Vida Amorosa
Eu acordei! E se eu estou acordado, todo mundo deve acordar! Levante! Eu quero muito que você levante!
Oi, filhotinhos. Acabei de conhecer você, mas já te adoro. E você, você também, e você. E você. Espere. Falei que te adoro? Eu não sei, então vou falar de novo. Eu te adoro.
Você é meu cachorro. Eu faço coisas para você. Mas você me ajuda com o meu dia. Você protege o jardim, a casa, aliás, a vizinhança toda. É meu bichinho de estimação. Mas também é meu melhor amigo.
Eu aprendi quando me vi sózinho chorando, sem ninguém do meu lado. E assim percebi que a única pessoa que estaria comigo quando eu precisasse, era somente Deus e eu.
Eu quero só que a luz que eu vejo em você, você enxergue em si.
Sim, eu amo seu olhar sexy, adoro seu jeito de andar tímido.
Adoro seu duplo sorriso.
Eu sei quando realmente está sorrindo de verdade, sempre começa tímido.
Parece um pedido de "posso rir?"
Chega como o vento.
De repente.
Por vezes suave.
Noutras, quebrando janelas, devastando a intimidade.
Chega como o vento.
Não se sabe o que quer,
de onde vem
e nem para onde vai.
Simplesmente chega.
Sem invocação nem convite.
Impõe-se. Faz-se invasor. Faz-se presente.
Uma outra força, ainda sem nome, que deriva violentamente como uma urgência,
agarra-se ao pulsar do coração,
no peito,
ao peito,
querendo romper a pele.
Por vezes faz até doer.
E dói. E agarra-se aos olhos, essa ansiedade que ressoa no peito, como um pássaro preso querendo voar.
É o corpo que perscruta a iminência da luz, intermitente,
ante do ressoar de um grito mudo.
É o corpo que sente, num arranjo perfeito, a marcação do compasso determinado pelo tempo.
De novo, o vento.
Um sopro mais profundo, arranca fio a fio,
e suplica, à vida e à morte, o passo em frente.
Avança-se ao sabor de uma balada, a da incerteza.
Toda a pele ficou a nu,
Despida.
De conjeturas. De certezas. De verdades.
De novo, o coração dentro do peito,
Pulsante.
De novo, um novo olhar em olhos então erguidos.
Vibrantes.
Olhos que despertam para renascer.
Olhos que se abrem a uma nova existência.
É a criação de um novo ser em plenitude, reinventado, partindo da essência, desprovido de conceitos.
Tal é a emanação interior que existe,
Que faz brotar,
como nos ramos despidos de uma árvore de inverno,
os primeiros botões verdes que se erguem ao primeiro raio de sol que inaugura a Manhã.
Ou não fossemos nós
fruto dessa força fluida e cíclica:
a Natureza.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Tudo se constrói e se desfaz
no chamar que eu permito.
Na busca da minha essência
respeitando as Leis de Deus
nos caminhos de luz ou sombra que
cultivo e habito.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Tenho todos os inimigos
que crio e alimento
no túnel sem luz com amplo sinal verde a meus piores pensamentos.
Se distante de Deus, tudo cresce e se expande, ganha vida,
sem meu consentimento.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Quando meu ego cansado das lutas diárias
encontra o travesseiro, já percebo
em brevíssimos lampejos,
os momentos em que fui arrogante, descortês, insolente...
Mas sempre com o mais fraco,
com o desafortunado; dificilmente com o bem vestido, elegante, o aparentemente abastado.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
O amor que cura enfermos e multiplica pães, guardadas as devidas proporções, também está em nós, semeadores das cidades.
O que nos impede a multiplicação, é o foco excessivo em nossas necessidades.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Se me permito ver a dor silenciosa das calçadas, coloco num rogar a Deus
o muito ou o pouco que já
posso e finjo que não posso;
e continuo mentindo pra mim,
sentindo-me incapacitada.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Conversar com Deus é curativo
me agrega paz e equilíbrio
me retira das zonas de conflito
me faz firme em propósitos, proativo.
DEUS É BOM O TEMPO TODO
Leio que sou filho de Deus e luz do mundo,
mas raramente sinto em mim a leveza desta benfazeja condição.
Sou o que penso, sou o que não reflito,
sou ainda o que não deixo passar pela peneira, retido, sem Deus e preguiçoso na oração.
DEUS É COM O TEMPO TODO
Esse dente por dente, olho por olho
que ainda me chama, enche prisões
e virá drama, cospe fogo e no passar do tempo, com o arrependimento, com dores e sem tramas, encontra no perdão a si próprio
o gotejar de um novo panorama.