Anoitecer
Vida
É o respiro de um SER
É a sombra de uma árvore;
É a luz da lua ao anoitecer;
É o brilho do sol ao amanhecer;
É acordar, respirar e saber que tem VIDA.
CARPE DIEM
Antes de anoitecer
Coma o fruto ele vai apodrecer
Ainda não escureceu
Conte seu sonho se ainda não o esqueceu.
Que desânimo é esse
Se bonito ou feio
Conte a alguém e se expresse
Não abandone seu anseio
Acredite na poesia
Mais feliz será seu dia
Segure essa paixão
A solidão e obscura !
Tristeza não tem cura !
E a rosa do sertão ?
Siga meu povo fazer acontecer,
temos tanto por fazer até anoitecer.
Sinto que estou aplicado a esta arte,
então prepara-te meu menino pro embate.
Somos infinitos, e nessa jornada corpórea o nascer e o morrer é apenas o intervalo entre o anoitecer e o por do sol
Ao usar um candeeiro para iluminar seu caminho na vasta escuridão do anoitecer, suas pegadas jamais permanecerão ocultas com o raiar do sol
Todo infortúnio que bate à tua porta com a chegada do anoitecer, são sonhos disfarçados, que se revelam e devem ser realizados com o nascer do sol
DESCOBRI
Um dia cresci
Descobri que o barulho na concha
Não era o som do mar
Que pai e mãe também erram
Que a cada dia sei menos das coisas
Descobri que verdadeiros amigos se conta nos dedos
Que ganhar colo é bom em qualquer idade
E que sempre vou querer raspar a vasilha de bolo
Um dia cresci
Descobri que o para sempre
Às vezes tem fim
Que nem sempre o sim é melhor que o não
E o melhor de tudo
Descobri que os grandes abismos
Podiam ser pulados feito poças d’água.
Por trás do mosaico de cores do arrebol vejo-te me sorrir misterioso, como um convite cifrado nos olhos indecifráveis da lua.
ASSIM É
Janela que dá pra lugar nenhum
Trevo que perdeu a quarta folha
Concha tirada do mar
Cobertor que não tapa os pés
Assim é aquele que perdeu a voz
Foi negado o saber
Queimada a história.
Na folha de papel
Vi que palavras não se pode prender
Senti cheiro de liberdade
Enxerguei colibris
Descobri então
Que sou feita de asas.
Que a noite chegue com o silêncio que o sono pede, com a leveza que os sonhos querem e a poesia que o luar sugere.
Vem a tarde, chega à noite valsando em melancolia
Onde o vento entre as secas folhas no tardar rodopia
E o tempo e saudades no peito se fazem em sinfonia
Pra haver outra tarde, outra noite, haver outro dia...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
O sol vai se afastando de forma quase imperceptível até tornar-se uma tímida réstia de luz entre as nuvens; com ele os olhos vão pesando e as pálpebras devagarinho se fechando; o coração vai serenando, a respiração se acalmando e corpo ficando leve, leve, muito leve até que o sinto flutuar no universo mágico dos sonhos.
Fecham-se as cortinas do dia para o suntuoso espetáculo do sol. Mas o grande show não termina com a despedida do astro; por trás do rendilhar de cores do acaso surge esplendorosa a lua sob o aplausos das estrelas e o olhar curioso dos anjos toda vestida de prata.
Daqui a pouco se vai o dia; a noite vem. O sono faz barulho, bate na porta, na janela e a nossa única vontade é abraçá-lo, é nos entregarmos ao cansaço, àquele vai e vem gostoso dos sonhos nos roubando a consciência.