Violência
Se antes, a violência mantinha aceso o instinto de auto-defesa dos oprimidos, ainda que sob risco de extinção dos mesmos, com o surgimento do dinheiro houve a vinculação definitiva entre exploradores e explorados, onde os primeiros passaram a coagir os segundos a servirem de forma leniente e, na maioria das vezes, voluntária. O fim dos sistemas escravagistas não significou, de modo algum, a abolição da servidão, mas seu recrudescimento definitivo.
(Ebrael Shaddai, 09/12/2013, em "O sistema financeiro, a falsa liberdade e a marca da Besta" - http://wp.me/pwUpj-1ku)
A confiança é a base de toda relação pacífica entre seres humanos e cessaria toda a violência existente
Não violência não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal.
Pelo contrário.
A não violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria lei do talião - mas em plano moral.
A não violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo.
É um movimento bem mais ativo que outros e exige o uso das armas.
A verdade e a não violência são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe.
A não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o ânimo, contra o tirano. Assim um só indivíduo, tendo como base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a regeneração daquele mesmo império.
Possuo a não violência do corajoso? Só a morte dirá.
Se me matarem e eu com uma oração nos lábios pelo meu assassino e com o pensamento em Deus, ciente da sua presença viva no santuário do meu coração, então, e só então, poder-se-á dizer que possuo a não violência do corajoso.
Não violência é a lei de nossa espécie como violência é a lei do bruto. O espírito mente dormente no bruto, e ele não sabe nenhuma lei, mas a de poder físico. A dignidade do homem requer obediência a uma lei mais alta - a força do espírito.
A violência dos sentimentos das multidões, e sobretudo das multidões
heterogêneas, é ainda ampliada pela ausência de responsabilidade. A certeza da impunidade, tanto mais forte quanto mais numerosa for a multidão, e a noção de um poder momentâneo bastante considerável, devido ao número, tornam possíveis no grupo sentimentos e atos que eram impossíveis no indivíduo isolado. Nas multidões, o imbecil, o ignorante e o invejoso, libertam-se do sentimento da sua nulidade e da sua impotência, que é substituído pela consciência de uma força brutal, passageira mas imensa.
...nunca é demais lembrar que a civilização começa quando nós abrimos mão do uso da violência – de forma coletiva – em nome da convivência pacífica, delegando para um Estado a realização da justiça. Evidentemente que com esse pacto social nós não deixamos de sentir raiva ou desejar vingança, mas ser civilizado é justamente aprender a conter tais impulsos. Agredir alguém porque ele agrediu outro é o que fazem crianças, e o papel da educação é exatamente repreendê-las nessas ocasiões, preparando-as para a vida civilizada.
Daniel M de Barros - psiquiatra
Desde que o mundo é mundo as maiores proezas foram conquistadas através da violência, paz após guerra, direitos após revoluções.
O grande perigo de violência para uma sociedade são as mentes desocupadas;essas são as que mais despesas dão para o Estado e intranquilidade para o cidadão.
Nada justifica a violência contra o próximo.
Chego a conclusão que ter fé, não necessariamente significa ter amor.
Dois Mundos
Sergio vive em um lugar repleto de violência, desigualdade e com muitos criminosos. Mas nem por isso Sergio era um criminoso, pelo contrário, Sergio era trabalhador, todo santo dia acordando as cinco da manhã, dependia do péssimo transporte de sua cidade e pegava pesado nos serviços gerais em sua empresa, chegava em casa exausto. No portão sua mãe, sempre o esperava preocupada, pois chegava sempre tarde, e não era muito bom chegar tarde onde Sergio morava. Assim era a rotina de Sergio, todos os dias, de casa para o trabalho, do trabalho para a casa.
No começo do mês, Sergio ficava feliz, dia de pagamento é sempre o melhor dia pra quem trabalha de verdade. Saía do trampo mais cedo e sempre passava no mercado pra ajudar sua mãe em casa, ainda sobrava um trocado, de trocado em trocado, Sergio juntou um bom dinheiro pra comprar uma boa roupa para ir na festa de 25 anos de seu amigo Daniel, filho do dono da empresa onde trabalhava, um jovem de classe média alta, que vive em um bairro oposto do bairro de Sergio.
Então, Sergio entrou na loja, escolheu as roupas mais caras, levou até a mãe para ver se realmente estava bom a roupa que escolhera, afinal, a festa ia ser num dos lugares mais nobres da cidade. Sergio comprou as melhores roupas, e entrou em uma perfumaria e comprou o perfume mais fino e forte que tinha, gastou todo seu dinheiro que havia juntado, mas estava feliz, pois cumpriu seu objetivo.
No dia da festa, Sergio estava animado, se arrumou e estava pronto para sair, mas quando ia saindo, em sua rua havia uma operação policial, em busca dos criminosos mais violentos da cidade que viviam no bairro de Sergio. Foi um mar de sangue, muitos tiros e mortos, e tudo em frente a casa de Sergio. Realmente foi impossível sair de casa naquela noite. Sergio ficou triste e se sentiu impotente, pois nada podia fazer. As roupas que comprou só pra festa, já não eram tão bonitas assim, o desânimo e o medo tomou conta do pobre trabalhador. Sergio não aceitava ficar preso em casa sem ao menos se divertir, por causa de criminosos que sempre viviam soltos. A indignação, pavor e vergonha tomou conta dele naquela terrível noite.
No dia seguinte no seu trabalho, tentou explicar pra Daniel o motivo de não ter ido a festa. Quando falou tudo, Daniel gargalhou, achou engraçado a cena de Sergio ficar em casa por causa da violência por causa de seu bairro. Falou que nunca tinha visto isso e achou curioso, ainda duvidou de Sergio, pensou que fosse só uma desculpa esfarrapada.
Mas Daniel até tinha uma certa razão, pois nunca passou por isso, não sabia o que era um tiro, e nem tinha noção do que era uma favela. Via só bandidos pela TV, nos seriados americanos que via a tarde depois do trabalho. Vivia em seu mundinho, condomínio fechado e segurança máxima.
Diferente de Sergio, Daniel pegava mais tarde na empresa, afinal, filho do "chefe", ia sempre de carro com seu motorista. Saía cedo, e ia curtir com os amigos pelos bares de alta sociedade que tinha na cidade. Chegava sempre tarde em casa, tinha uma vida de invejar qualquer um. Era um cara até legal, mas o seu principal defeito é que não enxergava nem um palmo a sua frente, pensava que a vida de todos era igual a sua vida.
Curioso é que a favela onde Sérgio mora não fica tão longe de Daniel, a cidade onde moram é belíssima, mas é rica em desigualdades e preconceitos. Daniel ama a cidade e critica quem fala mal dessa belíssima cidade onde vive, Sergio não tem nem tempo de pensar sobre, pois é do trabalho para casa e da casa para o trabalho.
"Abra a mente e os olhos pra poder enxergar, a desigualdade está aí, só é cego quem não quer aceitar." Lucas Amorim
*Apesar de ser uma história bem próxima da realidade, os personagens são fictícios.
Sentimento ouve sentimento, olhar entende olhar, amor corresponde amor, mas violência tem que perder os sentidos.