Vivo pra Mim
Não sou de faces, mas tenho fases. Como a lua vivo os meus ciclos.
Tenho asas coloridas de borboleta, e não podo minhas asas para me adaptar ao mundo de ninguém.
Não mutilo meus valores, minhas ideias para parecer a boa moça que se encaixa bem, dentro da caixa.
Perfeita ou não, essa sou eu.
Abraço minhas, sombras porque sombras... Também fazem parte dos dias de sol.
Só os troncos abatidos e os cadáveres inertes rolam pela correnteza. Mas tudo o que está vivo reage, e nada, e vem à tona
“Meus dias oscilam, caminhando nas avenidas eu morro e vivo, o chicote machuca e a cruz salva, e os dois ganham vida em mim.”
Giovane Silva Santos
O morto vivo
Teu coração não parou de bater.
Ainda vão demorar pra te esquecer.
Teu cérebro ainda faz o que ama fazer.
Teu pulso não para de pulsar.
Tua pele ainda não está a necrosar.
O teu quarto ainda bate sol...
Amor você ainda está vivo!
Você ainda sente!
Você ainda pranteia!
E eu lamento, sinto muito...
Por você se sentir assim...
Tão morto, jamais vivo com uma vida dolorosa sem fim.
Eu sou uma boneca.
Escolhem como ando, a roupa que visto e o modo que vivo.
Só falta um dia eu perder a cabeça... e continuarem tomando apenas conta do meu corpo".
Levada ao vento
Girada com a vida
Vivo no lamento
Espero sua vinda
Queima no peito
Arde no olho
Não cabe no peito
Escorre pelo rosto
Nada se esconde
Tudo se duvida
Além do horizonte
Espero a vida
Talvez eu te encontre
Talvez em outro plano
Siga com você
Fale que te amo
Vivo numa bela teia
Tecida com mil fios
Cada um, com uma história
Um sentimento rico
Algum me aperta demais
Mas nenhum me causa dor.
Glória
Vive dentro de mim um mundo raro
Tão vário, tão vibrante, tão profundo
Que o meu amor indómito e avaro
O oculto raivoso ao outro mundo
E nele vivo audaz, ardentemente,
Sentindo consumir-se a sua chama
Que oscila e desce e sobe inquietamente;
Ouvindo a minha voz que por mim chama
Em situações grotescas que me ferem,
Ou conquistando o que meus olhos querem:
Príncipe ou Rei sonhando com domínios.
Sinto bem que são vãs pra me prenderem
As mãos da Vida, muito embora imperem
Sobre a noção real dos meus declínios.
(in "Dispersos e Inéditos")
Ai de mim, Póstumo, Póstumo, fugazes / correm os anos; e as preces / não podem retardar as rugas a velhice / premente e a morte inevitável.
Amor é deus de paz; nós amantes, veneramos a paz; / para mim, particularmente, bastam as guerras com a minha mulher.
O céu é uma abóbada escura por cima de mim / Não vejo o caminho. / Para me iluminar / Acendo em mim um sol de angústia.