Viniscius de Moraes Mulher Geminiana
13 de Junho
Ao leve frio do inverno em cor
Noite bela que clara incendeia
A dois um encontro se pôs a compor
A deslumbrante magia da lua cheia
Um vinho tinto e o leve ardor
Nossas histórias, nossos relatos
Recende em brasa a pele em flor
Inocente talvez - Incerto de fato
Tênue barreira dentre teus lábios
Em despedida a pôr-se afora
Retraídos em nosso temor
Firmou-se claro num beijo roubado
O principio de nossa história
O nascer do nosso amor
No Plural
Sermos a sós
Ser meu teu querer
Ser dois em um ser
Ser bem e ser mal
Ser eu e você
Ser no plural
Nós!
Poema a Tristeza
Que vida é essa que tanto me empolga
E hoje em mim causa tanta alegria?
Em tudo que vejo emprego beleza
E acordo feliz assim todo dia
Foi-me levada pra longe a tristeza
E junto a ela minha poesia
E antes que muda minh’alma padeça
E com essa alegria meus versos esqueça
Minha tristeza eu quero de volta!
Pra Sempre Lembrar-te
Seguido a paixão a ordem natural
Ingenuamente, talvez, por instinto
Dediquei-me explicitamente afinco
A discrepância dum amor unilateral
Tão logo o inicio, logo o final
A submissão insana em suplicio
Junto à pena que por ora sinto
Refundi num ato quão surreal
E na perjura do passado esquecer
Fechando os olhos a meu próprio ser
Já cansado de tanto esperar-te
Rabisquei a saudade um tanto amena
E fiz da tua imagem este poema
Para todo sempre lembrar-te
O Cordeiro e o Lobo
E o cordeiro logo roto
Cansado da salvação esperar
Arrancou a cabeça do lobo
E a comeu em seu jantar
O Sentido da Vida
Sabe-se bem que do amor nada se mede
E por seu clamor não há de haver conquista
Somente a unção do entranho par concede
O tragar das carnes ao se por a vista
Amor em demasia assim não se explica
A loucura do intangível fluxo das emoções
Ao contexto do que a si próprio implica
E faz por esmerar os mais distintos corações
Eis que divinamente motiva a existência
A sublime margem de nossa excelência
O segredo da origem quão desconhecida
E eis que do homem faz sua morada
Induzindo-lhe a lançar em dúvida ao nada
O puro e verdadeiro sentido da vida
Dos Meus Vícios
Trago em mim o trago destilado
Da fumaça embriagada das cortinas
Nas janelas empoeiradas que refina
Tão fugaz sagacidade de meu fado
Neste intenso resplendor enlameado
Regressivo a fusão do meu espírito
Manifesta-se num flagelo quão explicito
Traduzindo um coração amargurado
E destes hábitos a que faço meu refugio
Renego em alto minh’alma ao perjúrio
Em uma putrefação viva e amarga
E no teso fardo que aspira o existir
Precedo assim o inevitável que há por vir
Imorredouro sono que a nós todos resguarda
Da Minha Poesia
Tenho dito:
Que minha poesia não se prende a regras
Nem tampouco a contextos gramaticais
Meu coração é meu professor, e mais
Faço de minha inspiração a palavra expressa
Eis que a poesia é mais que o pensar
É um estado de espírito
É a alma que se faz aberta
É transparecer
É resplandecer
É o sentimento a poetizar...
E assim se faz um poeta
E fim de papo
Cantando Solidões
Amo todo esse descompasso
Todo este acelerar dos corações
Amo esse fatigo abafo
Neste precatar de emoções
Amo essa densa embriaguez
E todo o florescer destas paixões
Amo a renuncia quão incerta
Neste esconso frágil de ilusões
Amo como ama um poeta
Cantando solidões
A Esperança
A esperança...
A paciência que entorpece
A esperança...
A cega fé que fortalece
A esperança...
O querer e o sobrevir
A esperança...
O porvir para o porvir
A esperança...
O persistir em convencer
A esperança...
O renascer e o florescer
A esperança...
O viver em relevar
A esperança...
O morrer em esperar
A esperança...
Se Não Fosse a Poesia
Ah! O que seria da vida sem a poesia
Sem o entoar embriagante das canções?
