Viver em Sociedade
Quando falamos da História do povo negro, sempre nos lembramos da violência inenarrável da escravidão, mas não devemos nos esquecer de que nas lutas pela sobrevivência e pela superação da violência sempre estiveram presentes a criação de alegria, de beleza e de prazer. Estes são os presentes do povo negro para o mundo.
Durante minha carreira como ativista vi o número de presídios crescer com tanta rapidez que muitas pessoas de comunidades negras, latinas e nativo-americanas agora têm mais chances de ir para prisão do que conseguir uma educação decente.
Esta é uma das mais importantes dimensões do feminismo. Nós reconhecemos que ao falarmos sobre uma questão aparentemente pequena, afetamos o todo. E isso faz parte do entendimento de lutar por liberdade e justiça para todos. Para o feminismo ser relevante ele precisa ser antiracista e incluir todas as mulheres das mais diversas esferas.
As questões que não são discutidas na família, no fim também não são tratadas em círculos mais amplos.
O vestuário facilmente pode gerar a vaidade, a vaidade facilmente gera o narcisismo, o narcisismo facilmente gera a arrogância, a arrogância juntamente com o narcisismo facilmente geram o egoísmo, o egoísmo facilmente gera a ganância - esta que por sua vez traz consigo a desigualdade. A desigualdade é amiga do nepotismo e ambas geram injustiça, a injustiça gera revolta, a revolta gera manifestação que mediante o poder traz consigo a ditadura e a ditadura é reflexo da opressão. Da opressão nasce a fome que quando constante resulta em pobreza que por sua vez traz consigo a prostituição e a delinquência.
À medida que o tempo passa aumenta a minha certeza que a sociedade mundial tem sido destruída maioritariamente por pessoas que "vestem bem" , "homens de fatos e gravatas" que a comunicação social define como homens exemplares e a moda como homens de boa aparência.
As pessoas gostam de coisas bonitas. Quando você é bonita, todos querem olhar para você, querem tocar em você. Eu queria isso para mim. Beleza significava valor...
Algumas pessoas nascem em famílias que incentivam a educação; outras são contra. Alguns nascem em economias que estão florescendo e estimulam o empreendedorismo; outros nascem na guerra e na miséria. Quero que você tenha sucesso e quero que você o conquiste. Mas perceba que nem todo sucesso se deve ao trabalho árduo, e nem toda pobreza se deve à preguiça. Tenha isso em mente ao julgar as pessoas, incluindo você mesmo.
Na vida, o segredo é torcer por si mesmo até ao final, porque não faltam pessoas que torcem contra...
O mundo não aceita o diferente. Mesmo os que pregam a diversidade carregam a culpa de não aceitar que os outros não queiram lidar com o diferente como eles querem que todos aceitem.
Eu nasci diferente. Diferente na alma, no pensamento, no coração. Diziam que tinham me trocado na maternidade por querer coisas diferentes do resto da família.
Fui atrás do diferente porque era o natural para mim, mas diziam que eu queria aparecer. Escolhi um curso diferente dos amigos, estudei instrumentos musicais diferentes da maioria.
Não queria ser médica, advogada nem professora. Queria ser juíza de futebol e acabei na psicologia, uma profissão que enxerga o diferente.
Sempre fui diferente. Nunca me deixaram. Era imprescindível que me encaixasse nos modelos sociais, pois uma menina na minha época não tinha direito de ser diferente. Aprendi que não era legal ser diferente e perdi metade da vida buscando ser igual aos outros.
Querendo comer o que todos comem, vestir o que todos vestem, fazer o que todos fazem. Ao mesmo tempo, algo me pressionava o peito para que eu não matasse o diferente dentro de mim.
Uma luta eterna entre aceitar o que eu era e fazer o que os outros queriam. Ainda hoje essa luta existe. Silenciosa mas voraz, íntima mas reverberante. Vivo um conflito constante, ser o que sou ou ser o que o mundo quer que eu seja.
Assim eu sigo, equilibrando o primitivo e o sociável dentro de mim. Até já acostumei, e quanto menos penso nisso, mais eu morro por dentro. Oras, não é isso mesmo o que a sociedade quer? Mais pessoas seguindo as ditaduras, menos seres pensantes?
Texto pensado por Marina Rotty, numa tarde de verão qualquer…
Se padrão de beleza fosse ter a alma e o coração belo, será que as pessoas tentariam tão agudamente atingi-lo?
A humanidade aderiu uma vida tão monótona, que qualquer assunto se torna polêmico, qualquer ato medíocre é idolatrado e qualquer acontecimento é motivo para ser debatido e comentado por semanas.
Acredito no poder curativo e iluminador da narrativa, e acho que há algo a ser procurado ao olhar para o mal, tentando entendê-lo, imaginando se talvez sejamos todos um pouco responsáveis. Algo humano deveria ser estranho para nós? Essa pergunta é aterradora e bonita.
Se houver dor, cuide dela, e se houver uma chama, não a apague, não seja bruto com ela. Arrancamos tanto de nós mesmos para nos curarmos das coisas mais rápido do que deveríamos, que declaramos falência antes mesmo dos trinta e temos menos a oferecer a cada vez que iniciamos algo com alguém novo.
Chega a doer quando alguém se diz de esquerda, mas não renuncia a parte da sua comodidade. Temos de vigiar constantemente a estupidez que nos rodeia e tenta devorar-nos.
Eu aprendi que as crianças são as peças de construção da raça humana. Se elas forem tortas, a próxima geração será torta também.
Não tenho filhos, mas leitores, capazes por si sós de defenderem a civilização contra os avanços da barbárie. A eles nomeio sucessores de uma linguagem irrenunciável. E, embora duvide às vezes se vale defender alguns princípios hoje contestados, persisto em inscrever certas normas no código dos direitos humanos.
Há momentos em que queremos desesperadamente ser mais uma pessoa do que outra, ou porque o cansaço da rotina nos impele para a montanha-russa ou porque a montanha-russa torna a rotina deliciosamente atraente. E é por isso que nunca podemos jurar onde está a felicidade.