Amor-próprio
Deus em primeiro lugar na minha vida.
Em segundo lugar vem o meu amor-próprio.
Em terceiro lugar vem o grande amor que tenho por você.
Em quarto lugar, minha família.
Em quinto vem parentes e amigos.
E se o amor não consegue ensinar, a dor ensina, mas se há falta de amor próprio as vezes nem a dor ensina.
Não tenho beleza e nem sofisticação, mas tenho amor-próprio. Isso me basta.
Se não agrado a muitos, não me entristeço, quero que a única pessoa que amo, seja o meu grande e defensor aliado.
A primeira imagem que vem à minha cabeça quando penso em amor próprio é da Aibileen, em Histórias cruzadas, dizendo para as filhas de seus patrões: você é gentil, você é esperta, você é importante. Comecei a pensar com afinco que esse tipo de impulso para a construção de um possível amor próprio, autoestima e autoconfiança eu nunca tive na minha infância e, a partir disso, comecei a me questionar: ‘’Seria Eu o que sou hoje por falta de conhecer todas essas qualidades em mim? Será que as pessoas se massacram tanto por que nunca tiveram uma Aibileen que lhes dissessem o quão espertas, caridosas e amorosas elas são?''
Eu tenho amigas incríveis. Mulheres fortes, competentes, batalhadoras, criativas e sensíveis. E o que mais ouço delas é o quão insuficientes são. Isso me assusta e me assusta saber que há dias em que caio nessa também. E, quando pergunto a elas como foi a construção de vida para que elas chegassem até àquele ponto indefinido, me respondem: que construção? E tem sido frequente o mesmo tipo de diálogo: nossa geração cresceu com pessoas que não ouviram o quão boas, suficientes e brilhantes elas podem ser.
conheço muitas pessoas que, assim como eu, nunca tiveram alguém pra construir sobre elas um castelo forte e poderoso, uma autoestima ilesa e uma confiança indomável não que a minha mãe não soube me criar mas nesses assuntos a informação era diferente, tavez até ela precisasse ouvir isso quando era nova. E quando entramos nos méritos de se em algum momento fora apresentada uma ideia bonita sobre elas, caímos no mesmo poço de: não, esse processo até aqui foi árduo e doloroso.
Pensa bem: a gente aprende a falar, a escrever, a nos comunicar em todos os âmbitos possíveis, a comer com garfo e faca, a aprimorar nossos instintos pra sobrevivermos no mundo e um monte de outras coisas que, a princípio, parecem indispensáveis. O que não nos é dito, impresso, dialogado e construído é que somos e podemos nos tornar seres humanos incríveis, independentes emocionalmente, fortes em nossas decisões e por aí vai. E se você estiver lendo esse texto, eu pergunto: quantas vezes você ouviu que era especial? Que era a pessoa mais linda do mundo? Que não importava o que acontecesse, alguém estaria ali pra você?
Não me recordo, honestamente... Parando pra pensa teve vezes ou outras mas sempre fui a menina que sofria bullying, chamada de feia, cabelo feio, pele feia, corpo feio... não gosto de entrar em detalhes. Meus pais nunca tiveram a preocupação de me munir de todo amor próprio que existia ali pra ser apresentado e eu, quando abri os braços e voei, já não sabia como dizer a mim mesmo o quão boa eu era. Não coloco culpa sobre seus ombros, cada criação é particular e depende de inúmeros fatores, mas penso que tudo o que sou hoje é uma parte considerável de todas as minhas inseguranças que vieram de não ser apresentada ou colocada frente a frente do amor próprio. Nem sabia que isso existia, até ter de voltar meu coração para mim e começar esta jornada difícil e recompensadora que é começar a se amar de novo e de novo e acho que vai ser assim por um bom tempo.
Homem algum que rouba a autoestima, o amor-próprio e a dignidade de uma mulher é digno do seu amor.