Vinho
Não quero cálice vazio
Quero vinho, versos...
Tô com fome !
Dos teus olhos
Tua boca...
Quero prato cheio;
Músicas
Arrepiando corpo
Alimentando alma.
Traga flores e vinho
o meu coração te espera sempre alerta
Traga flores e vinho
para que as cores do nosso amor não desbotem
A noite bate na nossa porta
a procura de alguém para dançar
Cigarros e estrelas
Sorrisos e gemidos
Essa não é mais uma daquelas canções tristes de amor
[...]
Caro Senhor,
eu pensei que
A chuva, o sol,
a lua, as estrelas,
as flores,
O VINHO,
o doce de leite, a manga, o caju,
e o chocolate, fossem as coisas que eu mais gostava...
ATÉ VOCÊ CHEGAR..
..
"O Vinho e o charuto tem algo em comum aos homens, uns são secos outros suaves, mas todos acabam em cinza."
RO-SA-NA ( O leite ou o vinho?)
Eu — Ao invés de uma, sou duas. Não duas. Digo melhor, seria muitas. Agora, estou sentada a mesa, tenho leite e vinho diante de mim. O que deverei beber? Se eu beber o leite, fortaleço meus ossos, antes que eles decomponham-se aqui e como cinzas fúteis e velozes, misturem-se a todo invisível que permeia esse ar, esse ar tão meu e tão de outros. Pergunto-me: Como serei apenas uma, se respiro os outros? Respiro minha vizinha que me observa todas as tardes , quando me dirijo calmamente à área de estar, para saciar a sede de minhas rosas. Respiro os olhos inquietos do meu chefe, que moribundo, hipocritamente pergunta-me se está tudo bem, sem nem ao menos esperar, que eu, entre um segundo e outro, abra meus lábios e insinue um simples sorriso corado, e o fale, o que entala meu paladar, toda vez que tento engolir seu sorriso ironizado. Respiro a orquestra de sussurros entre olhos, ao entrar cedo pela manhã num ônibus lotado, onde procurando calmamente um espaço, único e meu, eu fique ali, contida, quieta, encostando-se a todos e ao mesmo tempo, sozinha, num particular entre sonhos e anseios, entre conversas que ainda não tive tempo de terminar comigo mesma, num espaço de tempo em que reflito, enquanto vejo as mesmas imagens diárias passar sobre meus olhos. Não olho pra ninguém e ao mesmo tempo vejo todos, não conheço ninguém e ao mesmo tempo são tão íntimos e trazem o mesmo cheiro do dia anterior, trazem assim como eu, a mesma expectativa consciente que o tempo passe rápido e que logo o dia termine, para que em regresso possa desfazer-se de toda roupa e sentir seus pés livres de seus sapatos. Adoro sapatos, também respiro meus sapatos, semana passada enamorei-me de um scarpin cor de vinho, olhei-o e ainda me propus a tocá-los, na bolsa olhava meu cartão de crédito, eu sábia não poder possuí-lo no momento. Mas, meus pés nervosos queriam calçá-los. Senti-me então como uma adolescente, que encontra seu primeiro amor e anseia pelo gosto do primeiro beijo, aflita teme não saber os movimentos precisos quando se encontra um lábio em outro, ansiosa sente o gosto na boca do beijo desejado, mas, com a mesma voracidade de possuí-lo encontra-se no receio de executá-lo e corre para longe do alvo de desejo, ou apenas o maldiz com uma expressão desdenhosa, ansiando na realidade o bem querer. Eu corri do sapato. Se lembrei de José do Egito, que correu para não trair a confiança de seu Amo e nem de seu Deus. Eu corri, para não trair a mim e nem ao meu bolso. Mas, ainda no ônibus penso, que embora meus pés calcem um conforto que escolhi (embora não seja o scarpin vinho) não vejo à hora de poder livra-me deles, do meu sapato preto de verniz, com uma simples e delicada fivela prateada, do lado esquerdo, não vejo a hora de em casa, longe dos olhos curiosos de minhas colegas, escolhidas ironicamente pelo mesmo chefe que me faz ter surtos nervosos, posso enfim, olhar meus pés, poupá-los e deixá-los livres. Posso também, olhar meu reflexo no espelho, quando finjo não perceber que a pele corada ,mostra os sinais de tudo o que me rodeia á tantos anos. E o que eu fui há tantos anos? Senão uma criança que ansiava o saber e entre aromas e sabores, respirava o universo de todos que, estavam ao meu redor. Respiro meu casamento, em um estado de inércia, em que os cheiros que me agradavam ha um tempo, agora se alastram como fungos ociosos, e se escondem acomodadamente num ambiente de conforto. Como? Como não ser mais de uma, se todos os dias, confundo-me entre o que sou e o que quero ser?
