um amor paterno (liga/desliga) ou mais precisamente, aquele tipo que não te dá nenhuma segurança, fica difícil para esta pessoa confiar em alguém e irá sempre achar que estão tentando enganá-la e se ela acreditar que a pessoa que tinha que resolver o conflito está tentando ajudar a outra parte de algum modo, não irá de modo algum ser racional, ou melhor, dizendo, não conseguirá.
Dunn (2004) pontifica que:
Se o solitário for esquizoide mesmo do tipo brando, estarão com certeza fora de seu alcance e não tem nenhum desejo de aproximação. È novamente o problema do abandono; sua instabilidade emocional atrapalhará as negociações. Não apresentam necessidade de contato humano e desconfiam de tudo. Se for um fanático que por sua vez são uma mistura de obsessivos e paranoicos, seu fervor em falar e apontar os defeitos do outro não deixaram o mediador ou o conciliador resolverem, uma vez que defendem suas causas chegando a perder a identidade e o bom senso.
Mednicoff (2008) afirma que Freud postulava que o desenvolvimento da personalidade das pessoas passam por estágios de desenvolvimento psicossexual que indicaram para mais ou para menos como esta pessoa será na fase adulta. O conhecimento destas fases para resolução de conflitos é importante uma vez que dependendo da personalidade da pessoa, uma questão pode ser trabalhada com níveis de relevo em certos mecanismos do ego que ajudaram se compreendidos pelo agente de conciliação, no seu êxito na dinâmica da lide.
Se estas fases forem vivenciadas com traumas, repressões exageradas e recalcamentos se formará uma personalidade neurótica com relevos em defesas do ego; o ego transformará a energia acumulada em transtornos psíquicos e psicossomáticos em saídas de emergência com deslocamentos próprios para aliviar a tensão por intermédio de novas roupagens de velhos conceitos.
Conforme Schults (2002), Freud descrevia a primeira forma de organização do desejo libidinal esta relacionada à fase oral que se projeta dentro do primeiro ano de vida. O indivíduo que tem fixação nesta fase apresenta características à avidez no tomar e no receber; não suporta privação e tem dificuldades com a rejeição; seu exagero é possível de identificação em pessoas dependentes, sem iniciativa e acomodadas que quando dentro da seara dos conflitos, especialmente de ordem matrimonial, criarão problemas para a resolução de conflitos de modo simples e direto fazendo com que o conflito se perenize sem necessidade por mais que dentro da relação não vivam em harmonia.
Schultz (2002) lembra que Freud dizia que na fase anal que tem seu desenvolvimento no segundo e terceiro ano de vida, os indivíduos possuem características de avareza, caráter obsessivo-compulsivo, ataques de cólera, desejo de controlar os outros e a si mesmo e fantasias de onipotência e de megalomania. Pessoas com este perfil, dificilmente se não forem trabalhadas com a ajuda de um profissional de saúde mental tácita ou explicitamente, ou ainda por um conciliador que tenha conhecimento da matéria, facilitarão a dinâmica de conflitos e em alguns casos tentaram dificultar ao máximo, não aceitando sugestões de ninguém e querendo a todo instante estar gerenciando o processo.
De acordo com Assis (2007), Freud insistia que na fase fálica, as crianças apresentam desejos dirigidos ao progenitor do sexo oposto e ódio e rivalidade ao progenitor do mesmo sexo. Nos adultos que apresentam fixação nesta fase, se pode observar tendências ao exibicionismo e intrometimento julgando-se narcisisticamente merecedor de penetrar em qualquer espaço que achar ser seu.
Dentro do Narcisismo afirma Nick (2011) que em Introdução ao Narcisismo, Freud faz uma primeira tentativa de inscrever na sua metapsicologia os achados clínicos de pacientes perversos e psicóticos. Ali, ele desenvolve a Teoria das Pulsões, opondo as pulsões do Ego às pulsões objetais. Para ele, o indivíduo sairia do autoerotismo (em que a satisfação adviria de si mesmo) por meio da percepção da diferença eu versus não eu. Ao perceber precocemente que há algo que não está sujeito aos nossos mandos, o indivíduo teria, assim, a primeira percepção de outro. Dessa percepção, decorre a divisão mental entre Ego e objeto ou, mais propriamente, entre eu e não eu. Surge a noção de narcisismo, em que as pulsões irão investir no próprio eu, em oposição às que investirão no objeto.
Tal teoria foi muito útil à Psicanálise, servindo para explicar, por exemplo, as melancolias. Nelas, o sujeito enlutado por uma perda importante – além de fazer refluir para o próprio eu as pulsões outrora investidas no objeto perdido – passaria a se identificar com elas, impossibilitando a saída do luto por meio do reinvestimento da libido em novos objetos e da identificação com o objeto morto. Nos conflitos relacionados ao luto em consultórios de Psicanálise ou ainda relacionados a questões judiciais, no desapego de bens, na não aceitação da morte dificultando o processo e causando stress nos inventários e abertura de sucessão.
Freud (1998) percebe a grande e incessante troca entre as instâncias psíquicas e observa que o ego possui o inconsciente presente e em funcionamento e utiliza de mecanismos de defesa para poder controlar a o stress. Aqui se faz oportuno elencar alguns dos mais expressivos e que servem de exemplo para ser observado na resolução de conflitos seja ela judicial ou não. Sua filha Anna Freud (1986), postulava a importância singular dos mesmos:

