Vou Morrer
POESIA EU MORRI NO FUTURO
Quando eu morrer, dedico e ofereço essa poesia aos primeiros vermes que de mim se alimentarem, serei todo nada, de que serviria a minha continuação se não para zombar das verdades, das cores, dos amores?
Quero morrer feliz, não estarei para chorar, nem os meus aqui estarão senão em um lugar qualquer do teatro da vida.
Alegria alegria, solta a música da favela, o forró, o pagode, a ópera, o louvor, enfim, vamos sorrir, pois daqui a uns 60 anos eu não lembrarei que um dia passei por aqui.
Nilo Deyson Monteiro Pessanha
Se eu morrer longe da minha família, terá gente muito mais sinceras, mais pouco me importa, não sou mais mais ninguém.
O homem precisa entender que, ao nascer, começa também a morrer. Ou seja, entender que a sua existência se constitui numa espécie de marcha para a morte...
Brás Cubas e os eventuais sons da natureza
"Agora, quero morrer tranquilamente, metodicamente, ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chácara, e o som estridulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer."
Me resta ter destreza pra quando morrer deixar a luz acesa
Bem mais que resgate, é deixar a velha chama acesa
Toda força ancestral pondo a prova nosso discurso
E se pensar se vale o custo, já era, já mudou o curso
Por isso, firme o ponto, cante pelo sangue que derramei
Infinitas vezes a fúria negra ressuscita outra vez
Pobre vs. dinheiro vs. rico…
Coitadinho de quem é pobrezinho;
neste tão curto viver pra morrer;
e a tão trabalhar pra sobreviver;
por tanto rico ter, seu dinheirinho!
Tal ter, devido a em si não saber ver;
a falta que o tal faz a quem não o tem;
mesmo a trabalhar, tão mais que esse alguém;
por não ter tido a sorte de a algum ter.
Porque o dinheiro havido em esta Terra;
chegava pra erradicar a pobreza;
não houvera em esses tais, tanta ganância…
Dando também pra acabar com a guerra;
não houvesse neles tão grande avareza;
que tão rouba a um pobre toda a abundância.
Quando nos unimos e nos sentimos…
Por todos só cá termos uma vida;
pra morrer, nesta linda natureza;
haja em nós alegria e não tristeza;
haja então desfrutar dessa querida!
Haja em nós alegria e muito unir;
como o tão temos visto pra salvar;
nesta guerra a contra um vírus lutar;
pelo sentir que existe: em tal sentir.
Sentir desta em nós força da UNIÃO;
Sentir deste a nós tanto UNIFICAR;
Sentir deste bonito a nós tão dar…
Sentir da linda intenção de um salvar;
Sentir de haver em nós, mais vida achar;
Sentir em nosso doer, dor de IRMÃO.
Um bom dia?!
Hoje é um bom dia pra morrer?
Desde que li isso me pergunto todos os dias
Mas... E se for hoje? O que posso fazer?
Talvez daria fim em minhas agonias
Me vejo preso a um dilema
Não tenho salvação
Esse é meu meu problema
É a minha sina... Um poeta sem coração
Eu admito, não estou feliz
Estou a um passo de desistir
Porém quero o grande manifesto encontrar
E morrer com clamor quando o final chegar
E se for hoje? Não tenho nem inspiração pra escrever
Estou fraco não sei o que fazer
Quero parar mas não sei consigo
Não tenho coragem nem pra dar um fim em mim mesmo
Cesare Pavese disse que o grande manifesto é o amor
E nem isso encontrei
Onde está o clamor?
Quero te dizer que te amo
Mas de que adiantará?
Não sou eu que estou em seu coração
Acho nele nunca irei morar
Isso me entristece pois quero você
Não só quero como necessito
Se o grande manifesto for você?
Significa que falhei nisso?
E se for hoje? Morrerei sem clamor
Pois nem meu amor fui capaz de encontrar
Peço perdão a você meu real amor
Pela sua felicidade vou lutar
Começou a cadência de sentimentos
Estou em pedaços
Não consigo controlar os pensamentos
Estou juntando os cacos
Tenho medo de morrer, assim como tenho medo de não viver direito.
Tenho medo das pessoas, como tenho medo de ficar sozinha.
Tenho medo de ser insuficiente, ou de ser suficiente e não ser valorizada.
Tenho medo de abraços,mas me pergunto de há algo de errado comigo quando não sou abraçada.
Tenho medo dos meus segredos, do meu passado, do meu futuro e por isso acabo não vivendo o presente como deveria.
Tenho um medo absurdo de ser traída, enganada, passada para trás.
Tenho medo de que riam de mim pelas costas, de que zombem do meu jeito e depois me cubram de falsos elogios.
Tenho medo de ir pro inferno, assim como tenho minhas reservas em relação ao céu: santidade extrema é algo robótico.
Vivo com medo, sem coragem de sequer tentar superá-los. Pois também tenho medo do fracasso, de tanto que já fracassei.
“Se um dia eu pudesse escolher como morrer
Esperaria que fosse
Sacrificando-me pelo que amo.
Por quem amo.
Pelas divisões da minha alma
Pelos pedaços do meu coração.”
Sempre tenha uma verdade no teu coração...
E essa verdade te fará morrer por amor.
Sempre o desejo de perfeição nada além da paixão.
Nascemos sem mesmo saber porquê nascemos, mas não devemos morrer sem sabermos porquê nascemos, você precisa encontrar o propósito de sua vida.
Exortação
Quando eu morrer voltarei para contemplar os momentos que não pude abraçar nos meus viveres
para provar que a matéria acaba e para que não abandonem os deveres
para acariciar os passarinhos que cantavam à minha janela
para revelar que oração não é terço na mão, mas aos seus a total entrega.
Quando eu morrer voltarei para cantar a canção que minha voz em vão a repetiu sem que me ouvissem
para dar de beber às plantas que cultivei com carinho sem que sentissem
para dar as mãos às crianças que docemente me amaram sem desdém
para ensinar que gratidão ao Universo vem da alma para usufruir do bem.
Quando eu morrer voltarei para perdoar a quem não entendeu o quanto amei no meu viver
para mostrar que vale a pena aceitar quem deseja o acolher
para olhar com olhos do bem o mundo que não me tolerou
para perdoar a quem tanto atormentou minha alma e a violentou.
Quando eu morrer voltarei para caminhar em paz sobre as pedras que me foram atiradas.
(Bia Pardini)