Viniscius de Moraes Mulher Geminiana

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O que é um escritor? / Crianças abandonadas, uma mulher esquecida, e vaidade, vaidade....

O desejo de amar da mulher indica menos a ternura do coração do que o desejo de ser adorada.

A glória para um homem velho é o que são os diamantes para uma mulher velha: enfeitam-na, mas não a podem embelezar.

A mulher é o produto de um osso supranumerário.

Acordar assustado
é a mulher ainda roncando
falar no ex-namorado.

A mulher, quanto mais olha a cara, tanto mais destrói a casa.

madura no ramo
vou colher a fruta
da mulher que amo

A rispidez de carácter nunca se encontrará na mulher cuja prudência foi a única a contrariar-lhe as propensões.

O coração de uma mulher casada é um imobiliário onerado de hipotecas.

Uma mulher de Madagáscar deixa ver sem pensar nisso o que mais se esconde aqui, mas morreria de vergonha antes de mostrar o braço. É claro que três quartos do pudor são uma coisa aprendida.

Duna cálida
e sobre ela uma
pálida mulher

Para a mulher, a pátria é o lar, mas para o homem o lar é a pátria.

O amor de uma mulher é incompatível com o amor da humanidade.

É devassa essa mulher
que seus sonhos expõe
quando abre a vidraça?

Se a minha mulher tiver de ser viúva um dia, preferia que fosse durante a minha vida.

mulher aflita
telefone toca
cafeteira apita

O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo.

Um diplomata é aquele que se lembra sempre do aniversário de uma mulher, mas nunca da sua idade.

Lillian Russell

Nota: A piada costuma ser creditada a Robert Frost, porém, a expressão "lembrar do aniversário de uma mulher e não de sua idade" já estava em circulação desde a década de 1890, sem autoria conhecida. A atriz Lillian Russell foi a primeira que se tem notícia a usar a palavra diplomata com essa expressão.

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Só ele conheceu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, peitos falsos, bundas falsas, bebidas, poses, frases de efeito, saltos altos, maquiagem e risadas altas. Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de nadar em lugares muito profundos, de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente.
Só ele viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade, meu choro baixinho embaixo da coberta com medo de não ser bonita e inteligente. Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro do Picasso.

Tati Bernardi

Nota: Trecho da crônica "Toque de recolher" publicada em 20/05/2006 no site Blônicas

Mulher: a mais nua das carnes vivas e aquela cujo brilho é o mais suave.