a) Recalcamento - Seria o primeiro mecanismo de defesa e o mais importante uma vez que é o formador do inconsciente. Após vivenciarmos experiências dolorosas que nos causam vergonha e embaraçamento, temos a tendência de mantê-las bem longe de nosso consciente enviando ao inconsciente de modo involuntário. Se a prática for intensa e habitual poderá haver a formação de sintomas neuróticos como os obsessivos ou histeria de conversão.
b) Repressão – no processo de crescimento do indivíduo este aprende fatores culturais de certo e errado. Quando faz escolhas erradas de acordo com o apreendido aparece um nível de tensão que censura a escolha pressionando o ego reverter à situação. Geralmente são tensões de cunho moral que desencadeiam a repressão. Diferentemente do recalque aqui se observa a passagem do impulso pré-consciente para o consciente.
c) Formação reativa – Comportamento que adota um desenvolvimento oposto ao do desejo original. È uma medida defensiva que a substituição do conteúdo angustiante pelo seu contrário. As manifestações de sentimento reativo vêm com a marca do exagero, extravagância uma vez que se apresenta mascarada pela compulsividade.
d) Projeção – è mais fácil o ego enfrentar a angustia real do que a neurótica ou a moral, por ser um medo externo e objetivo ao contrário dos impulsos primitivos de punição ou ainda das ameaças da consciência. Quando projetamos, significa que estamos transferindo aos outros, características que tentamos reprimir em nós mesmos.

Na resolução de conflitos a capacidade de observar quando em ocasiões de uma das partes em fazer acusações grosso modo incoerentes ao outra, algumas das defesas do ego, facilitaria para o terceiro que gerencia o processo a utilização do conhecimento sobre o assunto para usá-lo contra aquele que está dificultando a conciliação da lide chamando a sua atenção para o fato e sugerindo que o mesmo agisse com mais objetividade.
De acordo com Mednicoff (2008) Freud afirmava que os seres humanos apresentam-se em vastas expressões de personalidade e destarte cada um lida de maneira peculiar com os fatos da vida. O que vai diferenciá-los seriam às experiências vividas concomitantemente com a localização da libido em diferentes setores do aparelho psíquico. Se poderia dizer, grosso modo, que os tipos psicológicos puros seriam: Tipo Erótico, Tipo Obsessivo e Tipo Narcisista.
Cabe uma rápida explanação dos mesmos para que se obtenha de modo mais satisfatório seu entendimento e a sua importância dentro da resolução de conflitos (2008).
a) Tipo erótico – Este tipo tem um interesse demasiado na vida amorosa. São pessoas absolutamente dependentes do ser amado e possuem um medo exagerado de perder o amor. Imagine-se aqui no caso de uma separação de casais aonde atualmente com a facilitação da separação e uma pessoa com este tipo de fixação por vingança ou medo da perda e de não suportar a separação não aceite uma resolução do caso amigavelmente.
b) Tipo obsessivo – Estas pessoas se sentem angustiadas diante da consciência que lhes domina de modo a que nunca se sintam livres para agir por si próprias dentro da esfera dos desejos internos e se tornam altamente conservadoras. Situação em que dentro da resolução de conflitos pode encontrar algumas dificuldades, por exemplo, em questões de guarda de filhos.
c) Tipo narcisista - Apresenta características principalmente de aspecto negativo; se preocupam apenas na autopreservação; são independentes e não se deixam intimidar mais são os intimidadores.

A questão comportamental que individualizará as pessoas tem sua origem no modelo de criação que estas tiveram. Mannoni (1999) postula que os significantes da historização de cada paciente, sobretudo àquilo que não anda àquilo que emperra a subjetivação e faz do indivíduo um neurótico ou um psicótico. Para a pessoa que gerencia o conflito ter conhecimento da vida das pessoas envolvidas pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso.
Oriundo destas situações é mister, apresentar uma amostragem de alguns tipos de transtornos de personalidade que se manifestam quando as fases de desenvolvimento sexual não bem vividas ou ainda relacionados a um conjunto de comportamentos e reações afetivas claramente desarmônicas que envolvem vários aspectos da vida do indivíduo.
(Segundo Dalgalarrondo (2008), eles podem ser agrupados em três categorias de acordo com CID – 10 e o DSM -IV: A – esquisitos; B – instáveis; C – ansiosos ou controlados-controladores).
a) A – Transtorno de Personalidade Paranoide: sensibilidade excessiva a rejeições e a contratempos; pouca tolerância, tendência a guardar rancor, desconfiança excessiva, tendência exagerada a distorcer as experiências por interpretar erroneamente os fatos neutros ou amistosos com hostis ou depreciativos.
b) A – Transtorno de Personalidade Esquizoide: distanciamento afetivo, afeto embotado, aparente frieza emocional, capacidade limitada para expressar sentimentos calorosos, ternos ou de raiva para com os outros, indiferença a elogios ou críticas, pouco interesse em ter experiências sexuais com parceiros.
c) B – Sociopatia: são indivíduos que, embora reconhecidos por todos, sempre são difíceis de status nosotáxico. Apresentam indiferença e insensibilidade pelos sentimentos alheios, irresponsabilidade e desrespeito por normas, regras ou obrigações, incapacidade de manter relacionamentos, baixa tolerância à frustração, propensão para culpar os outros, crueldade e sadismo, baixo limiar para descarga de raiva.
d) B – Transtorno de Personalidade Boderlaine: sentimento crônico de vazio, instabilidade emocional, relacionamentos pessoais intensos mais nunca estáveis, esforço excessivo para evitar o abandono, atos suicidas repetidos, dificuldades com a autoimagem.
e) C – Transtorno de Personalidade Ansiosa: crença de ser socialmente incapaz, preocupação ou medo excessivo em ser criticado, evitação das atividades sociais, medo de desaprovação, restrições na vida diária devido à insegurança física ou psíquica.
f) C - Transtorno de Personalidade Dependente: subordinação das próprias coisas e necessidades àquelas dos outros, solicitação constante de que outras pessoas das quais é dependente tomem as decisões importantes em sua vida, sentimento de desamparo quando sozinho por causa do medo exagerado de ser incapaz de se cuidar.