Se bebo o vinho, inebrio minha alma, a faço cantar e sorrir de coisas que muitas vezes sutilmente escondo. Inebrio minha alma, antes que ela congele, e ali, sem vida não possa alcançar os céus, nos momentos que em sonhos encontro meus tesouros. Saciar-se desse vinho, ainda que me tire de um estado sóbrio, pode dar-me coragem para enfrentar meus medos, antes que eles me tomem, antes que eles me façam permanecer em círculos obsessivos e doentios. A mesa convida-me e algo me diz que devo provar do leite, mas também do vinho. Algo diz que devo sim ser uma ou mais de uma, ou apenas me perder em meus caminhos descalçados.
Hoje na lanchonete, percebi um homem olhando-me, mas ele não olhava apenas pra mim e sim para nós, todas nós. Éramos quatro e ele não olhava-nos com os olhos, ele olhava-nos com os ouvidos. Discreto, quieto, perdia-se em seu alimento e achava-se no que falávamos. Talvez tentasse entender o que pensamos, já que nós mulheres, temos tanta facilidade de falar de nossas dores, de repente deixaríamos claro em nossos segredos forjados o que tantos tentam entender. Ele respirava-nos com tamanha vontade como se a vontade de o saber fosse maior do que saciar sua fome. Mas nós mulheres sabemos. Sabemos como ludibriamos a nós mesmas e também aos outros, como dançamos com passos quietos em situações avessas. No fundo o que falamos em uma mesa em quatro, nunca são fatos perfeitamente contados, nenhuma de nós confiamos plenamente na outra e sempre nos resguardamos do que dizemos. Talvez á minha amiga; Sim, aquela que eu tanto admiro, eu possa contar um pouco mais, um pouco mais do que ensaiei. E ainda assim, que fique um pouco em mim que nem eu mesma sei se devo dizer-me, daqueles dias em que tomei atitudes que ao me inebriar de vinho ou saciar-me de leite, deixei de ser o que achava ser. Coisas que Deus sabe e só ele sabe, nos passos que percorri o caminho que meus pés escolheram pisar e por onde tropecei, nos dias quietos, nos dias tristes, nos dias frios e também nos dias eufóricos e quentes.
O homem ansioso, talvez quisesse apenas saber como nós em quatro, podíamos em alguns minutos falar milhares de dezenas de palavras, onde a maioria é deixada e despercebida, trocadas mais tarde por um simples, até logo. Trocadas depois por particulares entres duplas que se desfizeram ou entre o leito conjugal de cada uma e seu amante. Ele atento, talvez riu no seu olhar de escrutinador, talvez comentou com alguém, talvez se encantou por nós mulheres mais uma vez, ou talvez percebeu o quanto somos parecidas. Nos enfileiramo-nos depois, deixando o ambiente quieto, silencioso, deixando apenas a vaga lembrança de nossos risos e confissões permitidas. Onde entre uma conversa e outra olhávamos uma para outra e nos enxergávamos, um pouco as mãos, ou cabelos, ou até os sapatos de verniz. Percebo que ele também compactou conosco e mais tarde vai respirar um pouco do que viu ali. Gostei dele! Acho que o seu jeito tranqüilo fez cócegas em meu coração eufórico. No final então, eu o respirei, e isso me deixa com uma impressão esquisita, sobre qual será a probabilidade de vê-lo mais uma vez. Dessa vez, quem sabe eu calce meus sapatos novos! Sim porque vou à loja e comprarei o scarpin cor de vinho e assim, ele pode até, ao invés de nos enxergar, enxergar meus sapatos. Embora homens não enxerguem sapatos. Gosto dos meus pés e ele pode gostar também. Ele pode até enxergar meu nome na tatuagem que fiz no pé esquerdo e quem sabe, entre uma mordida e outra do pão de queijo que devorava num ato involuntário de desejo, soletrar: RO-SA-NA. Fazendo com que eu perceba que , entre todas , foi eu que o chamei atenção.
Devo ter provado o vinho e agora estou aqui bêbada, falando bobagens que só conto a mim. Sim é dessas bobagens que falo que respiramos e inalamos e guardamos conosco. Essas ficam assim, deixadas em lugares ocultos aos outros, mas de fácil acesso á nós. Preciso levantar-se agora, não sei bem que horas são, mas é tarde e agora devo conversar com meus lençóis.