Não haveria o desejar, nem as paixões
E nem sequer felicidade haveria
Trancafiada a sangrar os corações
Santo Deus! Nem o amor existiria
Não haveria encanto ao luar
E nem mesmo a magia do mar
E as esquecidas estrelas
(Coitadas!) não mais brilhariam
Oh! Pobre natureza
Nem as flores brotariam
Se não fosse a poesia
Nada disso existiria
Nem o pôr nem o nascer
Nem a noite nem o dia
Se não fosse a poesia
Nem a existência bastaria
E não haveria ao ser o mundo
Somente o vácuo profundo
Se não fosse a poesia
Verso a Poetisa
Gosto teu ao meu poetizar
Inspira tão exata intimidade
Sentenciando surreal afinidade
Apegando-me a ti sem hesitar
Aos versos que te faço poetisa
Levo o textual e denso sentimento
Vívido acalento – tal qual regozija
Exaltar da poesia ao momento
Sopro de vida que imortaliza
Tem Pena do Meu Amor
Menina dos cabelos encaracolados
Digo até quiçá esvoaçados
Tem pena do meu amor
Não maltrate este coração já tão marcado
De descasos dos amores já passados
E que hoje só conhece o que é dor
Menina de olhos pequenos e brilhantes
Que se revela o mistério dos amantes
Dando luz a sua bela branca cor
Tem piedade deste ser apaixonado
Que sonha a vida para sempre a seu lado
E por ti morreria se preciso for
Menina de gesto meigo e delicado
Deixe ser meu coração o seu amado
Não despreze este pobre sonhador
Por amar tanto meu coração se fez aflito
E por isso neste momento te suplico
Tem pena do meu amor
Conjugar
Vamos brincar de conjugar
Numa oração a toda gente
Adjeto de tão raro efeito
Conjuguemos o verbo “Amar”
Num Futuro Pretérito Presente
Muito-Mais-Que-Perfeito
Eu amo a ti
Tu amas a mim
Ele ama a seus filhos
Nós amamos a Ele
Vós amais aos outros
Eles amam a todos
E eis que o amor predomina
Gostos Simples
É um gosto refinado de se ter
O de a simplicidade desfrutar
As coisas importantes a meu ver
São aquelas que se passam sem notar
Como pôr um filho a adormecer
Ou o afago de uma mãe a consolar
Como um amor a esquecer
Como um amor a começar
O deleite de ser amado
E o prazer de se amar
Uma comédia romântica
Abraçadinhos no sofá
Até mesmo a semântica
Do que se pode melhorar
O leve gosto do perigo
O satisfazer do vicio
Uma canção de Chico
E uma poesia de Vinícius
Andar de pés descalços
Tomar banho de chuva
Sem ligar com a roupa suja
Sem ligar com o cansaço
Um corte novo de cabelo
Uma nova camiseta
Um bom Jack com gelo
Uma vaidade satisfeita
Comer doces a vontade
Mesmo antes do jantar
Acordar ao meio-dia
Sem ter que se preocupar
Uma boa pescaria
Com os amigos a acampar
O dia de pagamento
Um feriado prolongado
O viver todo momento
Com quem gosta a teu lado
Um cineminha com pipocas e beijinhos
Afogados em Coca-Cola e carinhos
O suspirar da amada ao meu poetizar
E o conjugar de nossos verbos a amar
Um violão e uma cifra
Um sarrinho de um amigo
Uma conversa de mesa de bar
Um abraçar de noite fria
O dormir de conchinha
Um beijo de boa noite
E outro beijo de bom dia
São alguns gestos que desfruto
E que minha felicidade aqui se faz
E se hoje usufruo disto tudo
Que posso eu da vida querer mais?
Eu aprendi que mesmo as coisas ruins são tão importantes quanto as boas. Nada é por acaso, a gente muda tanto quanto as estações, uma mais florida, outra menos cinza, noutra há menos cores que o previsto.. e que se arrepender de ter feito é menos terrível do que nada ter feito. Que os dias passam rápido de mais e que mesmo nas mentiras os dois tem sempre a razão. Que perdoar é a coisa mais difícil e nobre do mundo. Que um cara-cara é mais brutal que encarar a morte. Na verdade, uma viagem em ponto de chegada quando não se sabe se ainda quer voltar... Mas não me refiro ao namoro, mas em nossas amizades. Afinal, qual sentimento seria suficiente pra unir os amigos? Namoro é a amizade em que os confidentes são os personagens de nossas queixas e alegrias, onde os conselhos são criados para si e não para o outro... E que se pode trocar beijos e assim, afagos brotarem e resolverem os problemas até melhor que as próprias palavras e conselhos dados por nós mesmo. A amizade requer menos que isso. Mas prefira o difícil.