Amargo
Mulheres, são viciantes como chocolate só quem sabe saborear primeiro o amargo, o doce com a língua, vai poder ter o prazer de sentir todo o sabor de estar com uma rara e encantadora mulher....🥀
... E VERSA-SE UM SONETO
... e versa-se um soneto arruelado
Na vil saudade, num gesto amargo
O coração com sentimento calado
E versos dispersos deixado ao largo
... e versa-se um soneto tão letargo
A alma ansiando tudo compassado
E a solidão infundindo o descargo
Mais do que deve, o pesar, atado
... e versa-se o soneto sucateiro
Nos suspiros do querer esquecer
Custe o que custar, teimosamente
... e versa-se um verso do madeiro
Da crucificação do soneto a sofrer
Chora o verso, queixa, inutilmente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 outubro, 2022, 21’19” – Araguari, MG
SONETO ENFERMO
Geme o soneto, enfermo, na tristura
Amargo, sofrente, no acaso padece
Trova assim dura, por que o merece
Ferindo a poética com tanta loucura?
Ó sensação peia, ó teia sem ternura
Se o versar ouvisse a súplice prece
Da emoção, e o leve rimar pudesse
O verso seria o que o alívio procura
Como chora a estrofe no desengano
Escorre pela mão somente o flagelo
Deixando o versejar maldoso, tirano
Sim, é a sorte, num ousado atropelo
E o emocional com sentimental plano
Pondo o cântico em vicioso pesadelo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 maio de 2023, 16’06” – Araguari, MG
EXILADO
Quem jogou na minh'alma essa solidão
Que brada angústia com gosto amargo
E à ardente boa ventura causa embargo
Encarcerando está ânsia no meu coração
Quem com mãos frementes teve encargo
De incinerar com silêncio toda a emoção
Se o amor no viver necessita de sedução
E o fado no ter sorte quer este desencargo
Assim, como então sair duma maldição
Oh! Doce e pura felicidade, de olhar argo
Observe, e neste exílio me traga solução
Ah! Desventurado e vil desígnio letargo
Que me vê nesta temerosa e fria prisão
E me algema sem qualquer desembargo
Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano
O cerrado é um gole d'água na secura
Amargo, após saciado, vê-se o cerrado
Em sua candura árida, em sua ventura
Melancolicamente torto e cascalhado
Horizonte do por do sol que se agiganta
Um poema desigual, igual ser amado
Cerrado, gole na admiração que encanta
Alimentar uma inferioridade sustentada pela própria personalidade, é crescer no amargo vazio da escuridão, brilhando palidamente numa esperança ilusória. A resolução está na hidratação da personalidade, inundando de abnegação todo o interior; afogando também, todos os tormentos criados pelo poder inumano de sentir a superioridade perante os outros. Por vezes, é necessário ausentarmo-nos de nós próprios, para podermos vislumbrar os passos da nossa sombra. Afasta-te de ti próprio mas, nunca te abandones.
Incompreensão é algo que se come cru, tem gosto amargo, revira o estomago, dá enjoo, e, depois, precisa ser ressignificado.
ENTÃO SOMENTE
Encontraste-me, e eu um verso triste
Um escrito solitário e amargo estava
Pela minha emoção a aflição passava
Com tristura que na teimosia insiste
Riste, meu semblante dor sussurrava
Como quem só no desengano existe
Sem gozo, e no próprio pesar fruíste
Aonde a minha alma se via escrava
Amei-te mais, quando tu não hesitou
Quando do amor era, então somente
Amor em minha carência, me amou...
Quando me deste presença, veemente
Quando junto a mim agruras suportou
misericordiosissimamente.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04/12/2021, 17’36” – Araguari, MG
paráfrase Guimaraens Passos
A vida ensina: aprendi que saudade é um prato amargo, dói...
Saudade é querer que o tempo volte e pare onde se deseja está.
Título: Quebre o Bule
Chá e café, no amargo e no mel,
um gole na xícara, um passo pro céu.
Surto que vem, devaneio que vai,
ciclo que gira, mas nunca se esvai.
Quem lê, sente.
Quem vê, entende.
Quem não entende… que siga em frente.
Cuspo loucura, engulo fissura,
bebo a incerteza, mastigo a secura.
O chá se derrama, se espalha, persiste,
o bule trincado resiste, resiste…
Quebre o bule, deixe cair,
deixe o destino ferver e sumir.
Loucura servida, sem cor, sem medida,
fundo da xícara, fim da partida.