Vulnerabilidade
O PONTO SENSÍVEL
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Tudo se inicia no começo.
Lá, em nossa origem, somos o que somos e nem sequer pensamos que poderíamos ser outra coisa
Já nascemos vulneráveis, sem mesmo entender o significado dessa palavra
Que significa: onde podemos ser feridos.
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Nem imaginamos que esse ponto sensível em nós acaba se tornando um ponto de fragilidade, nosso calcanhar de Aquiles
Logo que começamos a destoar da normatividade, das regras sociais, das crenças culturais, somos atingidos bem nesse local.
No começo, bem no começo, nem entendemos porque estamos sendo repreendidos e maltratados.
Somos somente o que nós somos, mas de algum modo isso não é o suficiente.
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Após umas pancadas da vida percebemos que somos diferentes dos demais naquele ponto vulnerável, que no expõe e nos deixa envergonhados.
E é apartir daí que começamos a vestir nossa couraça emocional, a esconder a sensibilidade do mundo que ousa nos ferir.
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E essa armadura acaba servindo muito bem para que nos sintamos inseridos na sociedade, que somos parte de uma comunidade.
Somos agora todos iguais.
Um número, que arredonda os milhões e bilhões de pessoas no mundo.
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Até que conhecemos alguém que possui algo a mais. Percebemos que ela deixa transparecer em seu jeito de ser aquele ponto vulnerável.
E nos apaixonamos, deixamos cair as couraças e mostramos nosso lado sensível ao ser amado. A vida, que antes parecia mecânica agora tem vitalidade, tem luz, tem cor e sentido.
Agora podemos ser novamente, sem esconder.
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Mas é óbvio que a vida, irônica e trágica, acaba trazendo um drama de um término, uma traição ou uma despedida, que faz com que o nosso ponto sensível novamente seja estilhaçado.
E mais uma vez voltamos a nos fechar pro mundo, com medo de nos machucar.
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Agora, nosso Ego-Persona está mais esperto e consegue fingir vulnerabilidade quando alguém se aproxima. Se disfarça de um sorriso amarelo, de um humor ácido, um ar de deboche, fantasias românticas, formas que evitam sentir a realidade e encarar a verdadeira exposição.
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Mas, mesmo com tanta inteligência em saber burlar as dores originais, acabamos no final nos sentindo sem ânimo, sem propósito, sem o Eu.
E há um grande abismo entre quem estamos agora para o que somos, pois no fundo do penhasco do vazio encontra-se a ferida, as dores causadas ao nosso ponto sensível.
E há um medo surreal de encarar e reviver esse mar revolto.
Mas não há outra saída. Ou nos arriscamos atravessar, ou permanecemos a cada dia perdendo a nossa alegria de viver.
E de uma forma extremamente inusitada percebemos que sempre houve uma ponte que conecta o nosso ponto de estadia para nosso ponto de origem, chamada Vulnerabilidade.
Pela mesma via que a vulnerabilidade nos leva a nos machucar e a nos fazer fechar ao mundo, é também ela que nos faz sentir novamente e nos abrir pra nós mesmos.
É somente através da abertura, da confiança de que a cada nova ferida em nosso ponto sensível, nos tornamos mais fortes, mais articulados e mais preparados pro próximo baque que a vida der.
As pessoas que ainda não perceberam que viver se trata de ser vulnerável acaba se fechando e exigindo que os demais escondam o diferente, o sensível e o fraco.
Mas na realidade o foco nunca será o outro, nunca será o desamor ou a padronização.
O ato de controlar fora é imposto para que ninguém mais os machuque dentro.
É somente uma forma de proteção.
Então, pra quem esse texto chegou hoje, está na hora de se abrir novamente e mostrar suas verdadeiras cores ao mundo , sem ter medo de retaliação, sem ter medo da exposição ou de sentir ferido novamente.
Viver é isso, amar as nossas dores como forma de bálsamo e cura.
Pois somente a gente pode entender nosso lado sensível e o quão amado ele deve ser.
Ser vulnerável para livre ser.
Dizem que chorar é sinal de fraqueza, mas às vezes minhas lágrimas parecem ser feitas do próprio mar, prontas para se juntarem às águas salgadas da vida. Talvez eu seja apenas um viajante perdido em um oceano de emoções, navegando entre as ondas da vulnerabilidade.
Pessoas que vivem tratando os outros mal, são tão vulneráveis que precisam se esconder atrás de suas truculências.