A nossa personalidade tem relação direta com a forma como nos relacionamos com as pessoas; seu conhecimento pode de maneira objetiva ajudar na resolução de conflitos das mais diversas áreas. Apresenta-se como parte formadora da trindade na resolução dos variados conflitos e destarte a importância de seu estudo nesta seara.

2. ASPECTO CULTURAL
2.1 VIÉS RELIGIOSO

O Ethos social no qual o indivíduo está inserido diz muito do que e do como a pessoa se relaciona com o meio e as suas concepções ideológicas que facilitaram ou serão um fator de aumento da lide na questão dos conflitos. Cada ser humano tem a sua verdade e a defende em certos casos com dogmatismo vigoroso. De acordo com Agostinho (2000):
O que é o tempo? Tentemos fornecer uma explicação fácil e breve. O que há de mais familiar e mais conhecido do que o tempo? Mas, o que é o tempo? Quando quero explica-lo, não encontro solução. Se eu disser que o tempo é a passagem do passado para o presente e do presente para o futuro, teria de perguntar: Como pode o tempo passar?

A questão da intolerância religiosa tem-se manifestado como pedra no sapato em instituições que se autodefinem como representantes da divindade. Os conceitos de religiões dominantes e unicamente corretas, atribuídos àquelas de caráter monoteísta como, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo tem fomentado conflitos sangrentos. Locke (1978):
Dizia que não é a diversidade de opiniões o que não pode ser evitado, mas a recusa de tolerância para com os que têm opinião diversa, o que se poderia admitir que desse origem à maioria das disputas e guerras no mundo cristão. A tolerância para os defensores de opiniões opostas acerca de temas religiosos está tão de acordo com o evangelho e com a razão que parece monstruoso que homens sejam cegos diante de uma luz tão clara.

Chauí (2005) postula que a atitude dogmática e conservadora, isto é, sente receio das novidades, do inesperado, do desconhecido e de tudo que possa desequilibrar as crenças e opiniões já constituídas. Dentro do epicentro dos conflitos, o que mais se observa é este tipo de atitude de não querer sair da zona de conforto, do não querer ver a verdade do outro.
Quando se está tentando a resolução de conflitos a questão religiosa é de fundamental importância. O como os indivíduos se relacionam com o sagrado dá um sinal de qual é a sua visão de mundo e, sobretudo, a sua maneira de se realizar com o outro. A religião faz parte de nosso cotidiano como um elemento cultural. Como afirma Kung (2004), Na cultura ou civilização, em sentido lato, a religião sempre está incluída. Cultura é o conjunto de conhecimentos e procedimentos que caracterizam uma determinada sociedade humana, sejam eles de natureza técnica, econômica, científica, social ou religiosa.
A questão religiosa é de fundamental importância na vida da maioria das pessoas. Muitas pessoas não fazem certas coisas, devido á questão do sagrado e isto é de vital importância e irá refletir muito na questão das lides. Quando se está na frente de indivíduos que possuem uma crença fervorosa e baseiam suas vidas por valores éticos e morais que seguem os padrões bíblicos e realmente acreditam neles, não conseguiram realizar tarefas que no seu ponto de vista irá contra a sua crença que é e possui em sua vida, valor principal.
De acordo com Gaardner (2002), o crente tem ideias bem definidas sobre como a humanidade e o mundo vieram a existir, sobre a divindade e o sentido da vida. Otto (1917) coloca que para o crente o sagrado é das ganz, o inteiramente outro, ou seja, aquilo que é totalmente diferente de tudo o mais e que, portanto, não pode ser descrito em termos comuns.
Postula Eliade (1992), o crente obtém seu conhecimento do sagrado, porque se manifesta como algo totalmente diferente do profano. Ele chama de hieorofani, palavra grega que significa, literalmente, algo sagrado está se revelando para nós. Nas resoluções de lides em certos momentos, o foco está inserido no como as pessoas vêm as suas práticas religiosas e o valor que estas dão as práticas religiosas do outro.
Muitos conflitos se albergam em desentendimentos de cunho religioso. Como trabalhar quando a questão está nesta seara? Como equacionar a questão sem desmerecer o viés religioso de cada um dos conflitantes e ainda chegar a uma solução que agrade a todos? O conhecimento básico de algumas religiões ajudaria a entender com mais clareza a lide. Vamos imaginar uma questão aonde o conflito entre duas pessoas se encontra na questão da idolatria.
Para Cristãos Católicos, o possuir imagens em seus templos, não se significa idolatrar uma vez que dentro de sua visão (2000):
A idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra e veneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro etc. "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro", diz Jesus (Mt 6,24). Numerosos mártires morreram por não adorar "a Besta", recusando-se até a simular seu culto. A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus; é, portanto, incompatível com a comunhão divina. O culto cristão católico das imagens não é ao contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, a honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo original, e quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada.

Em contrapartida os evangélicos de acordo com Valadão (2010):
A idolatria confunde as pessoas que passam a identificar as estátuas como vivas. Iludidas pelo engano repetem: “Não adoro Ídolos! Ídolo é outra coisa. Essas imagens são de santos, e eu não as adoro, apenas as venero”. Ao compararmos o significado das expressões: adoração e veneração, veremos que são equivalentes. Veja o que diz o dicionário: Adorar – do Lat. Adorare: reverenciar, amar extremamente, venerar e idolatrar. Se não houvesse adoração, então não haveria orações àquele ídolo, nem lhe dariam ofertas e muito menos se prostrariam diante dele. Se há tudo isso, há adoração.

