Amargo
O vinho começa doce e desce amargo,
A cada copo eu choro e imagino você do meu lado,
Eu não fui capaz de fazer com que você me amasse,
E eu não te procuraria mais nem se eu me odiasse,
Eu entreguei meu coração inteiro pra você
E você me ofereceu tudo o que tinha
_ o seu desprezo
E agora o meu amor busca consolação em outros beijos
Eu não soube me conter no calor da emoção
E agora tenho que lidar com a bagunça que você fez no meu coração
Ah se o coração pudesse escolher quem o ama
Ele nunca escolheria um cara que só quer me levar pra cama.
Sorriso triste, amargo momento...
Delírio algoz frio desdenho esta vida...
Valores perdidos pela paixão desvairada.
Em desejos mortos pelas decepções do amor...
Vagante pelas noites escuras desta alma...
Destinada a cobiçar a solidão para sempre.
REMÉDIO AMARGO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Pode ser o momento de abraçar meu canto
e calar estes gritos que dou em silêncio;
depredar um encanto sem razão de ser
para minhas visões adequadas ao sonho...
É preciso assumir o possível desgaste
dos instantes que agora se tornam rotina,
redimir a retina, encarar as caretas
do vazio em que venho despejar afeto...
Já enxergo a distância como bom remédio
mesmo amargo e difícil de me convencer
do efeito esperado; não colateral...
Tomaria por ti, contra minha vontade,
contra minha verdade que ainda não sei
onde fere; retrai; descompõe; desconforta...
ENTÃO SOMENTE
Encontraste-me, e eu um verso triste
Um escrito solitário e amargo estava
Pela minha emoção a aflição passava
Com tristura que na teimosia insiste
Riste, meu semblante dor sussurrava
Como quem só no desengano existe
Sem gozo, e no próprio pesar fruíste
Aonde a minha alma se via escrava
Amei-te mais, quando tu não hesitou
Quando do amor era, então somente
Amor em minha carência, me amou...
Quando me deste presença, veemente
Quando junto a mim agruras suportou
misericordiosissimamente.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04/12/2021, 17’36” – Araguari, MG
paráfrase Guimaraens Passos
... E VERSA-SE UM SONETO
... e versa-se um soneto arruelado
Na vil saudade, num gesto amargo
O coração com sentimento calado
E versos dispersos deixado ao largo
... e versa-se um soneto tão letargo
A alma ansiando tudo compassado
E a solidão infundindo o descargo
Mais do que deve, o pesar, atado
... e versa-se o soneto sucateiro
Nos suspiros do querer esquecer
Custe o que custar, teimosamente
... e versa-se um verso do madeiro
Da crucificação do soneto a sofrer
Chora o verso, queixa, inutilmente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 outubro, 2022, 21’19” – Araguari, MG
SONETO ENFERMO
Geme o soneto, enfermo, na tristura
Amargo, sofrente, no acaso padece
Trova assim dura, por que o merece
Ferindo a poética com tanta loucura?
Ó sensação peia, ó teia sem ternura
Se o versar ouvisse a súplice prece
Da emoção, e o leve rimar pudesse
O verso seria o que o alívio procura
Como chora a estrofe no desengano
Escorre pela mão somente o flagelo
Deixando o versejar maldoso, tirano
Sim, é a sorte, num ousado atropelo
E o emocional com sentimental plano
Pondo o cântico em vicioso pesadelo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 maio de 2023, 16’06” – Araguari, MG
O cerrado é um gole d'água na secura
Amargo, após saciado, vê-se o cerrado
Em sua candura árida, em sua ventura
Melancolicamente torto e cascalhado
Horizonte do por do sol que se agiganta
Um poema desigual, igual ser amado
Cerrado, gole na admiração que encanta
EXILADO
Quem jogou na minh'alma essa solidão
Que brada angústia com gosto amargo
E à ardente boa ventura causa embargo
Encarcerando está ânsia no meu coração
Quem com mãos frementes teve encargo
De incinerar com silêncio toda a emoção
Se o amor no viver necessita de sedução
E o fado no ter sorte quer este desencargo
Assim, como então sair duma maldição
Oh! Doce e pura felicidade, de olhar argo
Observe, e neste exílio me traga solução
Ah! Desventurado e vil desígnio letargo
Que me vê nesta temerosa e fria prisão
E me algema sem qualquer desembargo
Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano
App GPS da Vida
Que o Triste encontre a Alegria
Que o Amargo encontre a Doçura
Que o Ingrato encontre a Gratidão
Que o Solitário encontre a Companhia
Que o Perdido encontre o Caminho
Que o Fraco encontre a Força
Que o Medroso encontre a Coragem
Que o Desesperado encontre a Esperança
Que o Ferido encontre a Cura
Que o Injustiçado encontre a Justiça
Que o Descrente encontre a Fé
Que o Odioso encontre o Amor
Que o Cansado encontre o Descanso
Que os Humanos encontre Deus
Incompreensão é algo que se come cru, tem gosto amargo, revira o estomago, dá enjoo, e, depois, precisa ser ressignificado.
A verdade, por vezes, é como um remédio amargo, mas quando aplicada com amor, graça e sabedoria, produz a verdadeira cura interior que nenhuma outra realidade pode alcançar em nós.
Alimentar uma inferioridade sustentada pela própria personalidade, é crescer no amargo vazio da escuridão, brilhando palidamente numa esperança ilusória. A resolução está na hidratação da personalidade, inundando de abnegação todo o interior; afogando também, todos os tormentos criados pelo poder inumano de sentir a superioridade perante os outros. Por vezes, é necessário ausentarmo-nos de nós próprios, para podermos vislumbrar os passos da nossa sombra. Afasta-te de ti próprio mas, nunca te abandones.
Quanto mais experimenta-se o amargo, melhor será o sabor doce. Quanto mais sente-se a dor, a tristeza e o mal, mais intensamente se tornará o prazer, a alegria e o bem.