A alienação, na mente do alienado, sempre lhe terá a aparência de liberdade, mas não há liberdade sem vulnerabilidade, pois o excesso de segurança somente nos enclausura em um esquema que criamos para nos manter longe do recôndito impensável
..."Carência é a forma inconsciente de se plantar as sementes das decepções nos férteis solos das desiludidas ilusões." ... Ricardo Fischer.
Quando chegamos ao ponto de conversar sem trocar uma só palavra imergimos em uma intimidade real.
A barreira da superficialidade é superada. Caminhamos em cumplicidade. Deixamos o jogo de aparências. Neste momento a guarda já está baixa, e nos colocamos em uma condição de vulnerabilidade. Quando já se confia consciente do risco da perda. É uma rendição consciente, racional, não meramente reflexo dos sentimentos.
Mas talvez o o que todos precisamos é não erguer fortalezas, ou apenas saber o momento de derrubá-las. Usar a desconfiança como um farol que reflete nossa prudência não significa nunca arriscar. Mas saber o momento certo de se permitir perder, mas não se vence quem não se permite tentar mais uma vez.
Há uma massa, um formato,
um peso a ser carregado.
Ele cansa, dói, avança
e destrói a balança
num ato.
Talvez eu não queira ser forte sempre, para que você cuide de mim, pra que sua força seja um pouco minha também. No fundo é isso que eu quero, ser cuidada.
Talvez eu nem seja forte, mas é mais fácil fingir do que mostrar vulnerabilidade. Porém, pra você... pra você eu posso ser a menina frágil que sou.
Prometa deixar-me longe da chuva, do sol, da umidade. Evita-me quedas, rasuras, cortes. Mas não venho com rótulo de fragilidade, então, perceba-me, porque nunca direi do que realmente necessito.
Pessoas que adoram rir e debochar dos outros, estas já sobrevive numa vida desgraçada, já perderam a alma ou ela está em situação de vulnerabilidade, ou seja, a beira de perdê-la." Betho
Adiar, não falar o que pensa ou sente.
Deixar de viver, sentir ou demonstrar; são saídas rápidas mas que podem nos custar muito depois. Portanto se concentre no momento e viva com intensidade e sabedoria, pois é dai que vem todos os ensinamentos necessários para a nossa evolução.
As vezes,de cabeça para baixo
Seguro pelo calcanhar
Mas quem está de pé
Pode estar com o calcanhar de aquiles.
Reflexões em tempos de pandemia:
Somos humanos. E vulneráveis! Tolhidos no exercício dos " nossos direitos", como ir e vir, por exemplo, por algo invisível, com efeitos visíveis, desastrosos e incalculáveis.
Não permita que as primeiras impressões exerçam influência sobre você; por trás das mais imponentes couraças residem as mais profundas fragilidades. A vulnerabilidade da projeção está no indomado inconsciente do que julgamos ser julgado.
O amor é uma tolice. Ele nos torna fracos, vulneráveis. O amor é uma ilusão passageira, fadada a terminar um dia. Só os imbecis se rendem a tais sentimentos. O amor por si é o único amor verdadeiro, porque no fundo todos nós, homens, anjos ou demônios, somos egoístas ao extremo. Quando amamos alguém, é porque assim nos sentimos felizes, e não ao contrário.
É triste encontrar tantas crianças, adolescentes e jovens nas ruas. Dói está em divertimento com nossos amigos e vê que do outro lado há tantas pessoas novas passando necessidade. Infelizmente isso é uma realidade - que dói. Dói em vê os olhares e pensamento de julgamento das pessoas que passam... julgam mas não dão um passo para ajudar! Sequer sabem do passado que cada um passou, sequer sabem o real motivo de estarem alí... Apenas julgam. Alguns abandonados, outros sem moradia... Julgamos quando dizemos que "eles são um perigo pra sociedade!" mas quantas vezes a "sociedade foi um perigo pra eles?"... Quem é perigo pra quem? Julgar nunca vai mudar! Agir! Muitos querem deixar as ruas e viverem melhor mas, estão precisando de alguém que os ajude a levantar, talvez de alguém apenas que pare alguns minutos de sua vida corrida pra escutar. O ombro pra chorar, o ouvido pra escutar, o abraço pra acalentar, os olhos pra mostrar verdades, as palavra pra aconselhar ... Talvez isso valha muito mais do que qualquer moeda que você joga quando passa na rua, achado que fez a sua parte...