O que se pode observar é que todas as pessoas terão fortes argumentações em defesa de seu pensamento e o terceiro que pretende resolver a lide, deverá ter uma boa noção de cultura religiosa para através de argumentação fundamentada saber encontrar o lugar de consenso.
2.2 VIÉS ÉTNICO.

Segundo Geertz (1933), a conciliação da unidade biológica e a grande diversidade cultural da espécie humana traz em seu bojo um dilema. Apesar de Confúcio ter, quatro séculos antes de Cristo, enunciado que “A natureza dos homens é a mesma; são os seus hábitos que os mantém separados”.
As questões que envolvem os conflitos e as suas soluções dentro do universo étnico, são tão ou mais complexas em relação às de ordem psicológica ou jurídica de se resolver. De acordo com Freyre (1933):
Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao rio grande do Sul, e em Minas Gerais, e principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano.

Existe no Brasil apesar de sermos um povo mestiço, ainda um ranço de racismo que é diferente do norte americano mais explícito. No Brasil, os valores do negro são alvo de discriminação. Existe por exemplo, ainda em nosso país um grande preconceito religioso em relação a religiões de cunho africano. È interessante que a cultura do índio não sofre com o peso desta discriminação. Pontifica Freyre (1933):
Porque nada mais anticientífico que falar-se de inferioridade do negro africano em relação ao ameríndio. Por todos os traços de cultura material e moral revelaram-se os escravos negros, dos estoques mais adiantados, em condições de concorrer melhor que os índios à formação econômica e social do Brasil. Às vezes melhor que os portugueses.

Comenta Freyre (1933), uma vez no Brasil, os negros tornaram-se, em certo sentido, verdadeiros donos da terra; dominaram a cozinha. Conservaram em grande parte a sua dieta. Em conflitos de ordem cultural como os relacionados o terceiro escolhido para a resolução das lides precisa ter a compreensão da universidade cultural e não pode ter acima de tudo um entendimento de supremacia étnica; de que a título de exemplo o samba é inferior ao rock ou ainda que o candomblé o seja em comparação ao cristianismo.

3. ASPECTO JURÍDICO

Nas questões que envolvem o aspecto jurídico na questão de resolução de lides, três em particular se mostram mais relevantes. A primeira diz respeito da falta de conhecimento jurídico da maioria da população em relação a formas alternativas de conflito a segunda, versa sobre o caso de que existem legislações que se chocam aonde, uma acaba por excluir na prática a outra dando margem a brechas que incentivam a falta de isonomia real dentro do Estado Democrático de Direito. A terceira aponta para um preparo maior dos mediadores ou conciliadores.
È de fácil constatação que os brasileiros não têm em sua grande maioria, conhecimento de suas leis nem tampouco se interessam por tê-los. Acredito que quando se conhece mais se erra menos. Quando se quer criar padrões de qualidade ao ensino objetivando também à construção de cidadania tem que se pensar neste ponto necessariamente.
O MEC não fomenta o ensino de noções introdutórias de direito, por exemplo, a partir do atual nono ano o que possibilitaria ser cumprido à risca a questão de que a educação é um direito fundamental ao indivíduo; uma educação cidadã acima de tudo e não apenas repletas de informações em alguns casos irrelevantes. Têm-se questões de direito simples que são de desconhecimento total das pessoas.
A questão do bullying, poderia se combater também com informações básicas, agindo de modo profilático, sobre direitos humanos e o fomento a leitura dos primeiros artigos da Constituição Federal em de seu preâmbulo, por exemplo:
Preâmbulo (2009):
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Ou ainda do art.5º em seu caput e nos seguintes incisos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
Sobre a aplicação da justiça no Estado Democrático de Direito preleciona Capez (2010):
Aplicar a justiça de forma plena, e não apenas formal, implica, portanto, aliar ao ordenamento jurídico positivo a interpretação evolutiva, calcada nos costumes e nas ordens normativas locais, erigidas sobre padrões culturais, morais e sociais de determinado grupo social ou que estejam ligados ao desempenho de determinada atividade. Os princípios constitucionais e as garantias individuais devem atuar como balizas para a correta interpretação e a justa aplicação das normas penais. Desta forma, do Estado Democrático de Direito parte o princípio reitor de todo o Direito Penal, que o é o da dignidade humana, adequando-o ao perfil constitucional do Brasil e erigindo-o à categoria de Direito Penal Democrático.
Consoante Martorelli (2011):
A Constituição de 1988 estabelece que a prática do racismo constitua crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. Concretizando essa norma constitucional, foi editada a lei 7.716/89, definindo os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, cujo art. 20, na redação que lhe deu a Lei 9.459, de 15 de maio de 1997, prescreve claramente ser crime de racismo praticar, induzir, ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor ou etnia. Ocorre que o Código Penal brasileiro, em seu art.140, §3º, regula o crime de injúria racial, que vem a ser atribuição de qualidade negativa à pessoa ofendida com elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Em nosso exemplo, “nego safado” seria injúria racial, e não racismo. Para quem estende assim, o crime de racismo consistiria apenas nas ofensas amplas, a dizer, aquelas que importam em agressão à raça em seu âmbito geral e genérico, embora individualmente refletida em determinada pessoa.

