Vivo pra Mim
Não gosto nada de saber o que dizem de mim nas minhas costas. Faz com que eu fique convencido demais.
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
Eu tenho 99% de certeza de que ele não gosta de mim. É esse 1% de possibilidade que me mantém assim, tão firme.
Canto a Mim Mesmo
Estão todas as verdades
À espera em todas as coisas:
Não apressam o próprio nascimento
Nem a ele se opõem;
Não carecem do fórceps do obstetra,
E para mim a menos significante
É grande como todas.
Que pode haver de maior ou menor do que um toque?
Sermões e lógicas jamais convencem;
O peso da noite cala bem mais
Fundo em minha alma.
Só o que se prova a qualquer homem ou mulher,
É o que é;
Só o que ninguém pode negar,
É o que é.
Um minuto e uma gota de mim
Tranquilizam o meu cérebro:
Eu acredito que torrões de barro
Podem vir a ser lâmpadas e amantes;
Que um manual de manuais é a carne
De um homem ou de uma mulher;
E que num ápice ou numa flor
Está o sentimento de um pelo outro,
E hão de ramificar-se ao infinito,
A começar daí,
Até que essa lição venha a ser de todos,
E um e todos possam nos deleitar
E nós a eles.
Vinde a mim todos vós que estais cansados e eu vos aliviarei, porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
Os poetas e os filósofos descobriram o inconsciente antes de mim. O que eu descobri foi o método científico que nos permite estudar o inconsciente.
A surdez foi de grande valia para mim. Poupou-me o trabalho de ficar ouvindo grande quantidade de conversas inúteis e me ensinou a ouvir a voz interior.
Ando no traçado do tempo a procura de mim mesmo até hoje não sei quem sou, mas sou um caminhante e não um conformista.
Frases que lhe saíam fáceis e incolores mas que em mim se cravavam, rápidas e agudas, para sempre.
O hábito de me recolher a mim mesmo acabou por me tornar imune aos males que me acossam, e quase me fez perder a memória deles. Desse modo, aprendi com base na minha própria experiência que não está no poder de outrem fazer com que uma pessoa se sinta miserável quando apenas a própria pode se dar esse luxo.
Toda a força que eu vejo em você
Tem sido vital pra mim
Você ainda é meu melhor pecado
É o que eu mais desejo
É o meu berço
E agora eu sei
O quanto conhecer você foi bom pra mim
PÁLIDA INOCÊNCIA
Por que, pálida inocência,
Os olhos teus em dormência
A medo lanças em mim?
No aperto de minha mão
Que sonho do coração
Tremeu-te os seios assim?
E tuas falas divinas
Em que amor lânguida afinas
Em que lânguido sonhar?
E dormindo sem receio
Por que geme no teu seio
Ansioso suspirar?
Inocência! quem dissera
De tua azul primavera
As tuas brisas de amor!
Oh! quem teus lábios sentira
E que trêmulo te abrira
Dos sonhos a tua flor!
Quem te dera a esperança
De tua alma de criança,
Que perfuma teu dormir!
Quem dos sonhos te acordasse,
Que num beijo t’embalasse
Desmaiada no sentir!
Quem te amasse! e um momento
Respirando o teu alento
Recendesse os lábios seus!
Quem lera, divina e bela,
Teu romance de donzela
Cheio de amor e de Deus!
Não quero alguém que morra de amor por mim. Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Alguma coisa em mim não consegue desistir de você. Mesmo depois de todos os fracassos. E tento, tento.
Numa experiência pela qual peço perdão a mim mesma, eu estava saindo do meu mundo e entrando no mundo.