Alba Atróz, escritor
Viver sob opressão é enxergar o mundo como uma cova onde o opressor te jogou dentro para que seja enterrado vivo...
Se sua intenção era apenas aparecer usando as pessoas, então não se importará em apagá-las, negando-as como suas ajudadoras...
É difícil ter que decidir na incerteza, diante de uma coercitiva necessidade de arriscar-se dizer sim ou não.
Não morrerei como um indigente, um anônimo, alguém sem importância. Meus grandes escritos serão minha principal herança e hão de certificar que por aqui eu não passei em vão.
Muitas vezes não conseguimos viver, mas sobreviver - apenas vingamos numa terra em que leis de privilegiados nos crucificam.
Que meus versos ericem pêlos e chacoalhem almas - quero perturbar, causar insônias pelas profundas reflexões advindas de uma impactante leitura.
No obscuro, vou refletindo sobre o quanto ainda é importante verbalizar para os grandes literatos, numa linha de frente, angariando leitores atentos e passando por diversos crivos críticos, mesmo fazendo-me de idiota para os famosos poetastros em terra de cegos que, infelizmente, nunca me enxergarão, sei bem disso...
E me vem surgindo você dentro de mim, forte, resistente em meu coração, em meio a todo o abandono que sua ausência física me traz
Muitas vezes, ao doarmos nossa saúde e nos arriscarmos em prol de um importante ideal, nos sentimos facilitadores daqueles que, numa zona de conforto, aproveitam para somente aparecer em cena quando tudo, depois do nosso intenso e desgastante esforço, está pronto...
Alba Atróz não é um espectador de ações importantes, mas um membro efetivo, participante ativo delas...
O maldoso opositor não dá a mão ao nos ver pendurados em nossos abismos, antes ele tratará de chutar-nos afim de apressar nossa queda...
Se é difícil rancar um amor de seu coração é porque ele marcou profundamente sua vida - este óbvio constatei, o que me fez renegar as ideias egoístas e separatistas que numa época preferi manter, e por isso afastei de mim quem agora gostaria muito de ter por perto...
Ideias que atravessem tempos, ultrapassem os limites da minha própria existência, em detrimento de efêmeras - propagarei!
Perante seus interesses, o dissimulado mascara seu verdadeiro eu com uma fingida bondade e carinho que no momento propício somem para a maldade e frieza se revelarem às costas de quem - na vitória de seu plano - ele conseguiu seduzir, e que, por sua vez, ficará inconformado e estarrecido, se perguntando como pôde deixar-se enganar pelas aparências...
"É difícil para muitos ricos posicionarem-se por um mundo mais justo, quando isso significa estar disposto a dividir de uma forma mais justa, negando assim uma excludente posição social por ele herdada..."
Tirei muitas vezes o último centavo do bolso - fiquei duro! - quando vi que ficar sem nada de finanças era conseguir - por um momento! - ajudar a sanar um problema que alguém verdadeiro estava passando num instante...
Algumas vezes cheguei a escrever textos para replicar falas de tolos e imbecis, mas acabei apagando-os por entender que arrogantes ou ignorantes analfabetos são incapazes de ler nuances...
Sem percepção e dureza de coração, te rejeitarão até a morte, depois disso, caem em si, refletem ou sentem remorso, e te ressuscitam dizendo que realmente você tinha algum valor...
Livramento
Vamos livrar o mundo, pois assim...
Me livro, te livro, nos livramos.
Um dia livraram-me! Livraram-te! Livraram-nos! Alguém livrou-se e livrou-nos! Enfim, nesta livração, hoje somos livros! Viva a nós os livreiros! Viva o livramento!
(Constructo de Alba Atróz - 27 de dezembro de 2018)
A Pêra de Pixote
(Escritos de Alba Atróz - 05/12/2015)
A ama de leite adocicado com pêra
Deu de mamar, sua mamadeira
A Fernando Ramos, "pixote"!, sem deixar de ser Fernando, tão pobre!
Se unem, se trocam, substituem ausentes,
Tão saudosas figuras do tempo e da mente...
Mãe adotiva, "sueli"-Marília acolhendo seu novo ente.
Um dia sôfregos nas ruas neo-realistas de Babenco,
Se acariciam hoje, quiçá, num céu sem lamento.