O que se pode nesta seara observar e no exemplo elencado é que além de o Código Penal ter dificultado a questão em sua aplicação de pena e na prática penal muitos casos de racismo passam por injúria racial aonde é necessário à representação do ofendido. E em questões de trabalho de acordo com Martorelli (2011) a tutela de proteção contra a ofensa está, portanto nitidamente prejudicada pela interpretação predominante. “Caricaturando a situação, o empresário pode abrir as portas do trabalho ao homem negro dizendo:” está admitido, negro safado.
Postula Braga Neto (2007):
A mediação de conflitos aporta novos paradigmas, que o eixo de atuação e referência do mediador, centraliza-se em princípios diferentes daqueles que a sociedade brasileira está acostumada em seu cotidiano. Por isso, o profissional que irá atuar nesta atividade deve buscar capacitar-se a partir de premissas fundamentais, cujo eixo de referência rompe com a lógica do ganhar para não perder ou mesmo de concessões mútuas. A capacitação acima mencionada deve trazer o conhecimento mais aprofundado e todas as suas diversas manifestações sejam elas ocultas ou explícitas. Passa também pela interdisciplinaridade, que enriquece de maneira fundamental a atividade, graças às distintas e ricas contribuições das diferentes áreas.

Em nosso país há o predomínio de uma produção de litígios aonde não se vê aplicada e de modo totalizado, a resolução de conflitos por alternativas extrajudiciais. Uma das questões é a falta de conhecimento dos próprios operadores de direito em relação a estas questões. Segundo Braga Neto (2007):
Persiste ainda no Brasil muito desconhecimento sobre a mediação de conflitos. Por isso seria importante num primeiro momento lembrar que a atividade é um método de resolução de conflitos em que um terceiro independente e imparcial coordena reuniões conjuntas ou separadas com as partes, com o objetivo, dentre outros, de promover o diálogo entre elas a fim de possibilitar maior reflexão sobre suas questões, com vistas à construção de soluções. A pergunta frequente dos operadores do direito sobre a mediação de conflitos é seu embasamento legal.

O conciliador é um colaborador da Justiça que surgiu há pouco tempo na nossa estrutura processual.
A Enciclopédia Jurídica Leib Soibelman (1985) diz sobre ele:
Quem concilia ou tenta conciliar. Que serve para conciliar. V. conciliar. (Nota do atualizador) - Na lei 9.099 de 26.07.1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais, foi criada a figura do conciliador (arts. 7 e 73), sendo preferencialmente recrutado entre os bacharéis de direito. É um auxiliar da justiça na função de conduzir a conciliação entre as partes (art. 22). Sublinhe-se que se tratando dos Juizados Especiais Criminais, a figura do conciliador restringe-se à composição dos danos civis, não podendo em hipótese alguma atuar em matéria penal, como por exemplo, a propositura de pena, prevista no artigo 76 da referida lei, classificada como transação.

Rousseau (1754), em seu Contrato Social, defende a ideia de que o poder do Estado somente se faz real se cada membro da coletividade concorda em renunciar a uma parcela de sua liberdade em benefício da coletividade. Quem disse que a função de julgar é superior a de conciliar, comete um equívoco, pois, se esquece que a conciliação, como outras formas de resolução de conflitos extrajudiciais, buscam também a pacificação social possuindo a qualidade desde que seus profissionais estejam capacitados, de ser célere e desafogar o judiciário de questões menos relevantes na óptica judicial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando a alarmante número de casos de violência que se transformam em lides que entopem o judiciário hodiernamente, se faz necessária a conscientização do grande desafio que se tornou a função dos Conciliadores e Mediadores. O que fica claro é o fato de que ainda estamos longe de efetivar uma resolução de conflitos voltada para atender esse comportamento social, principalmente, no que se refere à diminuição da mentalidade litigiosa em grande parte das pessoas.

È preciso com certa urgência, uma mudança de paradigma educacional que tenha como meta educar para a vida social e respeitar as diferenças transformando as escolas em locais de aprendizado e fomento a cidadania. A transformação da escola não é uma mera exigência de todas as camadas sociais que ensejam uma escola boa e de qualidade e com bom nível de aprendizado, ela precisa incentivar o não fomento a violência e o respeito aos direitos dos outros.

Portanto a resolução de conflitos tem que passar por mudanças e encarar os desafios, os quais requerem profissionais atualizados e capazes de lidar com esses conflitos. O papel das entidades formadoras é buscar soluções, unir esforços e dar uma resposta mais pontual à atual realidade que passa esta seara.
O terceiro imparcial quer seja da área jurídica ou não, é a peça fundamental que produzirá a pacificação do modo mais rápido e nesse processo, necessita de incentivos para transformar-se em um parceiro pedagógico dos operadores do direito, atuando em conjunto, refletindo e articulando ideias que ajudem em seu trabalho para que possam buscar a qualidade da resolução de conflitos e consequentemente, o fim da violência nas escolas, lares, igrejas e o bom convívio no âmbito social.
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A PSICANÁLISE E A EDUCAÇÃO