Deixou a mesa, sem provar do leite e do vinho, deixou a mesa lentamente com um sorriso enfeitiçado no rosto, como se na cama, fosse deparar-se com o homem que a enxergou com os ouvidos.
Lene Dantas
Cartas Para Ela:
[Os Copos da Saudade]
A cada taça de Vinho
Me sinto cada vez mais sozinho.
A cada copo de cerveja
Eu trago mais putas a mesa.
A cada dose de Tequila
A falta do teu toque me aniquila.
A cada copo de Whisky
A tua ida faz meu coração partir-se.
A cada copo de absinto
Eu penso em escrever-te o que sinto.
A cada gole de Martine
O falta do teu amor me atinge.
A cada lata de Pitú
Eu percebo que tomei no cú!"
E tudo mudou
da água pro vinho
Indiferença também pode ser
caminho...
O caminho de um grande
Re(começo )!
Jogo taças, tomo vinho...tento apagar das minhas digitais
o desejo
de tocar teu corpo, abraçar tua pele, senti...
cheiros, dos teus lenções.
Acalmar meus medos, vontade do teu corpo, saudade !
Saudade dos teus olhos, tua voz...
voz que me envolve, me leva em canções.
Saudades...de tudo do nada,
tim-tim
brindo a loucura de amar um sonho
querer o impossível,
cantar minhas vontades de nós !
Podem até pisar nas uvas, mas
na hora em que elas se transformarem
em vinho vai ter que engolir e rasgar
de elogios a quem tanto foi pisado.
A música para mim é como um cálice de vinho
Que me embriaga e me seduz e Logo depois me põe para cantar e dançar. Cada letra de uma canção é uma fase musical de nossa vida.
Depois de envelhecer, cuide para que seja um humano sábio ou um bom vinho... O restante não serve para nada.
Eu criei vocês, eu fiz o pão e vinho. Eu fiz os mares e os seres que por ele permeiam. Fiz a terra e os frutos que nela são produzidos. Fiz o homem e o amor. O amor para amar a si próprio e ao próximo, fiz o amor para mais de um homem e mais de um homem fora feito para amar. Eu fiz a dúvida e a certeza, fiz o egoísmo e a compaixão, fiz o passado e o futuro, fiz o amor e o ódio, fiz o livre-árbitro e o erro. Ao passar dos giros novos conceitos foram impostos. Dei ao homem o poder de criar. Criaram-se então o preconceito.
CHEIRO DE HOMEM AO VINHO
Hoje senti teu cheiro de homem no vento
Pensava em você a um tempo me tendo por inteira .
Eu te procurei e só me perdi loucamente no teu templo.
Vivo perdida a te desejar de qualquer jeito.
Hoje o teu cheiro tinha sabor de vinho.
E me alinho aos deuses do que der e vier.
Eu usava um decote ousado, imaginando provocar teu cajado.
Sou mulher de pinta atrevida.
Hoje vou invadir teu mundo cavernoso
E guiar os desatinos de meus caminhos absintos.
Quero que prove meu sabor jambú Madagáscar.
E sinta a deliciosa ação anestésica na tua mucosa bucal a te abençoar por beijar os grandes lábios meus.
Divide comigo a minha loucura
De te amar assim sem me atinar
A insanidade é uma menina
Sozinha, querendo brincar com você.
__________ Norma Baker
Vinho e água
Ouvi uma história, não sei
o quanto ela é real ou inventada,
porque a vida é assim: do que o outro acha que percebeu,
do que realmente aconteceu,
ao que penso que entendi.
Mas, o fato é que, a menina
desde pequena perdeu-se em agradar
e se perdendo em doar,
para se anestesiar quando mulher,
de tempo em tempo,
para mais agradar e agradar ao relacionar, fugia para se transformar naquela que achava forte.
Num dia de vinho o poeta sem poetizar foi categórico em observar: que naquilo ela não podia mais se agarrar.
Temendo a realidade e com esperança no futuro
com a água se purificou,
da busca por si se afirmou
e, do vinho à água se transformou.
O pior veneno que um cristão pode tomar,
é beber na taça da ignorância
o vinho da ilusão de que SEJA mais santo que seu irmão caído.
Estar CAÍDO, não significa SER alguém fracassado na vida cristã.
(Romanos 14:4)
A verdade é que muitos querem transformar água em vinho, mas esquecem que é (de) fé que se procede o caminho.