Versos sobre a água
Pesadelo:
Cai o crepúsculo anunciado no horizonte.
O avanço da noite envolve a floresta fria.
O vento serpenteia entre as montanhas.
No centro da vasta escuridão se revelam os segredos dos espíritos que habitam a mata...
Segue o ritmo de um tempo que não é mensurado...
No breu da noite a magia da luz reflete nos seres os tons de prata.
O murmúrio do silêncio evoca o rolar das águas sobre as pedras...
Tocas e cavernas serão abandonadas...
Todos saem sob o camuflado do verde musgo, e os que foram vistos serão devorados...
Corre tempo, corre vida, corre perigo.
Correm as águas, corre o vento, Corre ao abrigo...
Logo vem o clarão da aurora rompendo a escuridão...
Os mistérios se escondem sob as raízes da mata, E na imaginação dos homens que nela habitam...
As cores da montanha agora se avistam...
No coração da floresta, pulsa a vida...
Pulsa a vida...
Pulsa a vida...
5 Elementos
Não te nego o AR
Quando retornas das marginais empoeiradas do teu dia.
Não te nego a ÁGUA,
Quando buscas a nascente dos teus sonhos.
Não te nego o FOGO,
Quando deixas cair a couraça de gelo de tua guerra pessoal.
Não te nego a TERRA,
Que conquistas a cada palmo, aconchegando o corpo e semeando esperança, para, enfim,
não te negar a ALMA.
SUPERLUA ROSA
Manto negro
Alguns pontos luminosos
Não fala, nem se manifesta
Oito de abril de dois mil e vinte
Lua está cheia e em seu perigeu
Se falasse e se manifestasse
Apreciaria cerejeira em flor
E acalmaria qualquer coração
Que está em aflição ou cheio de amor
A flor espreita o pirilampo
E a superlua aprecia flores novas no campo
Eu no meu quarto sinto mais, ou menos angústia
Nesta fase de quarentena mundial
(Em respeito aqueles que trabalham por mim, para mim e para o outro
Estou em casa em trabalho remoto
Lavo as mãos com água e sabão
Álcool gel 70% para nenhum vestígio de impureza)
Porque tudo está escrito...
Eu aceito, eu respeito
Conversa a distância ou da janela
A superlua rosa mais bela
a chuva caí
Minhas lágrimas também!
A chuva rega a mata
As lagrimas correm amargas!
A chuva gelada lava a alma
A lágrima quente corta não lava!
As águas da chuva se encontram no mar.
Meus pensamentos se perdem em meio as lágrimas e não chegam a nenhum lugar!
Então senhores fazendeiros!
Já perceberam que a maior parte da crise hídrica de hoje é consequência dos desmatamentos e queimadas que vocês provocaram ontem?
Por “RELIGIÃO” houve grandes guerras
Por “PODER” se promoveram muitas guerras
Por “TERRAS” as maiores guerras.
As próximas guerras serão por “ÁGUA”.
Para gerar uma linda flor é necessário...
Uma semente,
Um pouquinho de terra,
E água diariamente.
É assim também com a nossa vida,
Crescemos, erramos, aprendemos e ensinamos.
Cada dia uma possibilidade de crescer, de aprender e de motivar aqueles que nos cercam.
Não devemos ter medo de cair, de se machucar, de enfrentar qualquer que seja o medo, não devemos fraquejar.
Feridas, um dia cicatriza.
Erros, um dia será acertos.
Inseguranças, um dia será confiança.
Se liberte do que te prende,
Permita-se ir além do seu estado atual.
Mude, aceite mudanças, aceite novas oportunidades.
Somos inconstantes, mudamos o tempo todo. Mude, não tenha medo de mudar.
A água pinga entre o telhado
A chuva enaltece o frio e solidão
O mundo antes colorido, ficou acinzentado
O sorriso vibrante de outrora
Perdeu o riso.
O pingo escorreu janela afora
Quando se viu formou-se um mar
Nele se afogava mais um anjo imaturo
Que nunca aprendeu a nadar
Me lanço ao mar.
Sinto o vento tocar meu rosto,
a água subir pelo corpo,
conforme avanço contra as ondas.
O sol na pele, o suor, o rubor.
O calor transborda,
até a água me abraçar.
Sempre quando estou no mar,
eu me torno natureza.
Me torno beleza
Me torno parte do azul do teu olhar.
Eu não sinto nada,
Meu coração nem parece que bate.
Mas assim como a água
Tenho reação,
E minha reação me faz viver
Nesse mar de pessoas
Com sentimentos
Que me levam a pensar
Como é sentir tanta dor e ainda continuar?
Não sei responder essa pergunta.
Médico por favor, me dê um pouco de humanidade
Um pouco de coração com empatia e igualdade!
Não aguento mais não sentir nada,
Porque mesmo com a morte, meu coração ainda bate.
Tá reclamando da minha roupa
Tá reclamando do meu beijo
Cheio de água na boca
Tá morrendo de desejo
Eu sei que o meu corpo te incomoda
Sinto muito, o azar é seu
Abre o olho, eu tô na moda
E quem manda em mim sou eu
O Testamento dos Namorados
Escolhamos as coisas mais inúteis
o verde água o rumor das frutas
e partamos como quem sai
ao domingo naturalmente.
Deixemos entretanto o sinal
de ter existido carnalmente:
da tua força um castiçal
da minha fragilidade um pente.
Esse hieróglifo essa lousa
deixemos para que uma criança
a encontre como quem ousa
um novo passo de dança.
Não precisa de uma taça de vinho
Nem de água
Com certeza de música
Mas não de sensações fortes
Para que as palavras surjam e povoem o meu mundo
A gente se fala no olhar (no olhar)
É água de chuva no mar (no mar)
Caminha pro mesmo lugar
Sem pressa, sem medo de errar
É tão bonito, é tão bonito o nosso amor
Quero...
Da frase ser um verbo
Uma rima do seu poema
Na sede quero ser água
Um vinho que te envenena
EU QUERIA SABER
Quanto tempo o tempo leva
Pra água esculpir a pedra
O tolo parar de bancar o juiz
Perceber que ser aprendiz é melhor
Quanto tempo o tempo leva
Pra eu descobrir quem sou
Se sou uma ou se sou várias
Se a dor é minha ou do poema
Quanto tempo o tempo leva
Pra engavetar uma teimosa paixão
A violenta saudade domar
Uma ferida virar cicatriz
A ausência parar de doer
Leva, Tempo?
Leva!
Se eu dançar
As tuas penas vais abanar
Sobre a água vais planar
Uma dança de encantar
Se tu me vires dançar
Os meus braços te quero abraçar
Pelo meu nome me vais chamar
Uma valsa te vou demonstrar
(Adonis Silva 08-2018)