Aimara Maia Schindler
Deus revela a ubiquidade da Sua presença quando me detenho a olhar pra o alto; infinitude, a se revelar na grandiosidade do universo; mas quando eu persisto a olhar pra baixo, obliquidade do meu eu; abatimento, me deterá e tolherá de comungar com Ele, sem ascender as minhas limitações e maiores aflições.
Como crescer, ser adulta dói... deixar de lado, a simplicidade de pequenos detalhes, que nos encantávamos, e não cansávamos de olhar, observar, afagar; aquele bichinho de pelúcia que era o meu maior confidente, fonte de afagos, abraços...
A gaiola que ficava vazia apenas de enfeite, sem eu ter coragem de aprisionar o belo pássaro que pousava na janela, que todos os dias, me agraciava com uma maviosa cantoria; sempre me inspirando a devanear e a escrever em meu diário.
As flores que perfumavam o ambiente do meu quarto, da nossa casa; e que me alegrava demais, pois sempre me lembravam as festas, as datas comemorativas, amor exalando perfume; pois meu pai sempre alegrava a minha mãe trazendo flores para ela.
Como eu era inocente em pensar que ser adulta era apenas usar a maquiagem de minha mãe, usar as suas bijouterias, usar os seus vestidos, e o melhor desfilar, para cima e para baixo, com os seus sapatos altos; era tão feliz em apenas imitar a minha mãe.
Apreciava demais ficar me olhando no espelho, e a cada dia, perceber que estava crescendo, empinava os meus pés, só para ver como eu seria mais alta, mais crescidinha; também amava arrumar a minha mala sem ter nenhuma perspectiva de viajar; e a desarrumava inúmeras vezes, começando tudo de novo, sorrindo e me alegrando.
Como era bom ter alguém para me inspirar, espelhar; pensando que o fato de bisbilhotar a sua frasqueira, o seu guarda-roupa, fosse o passaporte, maior garantia, para eu ser uma bela mulher, bem sucedida, amada, igual a minha mãe.
Como crescer, ser adulta dói...sem ter mais alguém, pra me inspirar, imitar, amar, com a mesma simplicidade de uma criança...
Minha mãe, já morreu, e os seus pequenos tesouros, a minha disposição, não existem mais...no meu mundo de criança desencantada, com o meu sonho realizado, de ser adulta!
Oração é o gemido da alma; benquista de Deus, a viúva insistente diante do juiz iníquo. Persistente, quem suplica, assiduamente, sem desanimar; clama, veementemente, sem cansar; ora, dia após dia, sem cessar; ora, ora, perante ao nosso amado Pai celestial.
Tão longe tão perto, a tocar, acarinhar, soerguer, ajudar, interagir sem nenhum impedimento, sem almejar conter, deter, reter ...
Alguns encontros são inusitados, entretanto, arquitetados por Deus -- unindo pessoas tão diferentes entre si -- em uma única direção, em um só objetivo, e em uma extraordinária missão.
O infinito do teu ser em mim, me fortalece, é um elixir que me revigora, sem me cansar; sempre, perseverando, transcendendo as dores, seguindo em frente ...
É feliz quem celebra uma parceria que transcende a linguagem; sentimento sendo traduzido a cada instante sem nenhum entrave.
A infinitude do teu ser reflete, com perfeição, a eternidade que te circunda ... inexoravelmente, te envolvendo, absorvendo totalmente ...
Chuva torrencial, chove; chove sem parar; prenúncio, alerta que é TEMPO DE FICAR CALADO, meditar . ..
O infinito do teu ser reflete a misericórdia e a graça de Deus em te agraciar com tal dádiva estupenda, eternidade ao teu dispor, sem fim ...
Lembrete Noturno: Não se abaixe muito, nem rasteje no chão, para caber no espaço, bem apertado, alheio.
Amor é a carruagem reluzente, que carrega todos os tesouros incrustrados de pedras preciosas; tesouros preciosos, mui valiosos.
Absorta, bem aconchegada, quietinha, VEM sol, vem magistral SOL, os teus raios repousam sobre mim; o teu fulgor, a me acolher, encantar, aquecer ...
Nós, mulheres, devemos agradecer "a quem" nos aconselha, nos exorta, a sermos mulheres sensatas, prudentes, sábias. Assim, nós aprendemos a jogar com muito esmero, paciência, inteligência, o Jogo de Xadrez da Vida ... que perdendo ou ganhando, seguimos, sempre, em frente -- acompanhadas ou sozinhas ...
Os personagens dos livros que leio, releio, sempre ao clímax do enredo instigante, eles se revelam face a face, quem realmente são ... Meu Deus, eu clamo, oro, suplico, por que é tão difícil conhecer realmente, profundamente, outro SER? Será, meu Senhor, que conhecer outrem, seja semelhante a descascar uma cebola, camada após camada, lágrimas após lágrimas ... Por que, meu Pai celestial, VIVER rima tão bem com SOFRER, e deveras rima com interagir, CONVIVER com o próximo tão estranho, de múltiplas facetas, mui diferente, oposto?
Nunca esquecer! Ainda bem, que Deus me agraciou, abençoou "com olhos" que veem, muito além da aparência, da aparente "dita realidade" da maioria das pessoas ...
Tudo que "NARCISO" não compreende, desconhece, não aceita, acha feio, absurdo ... Apenas sua imagem refletida na Fonte das Vaidades, o encanta, o inebria, o preenche totalmente. A beleza do seu mero físico, que enrruga, envelhece, fenece, basta, é suficiente, para si mesmo; o mito que ele criou o alimenta materialmente, sustenta espiritualmente.
Lição a ser assimilada, praticada, apregoada: Não confiar na carne, na força, no amparo, dos seus braços. É imprescindível, somente confiar, totalmente, em Deus.
Livro é um conselheiro educado, cordial, paciente, mui sincero, amigável, jamais nos deixa no vácuo, sem revelar seu verdadeiro conteúdo ...