Absurdo
Durante a pandemia há uma falta de civilidade sem dúvida. Também há um excesso absurdo de imbecilidade.
Hoje acordei com o canto dos pássaros e o cheiro de café entrando pelas frestas da porta, com o sol brilhando e a alma - silenciosa - em festa. Sentei à mesa, tomei meu café, conversei com minha mãe, com minha namorada e saí para fora. A luz do sol passava por entre os galhos do abacateiro e reluzia nos frutos dependurados em toda plenitude e gostosura. Reparei que alguns deles - no chão - haviam, por alguma razão, cometido suicídio. Um desperdício! Deveriam continuar nos galhos, mas não suportaram o peso da própria existência. Acariciei um deles - delicadamente - e conclui que todo fruto que não comete suicídio deve ser comido amorosamente.
Always.
E tudo segue. Descobri que sempre existe uma vida depois de querer alguém, mesmo que seja da maneira mais intensa e absurda. Sempre tem um amor depois do amor.
Porque desde que decidiu ocupar o lugar de Deus, o homem tem se mostrado, de longe, o mais cego, o mais cruel, o mais mesquinho e o mais absurdo de todos os falsos deuses.
Tem gente que se acha demais e amais que os outros, e ninguém tem mais valor,moral, dignidade,sentimentos que ele, com isso não sabe valorizar uma amizade verdadeira,um sentimento verdadeiro por se considerar acima de todo mundo,perde a doçura da vida por falta de discernimento dessas coisas e por nunca ter lutado para ser nada de ninguém...vai tropeçar no orgulho, aquele que vive assim é o mesmo que reclama que ninguém gosta dele,e que todos são iguais e não faz nada para ser diferente! O cúmulo do absurdo é exigir dos outros qualidades que nem você possui.
Não é no momento da mais profunda dúvida que nascem as novas certezas? Nesse mesmo sentido, talvez a desesperança seja o adubo que alimenta a esperança humana; talvez nunca experimentássemos o sentido da vida se antes não tivéssemos experimentado seu absurdo.
Existir é tão completamente fora do comum que se a consciência de existir demorasse mais de alguns segundos, nós enlouqueceríamos. A solução para esse absurdo que se chama "eu existo", a solução é amar um outro ser que, este, nós compreendemos que exista.
HOMENS RAROS (BARTOLOMEU ASSIS SOUZA)
Quantos fincaram uma cruz
Nos túmulos dos seus destinos
Antes de sentarem à mesa
Do banquete das ideologias?
Quantos amargaram o sofrimento
Do próprio suor
Cheio de dores e revoltas
E que choraram pelos poros de seus corpos?
Quantos fizeram de suas vidas
De seus ideais e lutas
Insanidades transitórias
E gestos de grandezas eternas?
Quantos lamberam os próprios corações
Sangrantes nas lutas diárias
Enfrentando o chumbo e a solidão
Para construir um mundo melhor ou pior?
Quantos palmilharam estradas tortas
Que ligam a tênue fronteira
Entre a morte e a vida
Para entender o absurdo da existência?
Quantos choraram seus mortos
E depois Guardaram as bandeiras
Cessaram as batalhas e ressentimentos
E mergulharam no grande mar do perdão?
Quantos caminharam descalços
Pelos desertos interiores e exteriores
Em busca de tórridas e quentes
Verdades filosóficas e religiosas?
Quantos não fraudaram as leis e normas
Em rasteiras surdinas e trapaças
Em busca do enriquecimento ilícito
Esses são homens raros ou bandidos épicos?
Por fim, gritei o mais alto essas questões
Para as montanhas, planícies, colinas
E mundo afora... E o eco me disse:
Só os raros...
ISBN: 978-85-4160-632-5
Às vezes me rendo à anarquia dos meus pensamentos e deixo fluir o além do possível. Realidade apenas não me basta. Eu a quero em todas as suas versões e filões. Eu desejo o absurdo!
Existem verdades tao absurdas ouvidas que é preferível acreditar em uma mentira simples...
[Sandro Furtado
14 de maio de 2014 às 17:52 ]
Tudo o que eu faço
Sim, eu faço absurdos
Tomo banho no escuro
Jogo tabuleiro sozinho
Pra poder te conquistar
Danço tango de tanga
Invento um outro hino
Me despeço do mundo
Pra tentar me declarar
Flerto com o abismo
Faço perfil sem foto
Sou ateu na catedral
Pra você se lembrar
Viajo até Bangladesh
Vou de pijama à rua
Salto de parapente
Pra você se tocar
Aprendo mandarim
Saio na madrugada
Escrevo cem cartas
Pra esse fogo cessar
Gosto de beterraba
Encanto a serpente
Uso terno e gravata
Pra esse lance rolar.
Céu tenebroso, nuvens de enxofre, ventos gélidos carregando agonias.
A pátria do cruzeiro padece de incertezas.
Teríamos sido acaso esquecidos?
Sodoma e Gomorra, situadas na américa do sul?
Absurdo, no mínimo.
Deus, ou um politeísmo egocêntrico de deus em minúsculas?
Calafrios me recordam a espinha.
Ai de mim!
Só um grito trágico grego pode dar ideia da dor, do câncer de minhalma.
Demônios covardes, fazem de minha ignorância chacota.
Escarnecem, até do conteúdo de minhas vísceras.
Abutres de togas negras!
Pátria amada?
Por quem, se até mesmo o amor próprio, que se insinuava atrevido, não o tenho mais?
Trataram de aniquilar-me, apagaram qualquer vestígio de brasilidade das minhas digitais.
Agora sou minoria, brasileiro não mais.
Sou homem, sou hetero, sou nordestino, sou pardo e sei lá o que isso quer dizer, sou pedaço de coisa nenhuma.
Ai de mim, que não sou nada. E o que fazer com a certeza de que o nada não existe?
Ai de mim que nem existo.
Desisto ou insisto na tentativa de me inventar?
Fico com a segunda opção, sou covarde demais, para desistir de ser.
Ai de mim!
Sem saber por qual caminho,
Quando nada anterior o indica,
Decidir se se parte ou fica,
Ignorando onde está o espinho,
Entrar, sem negar a incerteza,
Coração aberto, para o que der ou vier,
Afinal, quem sabe o que quer?
Recuar não seria avareza?
Sim, em frente e com tudo,
Não contabilizando ganhos ou perdas,
Com medo, assumir o absurdo,
Enfrento a dor se me arrancam as cerdas,
E sigo, atento e sem escudo,
Isento entre direitas ou esquerdas.
"Aqueles que querem entender a cabeça dos homens que governam o mundo, devem estar preparados para o absurdo." - em Aforismos de Alberto Parlatore
Se tem uma coisa que noto mais a cada dia é que nossas habilidades estão condicionadas ao nosso desejo de vencer em algo, seja o que for. Nunca diga que algo é impossível e absurdo se você nunca tentou. Com fé e força de vontade a gente consegue tudo. Temos em nós as ferramentas para mudar o mundo, mudar situações. Lembre-se sempre que incapaz é aquele que não tenta, e sua obra é achar tudo impossível.
O homem que não sabe controlar-se a si mesmo torna-se arrogante quando quer controlar os outros. O que parece o auge da sensatez nada mais é que o auge do absurdo, que se assemelha ao deboche.