Versos sobre a água
O livro é como a água: precisa circular para que o processo do cumprimento de sua função não se estagne (03.12. 170).
A água não nasce. A água existente no planeta é a mesma desde o início, ela só muda de lugar. Hoje em uma poça e depois numa nuvem para ser chuva. Nos mares, nos rios, dentro de nós. Sempre reciclada, doce, salgada é a água há bilhões de anos. A mesma água que hoje bebi, pode ter sido usada por um dinossauro ou até mesmo por Jesus. Esta água que agora sustenta minha vida logo irá para outro lugar, a se renovar para sempre. A mesma água que hoje bebi já pode ter estado em você.
Esteja aberto a novos conhecimentos. Lembre-se a água estagnada apodrece. O conhecimento estagnado também.
A vida pode ser vivida como se estivesse debaixo d'água. Se não se cuidar se afoga e vai para o mais fundo lugar.
A língua é como um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a água do igapó, que envelhece, não gera vida nova a não ser que venham as inundações.
Não exatamente como gostas de água, conquanto esta, na verdade, seja capaz de cavar buracos no granito mais duro; mas, antes, como gotas de lacre derretido, gotas que aderem e se incorporam àquilo sobre o que caem, até que, finalmente, a rocha não seja mais que uma só massa escarlate.
A chama da minha vela se transforma em água no paraíso,meus pês seguem a musica sobre o mar de estrelas.
"Tomamos banho para retirar o suor, a sujeira, o calor. Bebemos água para purificar, hidratar e rejuvenescer. Pensamos em coisas boas para criar, amar e viver."
Se o amor for água, primeiro você mostrou-se o oceano atlântico, e quando decidi nadar você mostrou-se a mais dura seca do sertão nordestino.
Dos bichos que avistei, a um me apaguei, era o Martim-pescador, bebia água nas margens do velho chico, mas era também predador, logo não tinha mais peixes e Martim-pescador para longe de mim voou, não poderia prender Martim-pescador, pois era bicho livre, se prendo ele para me embelezar com suas belas plumagens mataria de remoço martim-pescador, deve estar a pescar nas margens de outros rios, assim fui deixado para trás por um pássaro tão pequeno, em um mundo tão grande, essa é a minha história e a de um martim-pescador.
Enquanto jornalistas contavam histórias sobre falta de água, casos de fome e investigavam as origens das tragédias, lá estava eu: pesquisando sobre cidades para passar a lua de mel, escrevendo sobre looks, Netflix e personagens de novela. Senti como se fosse um pássaro sobrevoando os escombros de um grande desastre. Imune à lama e ao sangue alheio, e presenciando o sofrimento de todos sem ajudar ninguém. Quando eu senti a necessidade de mergulhar… percebi que sou um jornalista, não um publicitário.
Mergulhamos em um rio, a água está sempre em movimento na direção que a correnteza arrasta tudo em seu fluxo, pedras podem mudar algumas direções. Podemos sentar próximos de suas margens e observar, seu interior pode ser claro ou escuro, vemos o que está nele ou não. Mas todo momento ele compartilha um ensinamento e apenas com os olhos da nossa identidade podemos escutar ou ler seus sinais.
A água é a essência arquetípica primordial da vida renovada. Simbolicamente representa a transmutação de impurezas, a cura, o transcendental, o renascimento individual em processo de reestruturação, na dinâmica de transpor-se para o portal divino do eu.
"Somente quem carrega sua própria água sabe o valor de cada gota derramada! "Só preto sabe o que é viver em uma sociedade racista, onde somos resistentes, lutando pela vida! Só preto sabe valorizar os avanços, e sofrer nos retrocessos, só preto entende o que significa tirar o pé da senzala, mesmo sabendo, que não importa degrau da escala social, sempre vai ter alguém, olhando, mencionando, lembrando o perverso preconceito racial! Preto! Só preto consciente, me entende! Privilegiados! Estes apenas temem! Temem perder tudo! Tudo que suor de preto contribuiu... Para cada degrau, que ele subiu...