Alba Atróz, escritor
JARDINAGEM LITERÁRIA - HAIKAI
(Escritos de Alba Atróz)
Palavras plantadas em terra fértil, verbos regados por um artífice,
faz florescer um lindo projétil
e magníficas pétalas em seu ápice.
Paulo Nosso (paráfrase de um excerto de Cristo)
(Constructo de Alba Atróz - 15 de janeiro de 2019)
Paulo nosso que estais no céu
Difamado tem sido o teu nome
Venha a nós os vossos feitos
Seja praticada tua Freire literariedade
Assim na escola como pros réus
A pedagogia crítica nos dai hoje
Que vençamos todas essas ofensas
Assim como os terríveis planos do sistema que nos quer oprimidos.
Não nos deixeis cair na alienação
Mas livrai-nos com teus livros e tal - Amém!
Flertam com o fascismo à espera ansiosa de uma ordem dele. Enquanto ela, a ordem maldosa não vem, eles te cumprimentam pela frente sob sua trama velada que só o criticismo enxerga...
Alba Atróz resistente
(Constructo poético - 20/03/2016)
Assoviou-me o vento
Movo-o ao bater minhas asas
Arremeti-me num abismo
Rumo ao solo em que o diverso caminha
Repararam-me desde o auge de um edifício depredado
Acompanharam-me jogar-me num vão e planar levemente
Sou uma ave estrangeira
Pousei levemente entre humanos resignados e me vi num fluxo deprimente tentando sobreviver
longe do meu habitat natural
"Não adianta o galinheiro tentar desvelar a verdade e seus perigos a uma galinha cegamente apaixonada pela ludibriante e sedutora raposa disfarçada de galo..."
Os tolos plagiadores saem por aí deslavadamente carregando suas falsas identidades levando com eles as grandes ideias originais surrupiadas de ti...
Tenho às vezes uma sensação ruim e medo de não passar de um tolo iludido, achando-me um grande pensador que na realidade posso não ser...
Entre todas as mentiras possíveis, mas que não se deve praticar, há especificamente aquela que se camufla em boa intenção e que ilude o tolo que a pratica em nome disso
Desafinei meus grandes pensamentos quando, acovardado, temendo a sarjeta, ingeri tolices por um mísero salário...
Às vezes, quando várias ideias somem de minha mente, sinto-me retornando ao mundo obscuro e enganoso no qual um dia morei e não conseguia desvelar...
Eu caí no mesmo, não mais distinguiram-me; deixei de ser interessante, daí virei só mais um sem traços de genialidade...
A idade avança, tudo silencia, as incertezas crescem, a cova se aproxima...
O relógio não para, ninguém mais tem tempo,
Tudo parece engolir-nos, tudo é imenso
O telefone não toca, embora ainda o pague, as mensagens não chegam, triste fase...
As lembranças se avolumaram, as crianças cresceram, a mulher foi embora, meus livros nem leram
Silenciei, travei quando ela não respondeu minha mensagem - não consegui reagir diante desse gelo...