Aleph K. Wagner
As pessoas que temem a Nova Ordem Mundial são justamente as mesmas que praticam a religião do poder sobre a vida dos outros. Determinam tudo o que uma pessoa deve ser e fazer e se sentem ameaçadas, ofendidas e confrontadas com o que os outros fazem de si mesmos. Os que se opõem ao controle são exatamente os que desejam controlar. Se a Nova Ordem é uma ditadura convém acreditarmos que isso é o cumprimento do desejo de premiar e punir, que é exatamente o sistema defendido pelos que se fazem de vítima justamente para obterem as rédeas estatais ou capitais para perpetuar seu absolutismo disfarçado de boas intenções.
Transformar gostos pessoais em leis é a síntese de um universo jurídico que enlouqueceu com o vício do poder. Esse é o destino de qualquer lei e autoridade: decisões judiciais que mais parecem ataques psicóticos incuráveis. O poder engolirá o poder.
O dualismo está causando a ruptura entre coisas complementares. As pessoas estão em conflito e quem se beneficia é quem lucra com os dois lados. A competição estimula a dedicação do escravo. É momento de unir os opostos, de gerar através da simbiose natural. Esta é a verdadeira ciência, que objetiva entender que os opostos só se autodestroem se forem considerados estranhos um ao outro, mas como a complementaridade do dia e da noite, homens e mulheres devem encontrar seu elo e não sua hegemonia individual.
O ciúme, a inveja e a posse geram a cegueira de perceber que o objeto de sua possessividade tem seus próprios desejos. Ainda que você procure restringí-los está enriquecendo o inconsciente do outro, que ao primeiro sinal de desejo refreado, não entenderá porquê isso invade sua mente. O inconsciente grava todo fruto proibido e o maior erro que alguém pode cometer é proibir aquilo que jamais foi dito e desejado. Isso explica por que crianças agem pelas costas de seus pais recorrendo a mentira ou porque queremos amenizar a culpa delas apenas para não perdê-las para si mesmas.
Desconfio que nossas crenças metafísicas sejam na verdade o nosso futuro. Seremos espíritos, criaremos mundos etéreos e construiremos Deus, sacrificando nossa real essência e levando o mundo a destruição.
Os loucos ou são aqueles que ficaram presos na ilusão que é a mente, ou são aqueles puros homens que cultuam a natureza em si mesmos, desprezando o mundo mecânico e amordaçado da sociedade dita saudável.
O neoliberalismo compra os conservadores com promessas de riqueza e ordem e os progressistas com vícios hedonistas e "direito" ao consumo. Falsa ordem e falsa liberdade dividem o povo para que este não destrua a ordem, o progresso e a liberdade das elites que os objetificam.
Fascismo não é meramente a aceitação da natureza do poder, mas também o desejo de perpetuar o poder acima de si mesmo.
A luta de classes é uma forma de fazer os pobres amarem as riquezas e invejarem o poder dos ricos. Os pobres querem acesso aos recursos do mercado ao invés de se apropriarem dos recursos naturais e boicotar o sistema financeiro. Não querem comida e bebida? Não, querem o poder de comprar os produtos dos milionários. É a revolução da inveja.
O universo é autofágico. Alimenta-se de si mesmo. Transmuta-se e essa é a sua eternidade. Somos células que alimentamos esse Universo para depois dar lugar a novos seres. Esta é nossa finitude e eternidade.
O deus punidor da religião é de fato o poder temporal constituído. É ao coletivo que o indivíduo teme.
A reação da ação humana é meramente coletiva. A mecânica das leis universais são injustamente usadas pelos que se julgam representantes ou escolhidos pelo universo. Não há moralidade no cosmos. O Deus dos sacerdotes é o ego do homem, a ordem imposta que governa sobre o medo.
De fato a mente e as ideias são involuções do animal humano, pois no fim, toda ação humana resulta em testificar que o homem busca sua animalidade de volta.
Desde que caiu na dualidade moral do "não faça" não parou de escolher e argumentar suas escolhas febris.
Os sem lei governam os que tem lei. A obediência e a domesticação, a culpa e o medo ficam para os fracos, daí que os obedientes e submergidos na mentalidade coletiva são tratados como animais e classificados de acordo com sua utilidade.
Destrua a ideia ilusória de perfeição que as pessoas atribuem às suas crenças e posses e verás que já nascestes em território inimigo. A mentalidade coletiva é burra.
Algumas das coisas que admiro nas crianças é sua disposição para perturbar a ordem pública, viver o hoje e ser hostil às imposições.
Não acredito na mente, na humanidade nem em concepções baseadas no tempo.
O paraíso humano era o não conhecimento, a não lei moral psicológica coletivista. Era a unidade com o Todo.
O homem moderno e sua crença na mente mágica superior, escravo da linguagem e do abstratismo coletivista é mais robotizado, estúpido e decadente que um homem primitivo.
Consideramos "inteligentes" os animais que obedecem nossas ordens. Consideramos que eles evoluem quanto mais atendem a cada ordem nova. Evolução é submissão. A humanidade segue como um burro perseguindo uma cenoura pendurada em uma vara de pescar.