Versos sobre a água
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
Já ouviu o barulho da água caindo em tuas mãos?
O som da respiração de duas pessoas que se abraçam?
O toque ....
Já prestou atenção no sorriso de pessoas a seu lado?
O som das páginas de um livro sendo folheados?
O passinho da joaninha nas folhas de uma árvore?
O som do carinho das peles das mãos se entrelaçando... Observe a ternura da vida...O instante ❤️
Eliane
INTERROGAÇÃO
Não sou Adão...
Nem, nada disso que você pensa,
não vim de torrão barro ou água
Eu vim de uma placenta...
Placenta benta que senta
que paga que roga praga...
Que as vezes tem paciência
outra vez... Não agüenta.
Eu nasci n'aquele dia
n'aquela agonia...
Eu vi para o mundo de símbolos
penitencia... Pensa!
Universo da Maria de fobia
de reza, oração, dá o tiro, dá a mão
mundo de sonhos, feitos medonhos
... Ave Maria!
Saudações de José
saudações de João
Sou de um planeta perneta
costeleta, constelação, coração...
Aonde ninguém tem certeza
de quem é, ou não... Irmão...
Eu sou de um mundo inteiro
de pesadelos seus, de mim, d'ali
d'aqui, por cá, por ai, de Deus?
Do cão... Não sei, não sei não...
Antonio Montes
Nordeste do Saara.
Sei que muita gente esquece
que aqui a água é rara
que o povo ainda padece
que o Brasil não se declara
enquanto a vida desaparece
o nordeste mais parece
com o deserto do Saara.
O oceano é infinitamente grande e podemos chegar até ele facilmente, mas a quantidade de água que podemos retirar de seu interior está limitada pela vasilha que levamos até as suas margens.
Assim também acontece com a nossa capacidade de aprendizagem, que é ilimitada, mas depende da vontade com que abrimos a nossa mente para captá-la!
Pedro Marcos
Meu solo pede o teu sol
Meu deserto pede tua água
E meu fogo pede a tua alma
Meu rio pede o teu mar
Meu agosto pede teu dezembro
Minha falta pede o que te é pleno
Meu corpo pede teu sonho
Meu choro pede teu sorriso
E meu pouco pede tudo isso
No teu fogo virei brasa.
No teu gelo virei água.
Na tua boca sofri calada.
Na tua voz não fui chamada.
No teu olhar fiquei hipnotizada.
No teu corpo fui desonrada.
No teu andar fiquei parada.
Na tua casa fiquei desabrigada.
Na tua coberta fiquei destapada.
No teu cigarro não fui tragada.
Na tua bebida fui vomitada.
Na tua música não fui escutada.
Na tua letra não fui riscada.
Na tua folha não fui desenhada.
Na tua vida, fui só um nada.
Irei te esquecer de minha vida e como água cristalina pura e transparente será meu coração dormente de tando te amar e loucamente desejar esse corpo perdido em outros braços, essa boca carente de meus lábios, esse amor com saudade de nós dois.
pensamento da peça teatral "O devaneio dos Desesperados", voz do acaso em noites de tempestades.
Nordeste sim!
O nordeste é uma poesia
que encanta muita gente
do sol forte que irradia
a água fria da nascente
parece ter uma magia
aos que vem passar um dia
e quer ficar eternamente.
Dizem que no início tudo são flores
Então... não deixe muchas flores do início troque a água todos os dias
E floresça em uma Felicidade Plena
Á flor
Foi como uma flor murcha tentando sobreviver á seca
Depois de tanto tempo sem água
Vem uma nuvem e te cobre com o sereno
Avisando que algo pode mudar.
Quem sabe florescer, e no campo reviver, ou então morrer?
Pobre flor, não sabe ela que a água
não revive metade das tuas raízes
Tão poucas eram as gotas que se atreviam a toca-la
Sua sede era tão intensa, acabou economizando as gotas
Mas os dias de poucas chuvas passaram, a seca voltou
e a flor novamente sem sua água ficou.
Pobre flor está morrendo aos poucos, tão desconsolada
e caída ela está, que nem o outono resolveu esperar
para suas pétalas secar e o vento levar
Quem sabe para o encontro do mar.
Upêndica Poesia
P'RA QUE
P'ra que chorar o passado,
se essas lagrimas amanhã...
Não terá sal, não terá água
não terá nada! Nada, nada.
Antonio Montes
Cuscuz a gosto!
Põe a massa na bacia
pra ele ficar composto
misture com água fria
e o sal coloque a gosto
basta um cuscuz por dia
pro cabra ficar disposto.
Sou um corpo de água salgada
seus olhos se perdem sobre a minha imensidão
Sou muito além do que possa ver sua visão
sou calmo as vezes agitado
ao amanhecer tenho a companhia de um grande astro dourado
que as vezes mim deixar na mão em dias nublados
Ao escurecer tenho comigo a presença dela
Com o seu brilho refletido sobre mim
deixa a noite ainda mais bela
Sou ártico sou indico sou atlântico sou pacífico
Enfeitado por conchas peixes e corais coloridos
Muitas vezes sirvo de inspiração
para um poema um verso ou uma canção
Mim acompanha sempre uma grande faixa de areia
e também mitos e lendas sobre tesouros e sereias
levo as flores que recebo com muitas saudade
mais retribuo trazendo para você muita paz e felicidade
Assim é o Brasil, ame ou odeie.
Acabamos de ser chamado atençao pela ONU pelo desperdício de água, estamos entre os 10 países com maior desigualdade social no mundo e agora me vem essa tal de reforma trabalhista que fará as coisas aqui ser ainda mais difíceis
MEU QUINHÃO
Meu retrato na parede...
Não bebe água, nem sede
a esperança em seu olhar
todavia, vive verde.
É terra seca rachada
é pesadelo sob rede
cabo seco com enxada
e esperança, toda verde.
É vento secando sertão
estrada que passos prende
é fé amarrando coração
é aprende no seu alpendre.
E o velho prato da casa
sobre mesa, seu esmalte
tudo exposto na tabua
com tabuada de quilate.
Antonio Montes
Água, nossa vida, nosso mundo
Mesmo entre as pedras
Ela jorra aos montes
Das montanhas cai
E quão ricas são as fontes
Sobre as rochas desliza
Tornando mais belo o horizonte
Sem ela não vivemos
E dela dependemos
Basta um sopro de Deus no ar
Para dos céus ela deslizar
Descarregando as nuvens
Dando o crescimento ao plantio
Ornamentando o verde
Trazendo consigo o que antes não podia
Levando alegria a todo o sertão da Bahia.
Sem aperreio.
Por essa terra tenho apego
a água é pouca mas se tem
meu lugar, meu aconchego
meu sertão me faz tão bem
eu daqui não peço arrego
e nem troco esse sossego
pelo estresse de ninguém.