As teorias de Sigmund Freud sobre o psiquismo humano foram em sua grande maioria hodiernamente homologadas pela nossa ciência em constante evolução e rompimento de paradigmas. A Psicanálise não pode mais ser descartada como se fosse uma quimera de um homem em sua soberba intelectual. A Psicanálise tem ajudado um número incontável de pessoas em todo o planeta; e se faz mister, lembrar, que apesar de alguns psicólogos e psiquiatras ainda torcerem a cara sobre o tema, pois sai completamente do adestramento humano, a neurociência tem dado apoio a vários tópicos da psicanálise. Faz-se necessário lembrar que a psicanálise não se resume a Sigmund Freud e que foi largamente ampliada por seus sucessores.
No processo de ensino/aprendizagem, a psicanálise é ferramenta imprescindível na prática educativa. Uma compreensão mais densa sobre o desenvolvimento do ser humano em todas as suas fases, passa ser de extrema importância na questão do que seja o aprender. Advogo a tese de que o processo de formação de qualquer profissional e principalmente aqueles profissionais que tivessem que lidar diretamente com pessoas, como os docentes, se faria imperativo, a existência de mais disciplinas que estivessem voltadas ao comportamento humano, pois ajudariam a capacitar o professor em sua práxis.
Um profissional da educação que tivesse formação também em teoria psicanalítica, ainda que não fosse clinicar, digo, uma formação específica em psicanálise voltada exclusivamente para educação, reduziria bastante alguns conflitos que podem ser observados dentro das salas de aula onde o epicentro ora está no aluno e em alguns momentos, no docente.
Se eu professor, que sou falível, como qualquer outro profissional, que em certos momentos não consigo lidar com minhas próprias emoções e cotidianamente meto os pés pelas mãos, até porque sou também humano, como posso ter condições de realizar uma tarefa das mais importantes que é o ensinar de modo adequado e com qualidade, trabalhando com pessoas que são seres em eterno vir-a-ser, que possuem dores físicas e, sobretudo emocionais que afetam de modo pontual o seu dia-a-dia, se não possuo tais saberes?
Como posso ter a habilidade de avaliar o meu aluno em todo o seu universo de potencialidades e limitações, fomentando sempre a sua criatividade que em alguns casos não serão tão pontuais, se naquele instante, o vejo apenas em alguns nuances, na parte e não no todo? Como serei justo dentro desta seara se por causa dos meus problemas internos, a minha capacidade de análise e objetividade foi comprometida pelas simpatias e antipatias e que na grande parte dos casos e nem me dou conta disto?
Como conseguirei não deixar de deslocar para alguns alunos as minhas mazelas psíquicas punindo em alguns casos, aqueles que têm pensamento próprio, que conseguem captar nuances da realidade que eu ainda não consigo ora por não ter estudado tal assunto ou ainda por ser de outra época e acreditar que não preciso aprender mais nada e só conseguir ministrar os conteúdos de maneira eficiente, se utilizar das antigas fórmulas para resolver os cálculos de física e matemática não admitindo maneiras alternativas de resolução principalmente quando não as souber?
Alguns docentes, como quaisquer outros profissionais, não possuem habilidades para gerenciar a sua psique e as psicopatologias que ali se albergam; quando estão dentro das salas de aula, não lidam de modo apropriado com algumas situações específicas do seu cotidiano. A docência está entre uma das mais estressantes profissões; existem professores que trabalham os três turnos para poderem ter uma qualidade de vida melhorzinha, devido à baixa remuneração que em grande parte do processo, se torna um vetor de alta condutividade às frustrações.
A Psicanálise pode ajuda o ser humano no seu processo de autoconhecimento; o tratamento psicanalítico proporciona um olhar direcionado sobre o nosso ser, escancarando as minúcias da existência individual sem os encarceramentos minimalistas de outras vertentes; a psicanálise liberta o indivíduo das convenções sociais e culturais conduzindo-o a um encontro especial e voluntário com o self; uma viagem emocionante que passará diante de nossas sombras, permitindo destarte, que possamos compreender melhor as outras pessoas em sua essência tendo como premissa o olhar direcionado a nossa humana condição.
SAPERE AUDE!

BRASILIDADE: VERDADE OU MITO?
Do Oiapoque ao Chuí, quando se pensa em um elo a cada pessoa que habita a vastidão da terra brasilis, o que vem ab initio, de pronto, são as características extrínsecas mais conhecidas e divulgadas no planeta, que o brasileiro é: alegre, sensual, pacífico e hospitaleiro.
As matrizes étnicas formadoras do povo nação que surge no Brasil, não tem o assento na colonização e sim, no relevo de um conjunto de povos distintos que são obrigados a uma sobrevivência fomentada no caso dos portugueses, na resolução do problema carcerário lusitano com o envio da escória para explorar as riquezas aqui existentes.
Em se tratando dos habitantes que aqui já existiam, sua ingenuidade, espanto e dignidade, os conduziu a um grande genocídio, que só não foi maior, devido a sua fuga para as profundezas da floresta e à beleza das índias que eram acostumadas a passear nuas em pelo, mostrando suas vergonhas sem malícia, que foram exploradas sexualmente, tornando-se mães de bastardos que serviriam como mão-de-obra futura.
O negro trazido á força, sobretudo da Costa Ocidental Africana, para o trabalho escravo, teve uma atuação a priori passiva na formação do futuro povo brasileiro, mais que, pari passu, se transformou na força motriz da nascente nação, apesar de sempre tratado como animais de carga conseguiram manter viva suas tradições tornando-se desde sua chegada, parte do cabedal genético do que somos hodiernamente.
Toda esta miscelânea de povos que se transformou no que a nação brasileira é atualmente tem uma característica em comum: sua coisificação na mão dos ditos civilizados. Seria este o liame que faz com que sejamos conhecidos mais por características ligadas a um comportamento passivo, sensualmente excessivo, na aceitação de mazelas tendo a esperança apenas na divindade, no frequente é assim mesmo, e sempre e acima de tudo na valorização excessiva a tudo o que é estrangeiro e na constante vontade de festejar?
Poderia se pensar que uma vez que recebemos todo este patrimônio cultural e psicológico, deveria ser conditio sine qua non, para que agíssemos de modo tão peculiar? Esta brasilidade que parece ser como nosso DNA, poderia ter sido fomentada? Será que o que nos une, acima de nossas famílias, cor da pele, modo de falar e lugares aonde nascemos não passa de um mito com interesse de dominação?

