Viniscius de Moraes Mulher Geminiana
A mulher, quanto mais mulher é, tanto mais se defende com as mãos e com os pés contra tudo o que for direito: o estado de natureza, a eterna guerra entre os sexos, lhe dá há muito o primeiro lugar.
Mulher quando está amando alguém faz de tudo pra ficar mais bonita.
Mulher que é bem amada, todos podem notar, muito mais linda fica.
Mas a mulher que se ama de verdade, ah, esta é a mais linda de todas, sempre e sempre!
A mulher deve ser meiga, companheira do marido, tanto na alegria como na tristeza. O homem deve ser amigo da mulher e, no seu amor, deve respeitar sua alma e seu corpo como sagrados que são.
"Mulher não gosta de homem babão, mas isso não significa que vai gostar de um sem noção, cafajeste e por aí vai."
Não sou uma coisa que agradece ter se transformado em outra. Sou uma mulher, sou uma pessoa, sou uma atenção, sou um corpo olhando pela janela. Assim como a chuva não é grata por não ser uma pedra. Ela é uma chuva. Talvez seja isso que se poderia chamar de estar vivo. Não mais que isto, mas isto: vivo. E apenas vivo é uma alegria mansa.
A neve cai. Há uma mulher nua no meu quarto. Os olhos pousados na carpete cor de vinho. Tem dezoito anos. E os seus cabelos são lisos. Não fala o idioma de Montreal. Não se quer sentar. Não parece ter a pele arrepiada. Ficamos os dois a ouvir a tempestade.
Uma mulher não deve sequer olhar
para um homem que não é capaz
de fazer o mínimo para estar ao seu lado.
sou uma mulher mais ou menos
abandonada
um pouco me dou o direito
um pouco aconteceu assim
às vezes cansa ser independente
hoje me sustente não me deixe me alimente
quero alguém para pentear meus cabelos
sou uma mulher mais ou menos maltratada
um pouco por descuido
um pouco por querer
gosto da impressão esfomeada
às vezes cansa ser milionária
quero sair das páginas dos jornais
hoje me adote me faça um carinho deboche
me ponha no colo e abotoe minha blusa
me faça dormir e sonhar com o mocinho
sou uma mulher mais ou menos alucinada
um pouco foi o acaso
um pouco é exagero
hoje me expulse se irrite me bata
diga abracadabra e me faça sumir
às vezes cansa ser louca demais
mas gosto do medo que sentem
de se envolver com uma mulher assim
hoje quero alguém mais ou menos
apaixonado por mim
Mulher é paradoxo. A gente ama, mas odeia; come, mas quer emagrecer; compra roupa, mas não tem o que vestir.
Eu sei, eu sei, a paixão é ridícula.
Sei que não cumpro o que prometo com olhares de mulher.
Pois é, eu sou uma menina. Surpreso?
Eu não.
Você está surpreso mesmo?
Achou que era uma mulher te instigando para fugir da lógica?
Isso é coisa de criança.Lógica?
Que se foda a lógica.
Isto é grande sabedoria para um homem adquirir: Não importa o quanto tu estejas certo, tua mulher sempre estará mais certa do que você.
TODA MULHER TEM O HOMEM QUE MERECE
Toda mulher tem o homem que merece. O mesmo não se pode dizer dos homens.
Ora, se uma mulher tem um homem que a valoriza, que a respeita, e principalmente, a ama imensamente ou se não tem nada disso no homem que está ao seu lado, é por que ela escolheu assim, e gosto não se discute.
Mas nós, homens, por melhores que sejamos ou venhamos a ser, jamais conseguiremos merecer a Graça que é o Amor, o Carinho e os melhores sentimentos de uma mulher.
Por que a Mulher é um ser em tudo tão adorável que para compensar tanta graça, a eternidade inteira seria pouco para amá-la, e mesmo um amor infinito seria, assim, insuficiente!...
E, então, você sabe como tocar uma mulher?...
Sabe como ela gosta de ser tocada?
