Voz do Silêncio
A Voz do Silêncio
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Assim como há roupas para diversas ocasiões, vinhos propícios para diferentes pratos e copos para diferentes vinhos, há também silêncio com os mais variados propósitos e significados, oscilando entre o elegante e o inconveniente, entre os que geram benefícios e os que são nocivos.
Pensando nisso, ofereço uma pequena lista com alguns tipos de silêncio possíveis de serem observados, em variadas situações.
Silêncio Sábio, ou motivado pela prudência. É utilizado quando se percebe que os ânimos encontram-se exaltados, a descompensação se faz presente, o complexo assumiu a posse da consciência, a ira cegou a razão, a lucidez foi apagada, o ego encontra-se divorciado do Eu. Nestas circunstâncias, manifesta sabedoria quem se refugia em amoroso silêncio até que a "tempestade" passe, entendendo que "não havendo maldizentes cessa a contenda". Sabe que muito mais útil do que ter razão é ter bondade; mais importante do que um argumento forte é um coração manso.
Silêncio acolhedor, quando face à dor do semelhante, causada por perdas humanas ou materiais, evita-se argumentar, comparar, justificar, explicar ou aconselhar, restringindo-se a estar perto, em silêncio, esvaziado das pretensas verdades, totalmente disponível, para sentir e ouvir o que o outro experiencia. O silêncio acolhedor abre espaço em nós para que o outro se refugie. Nestas circunstâncias, um olhar encharcado de ternura, um abraço cheio de compaixão, estar presente de corpo e alma, é puro alento.
O silêncio extasiado. Quando, diante do que encanta e arrebata, quedamos em reverente silêncio, em prostração de espírito e de alma. Silêncio que nos assalta diante do mistério da vida e da morte ou da magia da Criação. Silêncio que relativiza todas as vozes e faz cessar todos os argumentos, ao sentir no coração a presença divina, ao ouvir na alma a voz de Deus, quando na mística da fé contemplamos o Eterno Mistério.
Silêncio imposto. Quando pelo uso da força cala-se a voz do mais fraco, do injustiçado, do discriminado, do oprimido, do marginalizado. Silêncio imposto pelo medo, gerado pelas armas do poder econômico, político e religioso que perpetuam a escravidão, a repressão, a culpa, o julgamento e a condenação. Silêncio de quem se tirou a voz e a vez.
Silêncio conivente. De quem se deixa calar por benefícios injustos, de quem possui a consciência estuprada pelo ganho ilícito. Silêncio comprado, fruto do desavergonhado diálogo entre o corruptor e o corrupto. Tem a verdade como mercadoria de troca onde o que é direito é silenciado em benefício da ganância; quando diante da oportunidade ilícita sobressai a falta de caráter e "vende-se a alma ao diabo".
Silêncio covarde. Quando diante da maldade, da corrupção, do estelionato, do desmando e da injustiça praticada nos domínios familiar, econômico, político e religioso, opta-se por manter-se a "língua presa" no céu da zona de conforto na qual medrosamente se abrigou. O silêncio covarde é o silêncio da omissão, aonde o maior dano não vem só dos malfeitores, mas também e sobretudo dos cidadãos de bem que se mantém omissos.
Silêncio que fere. É silêncio motivado pelo ódio, pela indiferença, pelo sentimento de vingança, pela incapacidade de perdoar, de acolher e de amar. Neste aspecto, lembrando Rodovalho, "o silêncio é um recado. É a pior carta que alguém pode enviar para o outro." Tal silêncio é capaz de infernizar e produzir enfermidade em quem o protagoniza, podendo ainda causar muito sofrimento ao alvo da aridez de tal comportamento.
Silêncio Buscado. Lembro aqui do silêncio praticado pelos "Nadistas" que sugerem desconexão de aparelhos eletrônicos por algum período, o que sem dúvida é muito salutar; além de potencializar a criatividade, pode evitar o "burn out", transtorno psíquico que mescla esgotamento e desilusão. O objetivo principal do silêncio buscado, no entanto, é nos conectar conosco mesmos, levando-nos a tomar consciência do próprio corpo, sentir a respiração, o coração, reencontrar a alma, mergulhar no nada grávido de criatividade. Tal silêncio nos liga à essência divina que nos habita, reconcilia o ego com o Eu, faz-nos íntimos de Deus, liberta-nos da aparência, redireciona e suaviza a existência. Harmoniza os pensamentos, sentimentos e relacionamentos, possibilita e potencializa a meditação, dá profundidade à oração, além de ser saúde para o espírito e para o corpo.
Há silêncio e silêncio, carregando cada um sua própria singularidade, linguagem, propósitos e resultados. Há o silêncio altruísta e o egoísta, o que fecha e o que abre, há o que constrói e o que destrói, o que abençoa e o que amaldiçoa, há o que gera paz e o que perpetua o ódio. Há silêncio que cura e que faz adoecer, há o que é fruto de amor e o que é fruto do ódio.
Lançar mão do silêncio, como instrumento abençoador, exige coragem, maturidade, esvaziamento, proatividade, autocontrole, sabedoria e auxílio divino. Que ao silenciarmos o façamos movidos por amor, com o desejo de abençoar sempre. Saúde e Paz!
Paz é estar em Deus! Ouvir Sua voz no silêncio iluminado de cada amanhecer, na Sua fala misturada pelo som do vento, na Sua deslumbrante arquitetura bem-trabalhada das árvores, no Seu jeito único e envolvente tal qual de uma criança. Vida é o amor que nasce dEle e que somos profunda e constantemente amados por sua infinita bondade. Assim, pelo que sou, louvo-te, Senhor! Amo-te, Senhor! Agradeço-te, Senhor! Estou em ti e Tu estás em mim, porque é só assim que sigo o caminho, a estrada, a viagem dessa minha tão abençoada vida.
Enquanto as coisas
Mudam,
Eu fico aqui,
Muda.
... e, no silêncio
dessa minha voz,
a vontade de gritar:
Surda!
E hoje eu só quero ouvir o silêncio da minh'alma,e deixar aquela minha voz interior sussurrar...eu quero paz ao meu redor.
Eu ensinei bem mais e aprendi quando estive em silêncio. Descobri que a insistência da voz é o que cega a sinceridade dos atos.
Negar nossa divindade é ferir o pássaro canoro que habita em nós, é silenciar sua voz para não ouvir o que nos diz nosso ser mais profundo: que cada ser humano é seu próprio mestre.
Ouço a voz do silêncio e o calar da noite. Sobre lua e estrela, procuro-te. Sobre o mar e o ar, sinto-te. Faço festa quando a tua imagem, a mim, vem. Defino traços, tatuo espaços, vastos, sobre tudo que de ti há em mim. E sobre tudo que és, nada sou em tua ausência, além da tua presença vivida em canto espectro do meu ser.
Quem não acredita que exista voz no silêncio definitivamente nunca entendeu como funciona o coração de Deus!
Na engenharia das cores,
o silêncio era chama úmida,
havia uma voz do vento
um poço de milagres, ao tempo
E, em cada momento,
eu via, Jesus passar...
.
Dizia, o viajante
No silêncio podemos ouvir melhor a voz de Deus e rasgar o nosso coração, por isso jejum de silêncio é sempre gratificante.