A falta de interesse e por outro lado o medo, de grande parte dos brasileiros para participarem de lutas onde estão envolvidos direitos e garantias fundamentais, tem sua raiz antropológica oriunda em um estado de psicológico de passividade que foi aprendido e fomentado como forma de controle dos mestiços que aqui se formaram.
Este comportamento também é encontrado em famílias que não trazem na carne, uma história de usurpação de sua humanidade e que fazem parte dos povos que participaram no outro lado da formação da gente brasilis: os europeus que aqui em massa vieram após a abolição da escravidão. Estas são propagadoras do: deixa disso! Para que tanta preocupação com uma situação que não pode ser mudada mesmo?
O viés ideológico é uma das ferramentas mais utilizadas para a manutenção de um status quo de quase indiferença, aonde se insere que as coisas foram e sempre serão assim, dá a forma do quadro que se manifesta repleto de absoluta apatia; grande parte da população acredita que a corrupção na política é normal; outros a defendem afirmando que desde que o político faça alguma coisa que diga de passagem, lhe é merecido, devemos simplesmente ignorar o fato de que ele se aproprie de algo; quase como uma forma de compensação.
Como se dá a construção de uma unidade coletiva? Será que os referenciais mais usados são as características comportamentais da maioria em uma tentativa de padronização cultural? Onde está o epicentro? A gênese é nata ou foi criada? Teriam estes segmentos morais e psicológicos algum vínculo com uma tomada passiva de consciências ditada pelas elites políticas donas do poder, no já antigo mais não ultrapassado, discurso de massificação?
Ao lançar um olhar sobre estes questionamentos um observador não atento poderia pensar que isto seja palavrório sem sentido, sem um porque de ser. Será mesmo assim? Talvez interesse mais a maioria da população, qual será o próximo sucesso de Michel Teló, quantos gols o Neymar irá fazer, se no Big Brother irá ter alguma atriz gostosona Global seminua, se o candidato a Prefeito que escolhi irá me dar àquela vantagem, aquela; não quero dizer que não se possa ou deva pensar em tais elementos; o que põe aqui e não só.
Por que será que existe tanta discriminação aos afro-americanos? Alguém poderia dizer: Não existe não! È óbvio que existe! Discriminar não consiste em apenas denegrir a pessoa mais também, seu modo de pensar, acreditar, se vestir enfim, todo o complexo de comportamentos que definem o seu existir. Ainda hoje não se dá efeito civil a celebrações matrimoniais de cunho africano a título de exemplo. Quem é que disse que a religião deles não serve? Quem pode afirmar que não existe Deus em seu modo de se relacionar com o sagrado?
O nosso interesse político está muito aquém do ideal; isto é fato explícito que se torna visível nos mais variados rincões brasileiros; ainda hodiernamente existe o voto de cabresto; o voto de compromisso consigo ou com o patrão. E qual seria a razão de ser desta atitude estéril a padrões de ética, preocupação real com a nação e separação entre o que público e privado? Poderia se afirmar que os detentores do poder, manipulam as pessoas a acreditarem que apenas por intermédio deles é que conseguiram algo em suas vidas; apenas com a sua grande bondade é que eles fazem o favor de ajudar a nação.
A compreensão daqueles que estão ocupando cargos de mando público que não são vereadores, prefeitos, ou governadores, ou deputados ou senadores ou ainda presidentes; eles estão nestes casos para servir não a eles mais ao povo; ao povo!
Os povos indígenas têm suas próprias leis e modos de encarar a realidade; não devemos obriga-los a seguirem os nossos costumes. È evidente que aqueles que vivem fora de aldeias devem se submeter às leis do país; agora querer impor o que é nosso em detrimento de sua cultura e também um processo de desumanização e ao mesmo tempo uma rotulação de necessariamente certo e bom.
Uma consciência mais observadora se faz com estudo formal mais denso e crítico. Ao olharmos as nossas instituições de educação o que pode observar amiúde é a péssima educação que temos! As nossas Escolas, Faculdades e Universidades não fomentam a pesquisa nas áreas sociais, não apoiam os alunos com senso crítico mais apurado; elas preferem aqueles indivíduos que reproduzam os discursos dos professores, que ficam quietos sem fazer perguntas mais profundas e relevantes, que não reclamam dos péssimos professores, das atitudes arbitrárias de Coordenadores e Diretores. Os que o fazem são perseguidos das mais criativas formas.
São pouquíssimos os Professores que dão espaço a questionamentos mais complexos e que ligam o conteúdo da disciplina a situação em que o país está passando. O nosso sistema educacional é reprodutor das mazelas, da passividade e da falta de criatividade. O aluno não pode extrapolar a resposta já esperada com dinamicidade. Ele tem que escrever aquilo que está escrito ipsis literis, naquele único livro que o professor usa.
Nos consultórios de Psicólogos e Psicanalistas, o número de crianças que trazem dos médicos o rótulo hiperatividade está aumentando de maneira absurda; uma criança não pode mais não gostar da aula e conversar um pouco com outra que já recebe a alcunha de hiperativa; qualquer atitude que não seja de se manter quieta como um robô, já é motivo para os diversos rótulos psiquiátricos; o dado mais alarmante é o início precoce do uso de psicofarmácos; a indústria farmacêutica é claro, sempre agradece.
Outra pergunta caberia aqui: quem é que pode afirmar que os mais variados interesses imediatos, portadores de vieses psicológicos confortadores, atuais, mas, não relevantes, não seria uma estratégia de manter a grande parte da população em uma zona de conforto, no mundo encantado do faz de conta aonde os ditos cidadãos, só se realizam através de gols, filmes, cerveja e batucada, programas de auditório, novelas, carnaval e propagandas de carros ou casas.
SAPERE AUDE!

