Viver
A centelha que nos mantém vivos é tão tênue quanto a fagulha que nos leva a morte. Efêmeros somos, simples poeira cósmica, lapso orbital, existência acidental.
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo)
“As regras não são castrações, mas o reconhecimento de um limite. E, hoje, uma das maiores dificuldades é viver no limite, que nada mais é, do que viver sua liberdade.”
Não tente mudar as pessoas, já basta ser como si é e ainda querer que os outros sejam iguais.
Imagine viver num mundo em que todo mundo pensa e age como você.
Você aguentaria?
EU SEI
Que o sol brilhará em seu halo ancestral ao percorrer a grandeza do firmamento
Que as direções tomadas, impingidas ou precipitadas nos levarão ao apogeu da glória ou ao poço do esquecimento
Que cada segundo é único, raro e precioso de se viver
Que o tudo pode ser nada e o nada tudo pode ser
Que o passado nos pressiona mas não tem o poder de nos acorrentar
Que o presente é tudo que temos e tudo que podemos esperar
Que o futuro está no colo dos deuses e seus asseclas imortais
Que o repicar sonoro na nossa caixa torácica é a melodia da eternidade ressoando lindamente em inícios e finais
Que um sorriso pode ter um efeito sobrenatural
Que um abraço vindo do lugar certo é sem igual
Que um toque é capaz de nos fazer bailar pelos despenhadeiros mais belos
E que um beijo transporta os sabores da vida e dos céus em úmidos elos
Eu não sei ...
A razão do acaso dos mundos gritando seus apelos lúgubres aos meus ouvidos
O motivo do ser, estar ou parecer que desencanta e maravilha o berço dos perdidos
O que esperar ao subir trôpego as dificuldades de existir que se elevam em íngremes montes
Se a luz que me ilumina me trespassa ou se crio sombras no horizonte
Se a balança de Anúbis suportará o sopro da minha existência
Se meus castanhos olhos se perdem onde deveriam ou se meus lábios dançam com quem tem a mesma cadência
Se aqueles aos quais estendi a mão foram dignos de as pegar
Se o portador do meu cálice poderá seguramente dele provar
Onde caminhar? Em meio às luzes das mais belas mentiras ou nas sombras da seca verdade
Perder a mim mesmo sendo o que se espera que eu seja ou a tudo mais para alçar a liberdade
Encantar a um em um encontro não predestinado ou abraçar a todos no suprassumo da mortandade
Remar em lagos tranquilos e opacos ou se lançar no êxtase de uma bela tempestade
Sei que não sei e que ao fim saberei menos do que suponho agora saber
E que a ausência do saber é a ausência do fim e o nosso ápice como ser
Não sei de tudo mais e não tenho a pretensão de saber
A incógnita perdura no tempo e a certeza se esgarça no tule arrogante do parecer.
Naquele momento sublime de intimidade consigo mesmo, no auge da reflexão e do autoconhecimento, tive observando parâmetros singulares da vida. Você entra na vida de pessoas e pessoas entram na sua. Momentos vêm e vão, lembranças, ensinamentos, tudo envoltos num oceano de compartilhamento mútuo. Em um dia você planeja coisas e sonha com aquilo, no outro nada mais é como antes. Vejo que faz parte da natureza do ser humano mudar. Aliás, tudo muda. Em muitos casos a essência fica, mas aquele sentimento de pertencimento a uma realidade outrora vivida fica para trás. É um processo dolorido, que machuca internamente uma contrução diária de perspectivas e realizações. Mas se foi. Uns indo dando adeus e outros sem mesmo ter a chance de se despedir. Mas no final de tudo sobra você. Agora decida: ou vive preso ao passado ou se reinventa. Qual é mais viável para o seu eu?
Cristo veio a terra como homem, não somente para nos salvar; mas também para mostrar tudo o que podemos fazer e ser (assim como Ele viveu) se o tivermos em nossas vidas.
Só tem o coração quebrado quem amou. Vida é risco, é janela aberta aberta pro infinito! Fechar-se garante um coração inteiro, mas também nos mantém reféns de uma vida morna, de uma existência sem emoção.
E o mundo segue, segue a girar num movimento intrépido em diretriz a não direção. Com rota programada desprogramando a cada translado a vida do desafinado.
É preciso o véu lacerar, e da vida não só o fel saborear. Um desfrute que se finda no viver, nascendo a real existência que exala a essência do que habita ao mais intimo sentir que a sua alma pode permitir.
E nas quimeras do meu pensar defini a tal texto criar, na peraltice de enigmar a ideia de quem nele ecoar, para subitamente dizer que o viver nasce dentro ao próximo morrer, e que morrendo se rompe o exoesqueleto que te faz renascer.
Esporadicamente transborde sua essência de viver perigosamente, em momentos ínfimos prazerosos, perceberás que teu desânimo vai para o espaço
Ame-se o máximo que puder,
liberte-se de tudo que for ruim,
insista naquilo que vale a pena,
nunca desista de si mesmo,
e viva a sua vida plenamente.
A vida deveria ser um palco porém sem plateia! Deveríamos rir das nossas quedas e falar de amor ao vento, para que ele se espalhasse pelas ruas, quem sabe brilhar numa manhã de segunda feira como se fosse uma noite de sexta. Encarar os medos como grandes aventuras onde no final receberíamos um troféu, nada relacionado a dinheiro mas, pessoas, experiências, momentos, conhecimento, coisas que jamais poderiam ser tiradas de nós, festejar o hoje (não como aquele clichê de último dia) mas, simplesmente valorizar-lo como presente.
Abrece seu processo, senta e chora com as tuas dores mas, levanta de la forte, supere seus medos e angustias, viva a vida como se voce estivesse se jogando de um penhasco e, aproveite cada instante dessa queda.