Frases sobre vidro
O tempo escorrendo pelas mãos, tente agarra-lo, pois ela escorre como a brisa no vidro como os pingos de chuva nas telhas.
O barulho do vidro quebrando abalou a casa inteira, um misto do que aconteceu e não fui eu.
Num salto todos se olham em busca do culpado e lá estava ele, o gato.
Mas o gato, que mesmo subindo em cima do espelho que não estava no seu lugar desejado, era o único que não podia ser considerado culpado, afinal ele só era um gato e gatos sobem onde dá na telha.
Uma vida esquecida
Eu conheço o vidro franja por franja
meticulosamente
à porta parado um homem oco
franja por franja no espaço
meticulosamente oco uma porta parada.
Um relógio dá dez badaladas ininterruptamente
dez badaladas por brincadeira dança
um homem com pernas de mulher
e um olhar devasso no Marte
passo por passo uma criança chora
uma águia e um vampiro recuados no tempo.
Como explicar para uma criança que mora em uma comunidade que pedaços de vidro encima do muro protegem mais do que a policia ?
"Lembrei da personagem da Sylvia Plath em sua Redoma de Vidro. Por que? Bem... Eu havia ganhado aquela brincadeira de quem fica mais tempo embaixo d'água. Queria sorrir e gritar uma provocação jocosa, mas não sentia nada. Não sentia nada há alguns meses.
Por isso mergulhei de novo, já não tinha certeza se o que de fato banhava o meu rosto eram as ondas."
ESTRANHEZAS DE VIVER
De que somos feitos?
Às vezes somos de vidro, transparentes límpidos.
E também de pedra, nada manifestamos sobre o que desatinar a doer, nos roubando a razão da circunstância em que a vida nos lança, e estar tudo muito bem.
Seriamos compostos também de água, tudo circunda e nada nos toca ou dói. Acostumados a viver de forma liquida na incapacidade de desenvolver a nossa forma natural.
Ou ainda de areia, juntado de minúsculos grãos que basta um insignificante atrito, para ralar e passar a doer.
Somos de um tempo, um momento cheio de dodóis entre a vida e a morte, mais também convalescentes nessa grande aventura cheia de estranhas surpresas que se chama viver.
Megalópoles empanturradas de indivíduos,
Vidrados nos vultos das caixas de vidro.
Beltranos repartindo o jejum,
Decompondo-se em vala comum.
Dias cinzas...
Pela janela vejo a chuva,
seus pingos tocam o vidro no ritmo do coração, quase se achegando nele.
Chove aqui dentro também...
Quem é ela que estilhaça minha janela
Que pinta meuvidro como se usasse aquarela
Que tilinta suave e estridente ao mesmo tempo, como se tentasse, sutilmente, desafiarminha inquietude com leve espiadela.
Rajadas frequentes como se estivessem voltando os bravos sentinelas
Só pode ser ela, trazendo renovação e calmaria em meio ao caos, como se a colher de pau surrrasse a desgastada panela.
Oh, chuva! Peço que não caia devagar, que molhe esse povo e os deixe chorar! Mas nãoos deixe largados em qualquer viela.
Suas lágrimas devem confluir com suas gotículas e inundar as mazelas que por aqui se instalaram por pura falta de amor, cravo e canela.
E ela parece brava, do jeito que Yansã gosta.
Senhora do amanhecer, onde sua espada brilha, pra nos proteger.
Enquanto aqui permaneço, jogando mais tinta na tela, tentandoadmirar intra-janela, me dou faltada cor amarela.
Nada é tão mágico se não tiver amarelo.
Um colorido sem amarelo é um pé doente sem sua chinela. Parece completo. Parece.
Olha lá, além da favela, ao leste Ele surge me dando logo uma vívida e escaldante piscadela.
Pronto, agora não falta mais nada
A paleta da natureza está completa
Posso voltar a dormir.
A chuva ainda cai
E eu posso fechar minha janela.
"Grandes sentimentos quando carregados em potes de vidro... Gera descontamento quando quebrado em cada indivíduo"
Num fragmento de instante, nossos olhares se tocaram no reflexo do vidro recém-comprado.
– Você está maior, filho. Quase do meu tamanho – ele interrompeu a caminhada.
Eu não achava. Minha altura parecia a mesma. Pude sentir, porém, que algo de fato mudara em mim, embora não soubesse definir exatamente o quê. Algo que mais tarde, já sob a sombra de um corpo de homem, ganhou absoluta limpidez: na imagem baça daquele vidro, o pai começara irremediavelmente a desaparecer.
Dezembro.
Calor.
Miguel está ao volante. Sério. Suando.
São Paulo.
A mosca se debate contra o vidro.
A mosca parece não perceber o que a detém.
Persiste.
Zunido.
A batida dos meus pulsos acelera,e o meu interesse por você se quebra,como cacos de vidro,que você poderia ter evitado cair.
Inverno
Como as gotas no vidro,
como as gotas de chuva
numa tarde sonolenta,
exatamente iguais,
superficiais,
ávidas todas,
breves,
se ferem e se fundem,
tão, tão breves
que não poderiam acomodar(acolher) o medo,
que o espanto não deveria fazer marca
em nós.
Depois, já mortos, rodaremos,
redondos e esquecidos.