Inadequados

É sempre mais fácil associar o diferente ao ruim e ao pedagogicamente inadequado.Sou constantemente procurado por pais de alunos que vêm na esperança que os possa ajudar em relação a inadequação do seu filho a escola x ou y ou ainda as escolas y, j, h, e x. Os pais chegam tristes, ansiosos na esperança de que eu seja a luz no fim do túnel; que eu diga que seus filhos ainda têm jeito.

Na grande maioria dos casos, posso afirmar que o processo de avaliação das escolas e o Professor em alguns casos, é que não estão em sintonia com a realidade hodierna de nossa sociedade e estes sim, são os verdadeiros inadequados, oriundos de uma educação bancária, classificatória e alienante que tem como viés básico, a homogenização dos alunos que precisam se moldar a regras e processos de avaliação ultrapassados.

É sempre mais fácil associar o diferente ao ruim e ao pedagogicamente inadequado. Existem Professores que não sabem trabalhar as diferenças; que querem automatos em suas salas de aula; que não valorizam as discrepâncias das inteleligências individuais; que não se importam com a situação psicossocial que o aluno vive; o que ele quer e que este indivíduo por mais distante que sua realidade seja e esteja do que é proposto pela escola, tenha que se virar em 20 e se adequar; até no que diz respeito a velocidade do processo.
Tudo atualmente é rotulado como Hiperativo; se a criança conversa um pouco a mais, o Professor x já afirma:não aprende porque é hiperativo! e o veredito já está dado. Nem por um segundo, ele se questiona na possibilidade de o problema não ter como gênese: a sua falta de preparo pedagógico; a sua má vontade de ensinar; a sua inadequação a profissão; os seus problemas pessoais estarem interferindo na sua prática como profissional da educação.

Não quero afirmar com isso que todos os Professores estão nesta posição; é lógico que temos profissionais responsáveis, adequados a função que procuram todos sos dias se aprimorar seja estudando as novidades de sua área, seja fazendo capacitações e até mesmo, procurando profissionais de saúde mental que possam ajudá-los a se conhecerem melhor e estarem mais aptos a trabalharem com seus limites e principalmente com o limite dos outros.

Se queremos ter uma educação de qualidade temos que preparar melhor os Professores; em sua formação, deveria haver mais disciplinas realacionadas a Psicologia, Psicanálise e Psicopedagogia com pelo o menos o básico destas áreas, para o o profissional da educação que atua na linha de frente, estivesse mais apto a enfrentar com mais propriedade o leque extenso de situações porque passam; acima de tudo, tem que se melhorar o seu salário e llhe possibilitar mais horas de lazer para que possa atuar em sua profissão com mais dignidade, melhor motivado e destarte, mais adequado ao processo pedagógico.

Ação Afirmativa e o Princípio da Isonomia

Desde remotas eras, existem pessoas que se preocupam com as questões relacionadas ao tratamento desigual que sofreram , sofrem e se não houver mudanças pontuais, sofrerão um número incontável de pessoas, que não se encaixam no perfil definido como bom, belo e unicamente correto, dentro do ideário eurocentrado, que compreende caraterísticas fenópticas e em alguns casos com o avanço da genética, futuramente, genópticas.

Para Aristóteles, o conceito de igualdade estava vinculado em tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente. Sabe-se hodiernamente, que a sociedade grega não era dentro dos critérios do nosso estado democrático de direito, predominantemente isonômica.



As Ações Afirmativas são um conjunto de ações políticas que mostram que na realidade, apesar de sermos uma nação que vive ou deveria viver sob um Estado Democrático de Direito, as pessoas não são tratadas igualmente e, como consequência imediata, não possuem as mesmas oportunidades, o que impede o acesso das mesmas, a locais de criação de conhecimento e de negociação de poder.

Dentro do viés de acesso a instituições de conhecimento, se criou o sistema de cotas para negros dentro das instituições de ensino superior, com a alegação de alguns operadores do direito de se compensar uma parcela da sociedade que foi por muito tempo, prejudicada.

A pergunta que se poderia fazer seria a seguinte? Seria justo compensar uma discriminação por outra? No caput do art. 5º, da Constituição Federal, começa com a seguinte expressão: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.....”. O critério que deveria ser utilizado, de acordo com o referido, não é o total aniquilamento de qualquer prática discriminatória que atinja esferas humanas?

Quando nós evidenciamos uma parcela da população em detrimento da outra, será que não estamos cometendo o mesmo absurdo? Isonomia não é igualdade para todos?

Quando se abre um precedente a um determinado grupo de pessoas, objetivando dar a este, condições de viver com dignidade, medidas imediatistas de solução para o status quo, sem vislumbrar os possíveis efeitos a curto, médio e longo prazo, cria-se um vício de inconstitucionalidade, abrindo-se precedente para que qualquer outra classe de pessoas que sintam discriminadas, também o faça.

Isto até pode parecer certo, em primeiro momento, mas o mais correto e que se deve de fato ser feito, é criar políticas públicas sérias, que concretamente deem ênfase real ao art. 1º da Constituição Federal em seu caput, para que os direitos fundamentais e a dignidade humana sejam sempre o caminho reitor de todo ordenamento jurídico e a sua efetividade, uma prática amiúde comum.

Não podemos enveredar por caminhos obscuros que firam os princípios constitucionais, submetendo o país a ideologias eleitoreiras mascaradas de dádivas de bondade e comprometimento social de fato.