Vestido
Ex-namorado é que nem vestido:
você vê em foto antiga e não acredita que
teve coragem de um dia sair com aquilo.
Mulheres
Como as mulheres são lindas!
Inútil pensar que é do vestido...
E depois não há só as bonitas:
Há também as simpáticas.
E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto:
Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha.
Como deve ser bom gostar de uma feia!
O meu amor porém não tem bondade alguma.
É fraco! Fraco!
Meu Deus, eu amo como as criancinhas...
És linda como uma história da carochinha...
E eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai
(No tempo em que pensava que os ladrões moravam no morro atrás de casa e tinham cara de pau)
A menina de vestido rosa
Joga bolas verdes
Nos gatos pretos
Na rua cinza
E um dia de céu azul
E nuvens brancas
E sol amarelo
Ai ela bota um vestido decotado, um perfume adocicado, um salto alto exagerado, capricha no penteado, na maquiagem e no rebolado e sai por ai, jogando feitiço por onde passa.
Ela arrasa!
O mais bonito nela é a segurança de ter consciência de ser uma bela mulher!
E que mulher!
Ela tem algo que encanta, que fascina, que te laça e te puxa...
Sei não... Linda ela é, só não sei se é sereia ou é bruxa!
A menina, com seu vestido estampado sentia tudo girar. Ela girava até ficar tonta. Porque ela gostava daquela tontura pra viver. Era como centenas de borboletas farfalhando dentro dela. E no bater das asas, levassem embora as memórias, as derrotas, os cansaços. Depois, a menina saía mais leve. Como se pisando estivesse num tapete florido. Um pouco mais de vento, ela saia voando. Gostoso não sei se era. Mas bonito parecia. Ver a menina daquele jeito, cabelos soltos, pés descalços, sorriso no rosto, uma estrela na testa. Como num quadro pintando a guache. Girando e vendo tudo girar. Ela e Deus. Sozinha no planeta Terra. Louca e completamente feliz.
Mulher Branca
Dos cabelos pretos
E do vestido vermelhos
Uma bela dama
Cheia de elagância
e mordomia
Que contagia cada um
com a sua
Alegria.
Embora as magras estejam quites com a balança, as gordinhas preenchem o vestido com mais competência...
Você não é vulgar quando usa um mini vestido, mas sim quando tem um mini cérebro pra achar que isso é sua única arma de sedução.
Diga que se lembrará de mim. Ali parada, em um lindo vestido. Encarando o pôr do sol.
Estou vestido pelas minhas verdades
Na forma de notícias envelhecidas
Estou distante da realidade
Sonhando meus distúrbios, traço meu próprio destino
Mas você vem e eu amanheço
E eu não sei quem te acompanha
Alguém me salve da armadilha que criei
Ela se afasta de mim
Como seu eu não a quisesse
Mais um golpe, mais uma fraude
Eu me levanto e caminho em direção ao paraíso
Essa dor insuportável me faz mudar de direção
Estou perdido, estou atordoado
Meu caminho está cada vez mais distante
Tenho que dar sentido a isso tudo
Queria ser um astro
Para poder conversar com vocês
Como se vocês me tolerassem
Não se vá com a chuva
Lembro-me bem da primeira vez que a vi. Estava com um vestido azul florido. Com os cabelos escuros soltos sendo levemente bagunçados pelo vento, e suavemente molhados pela garoa. Andava apressada, acredito que não pelo fato de estar chovendo, pois não me parecia incomodada com os chuviscos. Repentinamente virou-se para o lado esquerdo encontrando meus olhos tão fixamente postos sobre ela. Nossos olhares se cruzaram por instantes que duraram uma vida, acredito que não só para mim. Vagarosamente caminhou em minha direção, sem ao menos desviar o olhar adentrou no restaurante em que me encontrava.Não pude conter-me ao vê-la, senti um sorriso moldar-se em meus lábios finos da forma mais convidativa possível. Ela veio sentar-se comigo. Conversamos durante alguns minutos, ou horas, não sei, o tempo era a última coisa que me vinha à cabeça. Eu estava feliz, não sei o porquê, mas eu estava feliz. Não sei se era o fato de estar ali conversando com alguém que acabara de conhecer, e que de alguma forma fazia-me sentir como conhecidos de longa data. Ou por simplesmente estar apaixonado por esse alguém. Não importava. Eu senti como se a felicidade pulsasse por minhas veias. Era algo mágico. Não conseguindo me controlar mais, fui me aproximando cada vez mais de seu rosto, delicadamente prendi a mecha de cabelo que escondia parcialmente seu rosto atrás da orelha, me aproximei um pouco mais e, desisti.
Aqueles olhos castanhos eram praticamente ilegíveis, não conseguia saber se me convidavam ir mais além ou se me repreendiam. Voltei ao meu lugar inicial, e foi à vez dela, esta não se preocupou em ir pausadamente , diferentemente de mim, ela o fez depressa. Nossos lábios se tocaram e se encaixaram perfeitamente. Foi nesse exato momento em que pude desvendar o enigma. Eu não estava apaixonado, não mesmo. Eu estava amando, da forma mais insana e imprevisível, eu estava amando. Ela afastou-se. E consultou o relógio de pulso, dizendo:
- Eu tenho que ir. Estou atrasada para um compromisso.
Ela levantou-se e virou em direção a saída. Vendo isso, a segurei pelo braço e disse:
- Espera. Ao menos me dê seu telefone, por favor.
Ela me ignorou. Andou em direção a porta sem nada dizer. Num impulso andei atrás dela. Correndo, ela cruzou a porta do restaurante e esta se fechou num estrondo. Quando saí já não chovia mais e não restava mais nada, nem um rastro, nada, a chuva se fora e a levara junto. Olhei para todos os lados em busca dela, nenhum sinal, nada. Abatido, entrei em meu carro e dirigi até o trabalho. Durante algumas noites tive pesadelos. Sonhava que em um momento a tinha em meus braços e no outro ela simplesmente desaparecia.
Mas não resolvi contar essa história para desiludir aqueles que sonham com o para sempre, amor à primeira vista ou coisa assim, mas simplesmente por que hoje eu a vi. Lembrei-me do primeiro dia. Ela avançada pelas ruas, deixando que o vento bagunçasse levemente seus cabelos escuros. Mas a diferença foi que dessa vez ela não andava depressa, e também estava acompanhada. Não podendo mais conter minhas lágrimas, chorei sem disfarçar. Por um instante senti o calor de seu olhar, jamais conseguirei saber se foi delírio meu. Mas por um instante em que a olhava revivi os momentos naquele restaurante, pude ouvir em minha mente o som repetitivo de seus sorrisos, pude sentir o calor de seus lábios novamente, vi todo o amor que em mim ainda não passou, mesmo depois de todos esses anos. Um dia acreditei em para sempre, em amor à primeira vista, mas tive a infelicidade de perdê-lo no mesmo dia.