Adelina Sanches
“ Um remédio ao ser administrado com uma dose extra de carinho e atenção pode fazer seu efeito duradouro”
“Não preciso viver intensamente, me basta viver... até que a vida me surpreenda com momentos intensos”
“A bondade não está na aparência e sim na essência, fechado ou sorridente, o semblante de uma pessoa, não diz se é má ou boa.”
“Poetizando”
Olhando a neblina
a pairar no horizonte
Nada sei de mim...
Só sei que morri ontem,
No poente, como o sol...
E renasci novamente de manhã
É assim que sou feliz,
me contento com pouco
Porque é do pouco
que se extrai o melhor da vida.
E vou seguindo, poetizando...
Pra não ser esquecida,
deixo em cada canto
um pouco de mim!!
“Não conheço palavras bonitas, nem mesmo sei me expressar, mas quem dita é o coração, e de sentimento ele entende bem.”
“Vida mais leve”
Algo se perdeu pelo caminho
Caminho por tantos percorrido..
Rostos desconhecidos
Tantos olhares,
Tantos sorrisos...
O que ficou perdido
Foi o tempo que eu não tive
Fui tão dura comigo
Agora preciso
Levar a vida mais leve
Pois ela é breve
Não espera....
E nada dela se leva!!
“Cheiro de saudade”
Falo sempre em saudades
Porque saudade tem cheiro
Por isso a gente fica o tempo inteiro
Sentindo saudades..
Quem disser que não tem
Não sente saudades...
Só uma ligeira lembrança que vem
Saudade tem cheiro de fruta madura
Apanhada no pé..
Tem cheiro de café fresquinho
Tem cheiro de bolo de fubá
De pão caseiro no forno
Doce no tacho..sendo apurado
Parece que falo do mineirinho
Mas não é...
Qualquer pessoa sente o cheiro
Do tempêro da avó
Cheiro de mãe, de colo
Fecho os olhos e sinto o cheiro
Da minha saudade!!
“Estamos, eu e minha solidão, na altura do km 00, próximo ao vazio, de frente para o nada, e quando o Km 01 passar a existir; no vazio próximo surgir uma cabana e o nada em nossa frente se transformar numa bela paisagem, a solidão terá me abandonado.”
“Quando somos criança, crescemos aprendendo a viver.... não tenha medo de envelhecer, pois à medida que envelhecemos, aprendemos a sermos criança..”
"De nada vale riqueza; beleza, sucesso, se não souber rezar um "Pai Nosso".....e de nada vale saber rezar um terço se for desprovido de compaixão pelo próximo"
“Palavras ao vento”
Vou formatar minha memória
As palavras estão confusas..
As escritas se repetindo
Estão voltando, se misturando
As que penso estão voando
Aleatórias, ao vento..
As vezes penso que não são minhas...
Serão bem vindas
Se voltarem um dia
Mas se encontrarem outras mentes
Outras almas sensíveis
O mundo se tornará poesia....
“Quis conhecer a alma de um poeta, me inebriei com as emoções, me embrenhei nas letras e nunca mais saí.”
“Tranquei portas e janelas do meu ser para o amor não sair, mas amor não se prende assim, hoje sou casa vazia e sua voz ecoa em mim.”
“Uma estrela”
Na escuridão,
Uma estrela cruzou o céu
E caiu na minha mão...
Então eu vi você e eu
Foi bem aí....
Que me vi em seus olhos
E você se viu nos meus
Foi bem aí....
Que meu coração estremeceu
Porque razão te senti tão meu!
Foi bem aí ….
Que me perguntei, isto é um sonho?
Pode ser que não!
E foi bem aí ...que despertei!!
“ O amor é inconsequente, ele sabe que a gente pode saltar do precipício se ele mandar; o amor é bandido, que pode dar um tiro certeiro sem matar, o amor é sem juízo...mas quem disse que é preciso ter juízo para amar?!”
“Não me dê asas se sabes que não vou te alcançar, não me dê guarida se sabes que não vou ficar. Mas me faça acreditar, que se eu fou, ou se eu ficar, vou encontrar minha paz..”
“Infância querida”
Olhando o céu estrelado
Lembrei-me da infância
Dos momentos felizes
Que ficaram no passado
Para aquecer as noites frias
A minha vó fazia
Um fogareiro improvisado
Em volta a criançada..
Para ouvir as histórias
Que ela contava
De assombração,
De alma penada
Quando a última chama se apagava
É que a gente dormia
Olhos e ouvidos atentos
A qualquer ruído
A janela batendo..
É o vento!..., ela dizia
E no telhado?..é o gato
E outras tantas noites
Outras histórias, outras risadas..
E na minha visão de criança
Essa criatura franzina
Quase da minha altura
Não conhecia sua grandeza
Minha vó era valente
Não tinha medo de nada!
Nem das histórias que contava
Como tudo tem um fim
Ela se foi...
Mas a guardo na memória
Vejo uma estrelinha se escondendo..
Parece até que estou vendo
Minha vó lá no céu
A contar suas histórias...
“O trem da vida”
As horas e os dias passam
O trem da vida segue
De parada em parada
Um sobe, outro desce
Ontem já se foi
Hoje...tudo acontece
Porque o tempo não para..
Nessa longa viagem
Não há bilhete, nem passagem
Na bagagem o que se leva
São histórias vividas
Nesta jornada incessante
A aventura de viver a cada dia
Entre risos e despedidas
Sobre os trihos que nos levam
E assim segue o trem da vida.......
“Amargura”
O tempo não se cansa
O relógio desperta
Sou eu que me levanto
Tento te esquecer
E te espero no entanto
Me esqueço por um momento
Você se aloja no meu pensamento
Não me dá tempo pra lembrar
Que a vida me espera
Que preciso do ar que me toma
Que não me detesta, mas não me ama
Sabe meu nome e não me chama
Que sou como a poeira no teu caminho,
Sou como fôlhas secas no inverno,
Das rosas, eu sou os espinhos.....
A falta de um “parafuso” não faz de mim uma desvairada, faz de mim uma desatenciosa com a “manutenção”.
“Recordações”
Acende em minha memória...a velha roda d'agua girando, aquela luz quase apagando e o velho balanço que ainda pende, naquela àrvore frondosa em frente ao alpendre. Uma menina magra e traquina correndo pelos campos entre flores pequeninas e seu canto.Só não me recordo de tristezas , nem de prantos, que agora dos meus olhos sinto escorrer, de saudades das tardes de verão e de seu encanto.
“Olhando nos seus olhos, me vi neles refletida, então pude saber que por um momento, estive dentro de você.”
Nada sei de mim..de onde venho, onde nasci, devo ser fragmento de um velho livro,ou sou parte do pó, da poeira que se espalha, do sacudir da tralha de um andarilho só...