Voz
Para um pensante, toda questão que envolve o ser, deveria ser bem vinda, pois não há enunciado que parta do além, sempre somos nós, os humanos, os protagonistas ou antagonistas da situação, quando não, seremos porta vozes.
Por qual motivo gosto de ter controle de tudo,
Se nem controle da minha vida ultimamente estou conseguindo ter,
Não tenho com quem conversar,
Não tenho com quem me abrir,
Não tenho com quem contar,
E, por isso, escrevo.
Escrevo para deixar a dor sair,
Escrevo para deixar as tristezas tomarem vazões,
Escrevo para que outras pessoas não precisem se dilacerar com minhas tristezas, e não se machuquem mais do que elas já estão, nesse mundo chamado "vida",
Muitas vezes, o som da minha voz,
Machuca,
Atordoa,
Devora,
Machucando o outro
E, sim, eu mesmo.
Poema rouco
Eu gritei te amo
Eu gritei te amo.
Então pensei, acho que fiquei louco.
Eu gritei de novo
Eu gritei de novo.
A voz não saiu, acho que fiquei rouco.
Não me cale!
Não ouse me calar
- Não mais!
Eu sou assim
Eu sou o que posso
Eu sou o quero
Eu sou o que gozo
Eu sou o que gosto!
Eu viverei de mim
- E ai de ti!
… se vier de novo
querer calar a minha voz!
Silêncio.
O silêncio é privilégio.
Fico imaginando Deus a ouvir todos os sons da terra se propagando em ondas até o céu, e invadindo o seu universo, todo dia e toda noite… sem parar e infinitamente… infinitamente barulhento e ruidoso… sete bilhões de vozes, mais bilhões de ruídos de animais, e folhas e ventos e objetivos que se chocam, sons estridentes, músicas boas e ruins… buzinas, gritos, e orações. Pensamentos… preces silenciosas para os ouvidos, mas que soam ao coração. Sons de tiros, sons de gaitas e foles, o som de um parto, de uma obra qualquer… todos estes sons somados um a um, espalhando-se e multiplicando-se até os ouvidos de Deus. Meu Deus! Impossível de imaginar…
O silêncio é liberdade. É libertador.
Mas é quase utópico.
Estamos sempre acompanhados de sons… do mundo todo, e dos pensamentos, vozes, imaginação, inconsciente… até quando pensamos estar em silêncio… será, que de fato, estamos?
O silêncio é necessário…
Porém, ele, na verdade, não existe…
Falamos em silenciar o exterior, sempre na perspectiva de calar uma voz para ouvir outra (no caso, a interior), mas nunca para que não escutemos nada, de fato.
Como silenciar o externo, o interno, o consciente, o inconsciente, como é que podemos estar realmente, em silêncio absoluto?
Se silenciarmos tudo, ainda assim, a batida de nosso coração produziria som…
O silêncio absoluto significaria, então, a morte?
Nesta vaga reflexão,
Chego à conclusão de que atingimos o silêncio quando, na verdade, calamos a nós mesmos, aos outros tantos, e nos permitimos ouvir a voz e o som de Deus… é quando o som, seja interno ou externo, vem cheio de paz e alegria para a alma, para a mente e para o coração. Quando ele simplesmente conforta…
Silêncio é quando nos permitimos sentar no banquinho do jardim de Deus.
Preto, pobre, que buscou estudar, aprender, trabalhar, não sucumbiu as palavras negativas, ao preconceito, nem pensamentos contrários - Você é a voz da Resistência.
Escrever é uma das mais belas maneiras de dar voz ao coração. Às vezes essa voz alcança outros corações. Aí, você percebe que vale a pena escrever!💞💌
Sua Voz
Quando os sentimentos vem me sufocar
E a angustia toma conta do meu olhar
Sua voz suave e meiga me acalma
Como um colo, me acolhe a alma
Cura com um grave toda a minha dor
Renovando a esperança e o amor
E no instante que me tira o ar
O seu agudo me faz respirar
Te ouvir cantar é um prazer
Que não dá nem pra descrever
Queria te encontrar pra te falar
O quanto é bom pra mim te escutar
Cantamos Independência
Cantamos independência
Faltando uma voz
A que a agora canta dentro de nós
Ontem vi uma lágrima partir
Velha Chica
Não voltei a ver sorrir
A pinguela da aldeia não atravessou
O homem que ao matagal
Não mais voltou
Cantamos independência
Faltando uma voz
A que a agora canta dentro de nós
Domingo as quinze
Não se cantou
Ao pé da mulemba
Ninguém se sentou
O funje de Domingo
Não se cozinhou
Pois vovô,
Pro mato não voltou
Cantamos independência
Faltando uma voz
A que a agora canta dentro de nós
E cê também partiu
Deixando uma lágrima
Nos olhos de que outrora sorriu
Pela cartinha de saudade
Que mamã consolou
E papá ecorajou
na busca da paz que teu povo conquistou
Cantamos independência
Faltando uma voz
A que a agora canta dentro de nós
Ah, porquê foste embora assim
sem nada dizer?
E como te hei dizer minhas histórias?
Talvez te escreva cartinhas de saudade
Cartinhas de minha mocidade...
ACORDO
Acordo,
vejo-te olhando para mim
coisa, que sempre fazes.
Teu sorriso de bom dia
quantas alegrias me trazem.
Difícil, é viver sem tí
teu carinho não sentir.
Incomoda de tí não saber,
faz falta tua voz ouvir.
Teus carinhos são tantos
que para longe me levam.
Quando de volta me trazem,
quero de novo partir
de novo quero sentir
o encanto, dessa viagem.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras Artes e Ciências
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
Acadêmico da Acilbras - Cadeira 681
Patrono - Comendador Armando Caaraüara
Presidente