Alba Atróz, escritor
Após viver, há a necessidade de morrer para dar lugar a outros que vão nascer e seguir o processo dos antecessores - até aí, tudo bem, é uma vez de cada, sei; porém, é inaceitável que roubem a vez quando matam as pessoas, precocemente, quando deveriam cuidar do direito que elas tinham de viver antes de morrerem...
Quem nunca se indignou quando suas melhores respostas e pensamentos se esconderam num limbo acovardado da mente quando deviam justamente aparecerem pra refutar as falas simplórias e imbecilizantes dos idiotas?
A certeza plena de que lado estamos não se dá de forma teórica, cômoda e pacífica - só temos realmente convicção de qual é nossa real posição quando, sob violência física ou moral, somos obrigados a ter que dizer sim ou não às nossas lutas, afirmar ou negar nossas ideias e ideais, tendo que escolher entre o viver como um hipócrita-traidor ou morrer definitivamente pelo que dizemos acreditar...
Se não gostam de você, procurarão desfazer e boicotar seus inúmeros acertos com apenas um erro seu...
Vamos a bordo de um excludente navio que, em caso de um naufrágio, não oferecerá bote ou coletes salva-vidas pra nossa classe social...
Amar alguém sem reciprocidade é ver numa escuridão noturna quem nem ao menos consegue te enxergar nitidamente na claridade do dia...
Quando lemos algo incrível e corremos eufóricos para compartilhar a imensa descoberta, e ninguém parece entender a dimensão disso, nos sentimos náufragos, sozinhos e isolados numa ilha do saber...
Se seus inúmeros acertos incomodam, quando não inventarem que errou, esperarão que erre uma única vez para acabarem contigo...
Sou alguém que está sempre à procura de romper com os padrões sistemáticos e coercivos que retiram a liberdade do indivíduo - reside aí a minha principal motivação...
"É difícil para muitos ricos desprenderem-se do que se associaram para posicionarem-se por um mundo mais igualitário, quando isso significa estar disposto a reconhecer e dividir de uma forma mais justa, negando assim uma excludente e privilegiada posição social por ele herdada e adquirida...
Uma vez ou outra regresso ao lugar onde minha memória alcança pra rever o que me fez chorar e sorrir...
Flertam com o fascismo à espera ansiosa de uma ordem dele. Enquanto ela, a ordem maldosa não vem, eles, achando-nos incautos-acríticos, sob uma trama velada, cumprimenta-nos simpaticamente pela frente para em momento exato apunhalar-nos cruelmente por trás...
De onde eu venho o "NÃO" é uma palavra bem conhecida, faz parte da realidade do meu povo. Gratuitamente já se nasce e se convive com ele normalmente no dia-dia - já o "SIM" sempre foi um sonho distante, quase inalcançável; algo que se precisa vencer cruéis barreiras físicas, emocionais, socioeconômicas para obtê-lo...
Estamos a bordo, em acomodações de terceira classe, é claro!, de um luxuoso e excludente navio que, em caso de naufrágio, não nos oferecerá bote ou colete salva vidas...
É chegada a hora de se posicionar, encarar estrategicamente a dura e vil realidade de frente, se quisermos ter, nem que seja, uma mínima possibilidade de vencê-la.
Vítimas ingênuas, inseguras, tomadas por um medo imaginário, não se unem a ninguém que queira entrar em confronto com o opressor, mas se unem contra quem tentar libertá-las do opróbrio que o próprio opressor, alienador, incutiu ser uma condição normal, uma justificativa pra elas se manterem vivas...
Pra uma mente diversificada e vibrante, liberta de amarras, com tantas grandes ideias pululando, num fluxo enlouquecedor, é impossível não observar a superficialidade dos assuntos e não agir em detrimento de tolices como também não criticar ou rechaçar ideias tolas demais...
Vivi boa parte da vida ouvindo a objetividade alheia dizer-me que a minha subjetividade nunca me levaria a lugar algum...