Tem alguma ideia do quanto ela anseia
que você à toque do jeito que ela sempre quis,
do jeito que ela sempre sonhou?...
Diga-me, você já sentiu a alma dela ardendo
enquanto você à olhava?
Percebeu naquele gesto contido
o calor e a doçura de seus mais íntimos sentimentos?
Você percebeu como ela ama quando você traz ela pra perto,
e lhe beija a boca como se fosse o último beijo?
Você vai tocá-la do jeito que ela deseja?
Vai tocá-la do jeito que ela merece?...
Enfim... Você sabe como tocar uma mulher?...
Sociedade
O homem disse para o amigo:
- Breve irei a tua casa
e levarei minha mulher.
O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.
O homem comeu e bebeu.
A mulher bebeu e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.
Quando foi a hora de sair,
o amigo disse para o homem:
- Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.
No caminho o homem resmunga:
- Ora essa, era o que faltava.
E a mulher ajunta: - Que idiota.
- A casa é um ninho de pulgas.
- Reparaste o bife queimado ?
O piano ruim e a comida pouca.
E todas as quintas-feiras
eles voltavam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.
Estar à espreita! A memória é um ser caprichoso e temperamental, comparável a uma jovem mulher: às vezes, ela cala de forma totalmente inesperada aquilo que já forneceu uma centena de vezes, e mais tarde, quando já não estamos mais pensando naquilo, ela o oferece muito espontaneamente.
Uma mulher entre parênteses
Tinha algo a dizer, mas jamais aos gritos, jamais com ênfase, jamais invocando uma reação
Era como ela catalogava as pessoas: através dos sinais de pontuação. Irritava-se com as amigas que terminavam as frases com reticências... Eram mulheres que nunca definiam suas opiniões, que davam a entender que poderiam mudar de ideia dali a dois segundos e que abusavam da melancolia.
Por outro lado, tampouco se sentia à vontade com as mulheres em estado constante de exclamação. Extra, extra! Tudo nelas causava impacto! Consideravam-se mais importantes do que as outras! Ela, não. Ela era mais discreta. A mais discreta de todas.
Também não era do tipo mulher dois pontos: aquela que está sempre prestes a dizer uma verdade inquestionável, que merece destaque. Também não era daquelas perguntadeiras xaropes que não acreditam no que ouvem, não acreditam no que veem e estão sempre querendo conferir se os outros possuem as mesmas dúvidas: será, será, será? Ela possuía suas interrogações, claro, mas não as expunha.
Era uma mulher entre parênteses.
Fazia parte do universo, mas vivia isolada em seus próprios pensamentos e emoções.
Era como se ela fosse um sussurro, um segredo. Como uma amante que não pode ser exibida à luz do dia. Às vezes, sentia um certo incômodo com a situação, parecia que estava sendo discriminada, que não deveria interagir com o restante das pessoas por possuir algum vírus contagioso.
Outras vezes, avaliava sua situação com olhos mais românticos e concluía que tudo não passava de proteção. Ela era tão especial que seria uma temeridade misturar-se com mulheres óbvias e transparentes em excesso. A mulher entre parênteses tinha algo a dizer, mas jamais aos gritos, jamais com ênfase, jamais invocando uma reação. Ela havia sido adestrada para falar para dentro, apenas consigo mesma.
Tudo muito elegante.
Aos poucos, no entanto, ela passou a perceber que viver entre parênteses começava a sufocá-la. Ela mantinha suas verdades (e suas fantasias) numa redoma, e isso a livrava de uma existência vulgar, mas que graça tinha?
Resolveu um dia comentar sobre o assunto com o marido, que achou muito estranho ela reivindicar mais liberdade de expressão. Ora, manter-se entre parênteses era um charmoso confinamento. “Minha linda, você é uma mulher que guarda a sua alma.”
Um dia ela acordou e descobriu que não queria mais guardar a sua alma. Não queria mais ser um esclarecimento oculto. Ela queria fazer parte da confusão.
“Mas, minha linda...” E não quis mais, também, aquele homem entre aspas.