Versos Românticos
Olhar no paraíso
Cada sonho é um delírio.
Cada vontade traz um martírio.
Cada minuto é um suspíro.
Desnudo e imperfeito.
Quando seu corpo por inteiro.
Venerado como monumento.
Se transfere pra areia.
O prazer me incendeia.
Uma vertigem em cadeia.
No apogeu de sua beleza.
Como um lapso de sentido.
Um olhar no paraíso.
Enquanto conversávamos senti vontade de agarrá-la, pegar na sua cintura bem forte e beijá-la com força, colocar dentro dela toda minha energia, mergulhar nossas máscaras e roupas num balde de fogo com gasolina!
E assim fizemos!
doce felina, como eu a queria!
Eu poderia inventar mentiras
E te jogar com os restos do meu coração
Mas eu ainda quero que você seja minha
Mesmo sendo sua segunda opção
E todos os seus defeitos me causam o efeito de ser assim
"Olhe para o céu,
observe as estrelas,
e mesmo distantes,
um encontro se dará,
ao contemplarmos a mesma estrela
seu brilho aumentará, através do
brilho do teu e do meu olhar…"
" Primeiro damos as mãos, querem mais
depois dedicamos nossa inteligência
acham pouco, levam nosso tempo
no final somos escravos assalariados,
pagadores de impostos
para engordar propinas
vão se foder
," Se você falasse comigo,
quanta coisa brotaria,
em meu olhar;
Tenho certeza de sorrisos,
expressão de felicidade.
Se você apenas me olhasse novamente, como olhou há tantos anos,
todos os danos do meu coração,
consertar-se-iam,
finalmente.
Mas se você, chegasse me ouvindo,
me tratando como amigo,
que decepção!
mas se por amor voltasse,
uma nova vida viveria,
apenas se você,
sorrindo,
voltasse para mim...
"Alguns corações
são como água do mar,
são como ondas,
que vêm e se vão,
ou como a sensação boa
de uma canção"
Uma flor
Saiba um dia o tracejo
Que em mim te viu nascer
Como a alva da manhã,
Se não me fores
Por contento a bela flor
Que me perfuma o caminho,
Serás para sempre
O crepúsculo vespertino
Que encerras o meu destino.
Nada faço conhecer-te
Deste amor que te desejo
Em minh’alma sem sossego...
Outrora foste pequenina
Com grandes sonhos de menina
Em ti vividos por donzela...
As estações te fazem bela
E se renovam as flagrâncias
Deste amor que em mim revela...
Uma flor,
Uma dor,
Um só amor...
Edney Valentim Araújo
1994...
Ele se apaixonava por rostos bonitos. Aos poucos foi percebendo que aqueles rostos, muitas vezes, escondiam almas feias.
Então passou a se apaixonar por almas bonitas...
'QUANDO EU PARAR DE SONHAR...'
Quando eu parar de sonhar,
serei um hipócrita simulando poesias.
Praguejando dias irreais.
Sem cordilheiras,
fingirei a presença de verbos...
A caminhada será insensata,
abstrata com sua burca espalhando negrume.
O novo Oriente implorará complacência.
Pretenso,
não mais falará de religião...
Quando eu parar de sonhar,
Não terei os abraços convencionais,
desleais/egoístas.
A casa não terá crianças para avivar os dias fúteis.
O ar exalará despedidas misturada à escassez de utopias...
O coração arrítmico confessará segredos não mais sonhados.
Medos terão descansos promíscuos.
Ao lado a realidade verídica,
tão implícita,
agonizando os dias reais...
'VELHO ANO...'
Mais um Velho Ano que se aproxima. Menos saúde para comemorarmos. Milhares de células morrendo. Nunca entendi, por exemplo, algumas das comemorações. Para quê tal, se um Velho Ano não faz tanto sentido, faz tão mal para um velho bocado de pessoas...
Quem conquistou, quem não conquistou não interessa! Interessa nos reconhecemos. Sermos mais irmãos! Se bem que essas frases de Ano Velho não surtem mais efeito na vida das pessoas. Elas continuam as mesmas. Do modo como vieram ao mundo. Talvez não!
Dia dos Namorados, Natal, Ano Velho e Outros tem cara de Segunda-Feira. As pessoas vêm e vão. Outras com fé, outras com sentimentalismo. É aquele famoso rodízio melancolizando os dias que virão...
Que venha o proximo ano parecido com o que se foi. Talvez a grande diferença seja o fato de termos menos tempo. Sabe Deus o quanto! Apesar dos pesares, quero agradecer por ainda estar preso nele, comemorando a minha forma velha de vê-lo...
''NÃO HÁ...'
Não há fases para predizer o presente.
Sequer liberdade para abraçar o infinito derramado sob a terra em avesso.
Nada cíclico!
Para quê infância,
mistérios,
míseros sonhos exalando pelas mãos...
Inerte cenário!
Não há fotografias antigas para matar a saudade!
Nem pinceladas atuais tratando um novo destino.
Sem fotoperíodos para o crescimento do caule na alma.
Só evidencias regressivas estilhaçando desígnios...
Não há imaginário,
fantasias.
Apenas corridas contra o tempo.
Tudo opaco e vazio,
tal qual o eco de um desconhecido falando de razão.
Suspirando um novo espírito nos órgãos.
Sob a janela amarroada,
amparando vaga-lumes,
ausentes de lumes nas seguidas noites sem canções...
'ANÁLOGO...'
Análogo, repetitivo. Ele caminha observando as mesmas imagens. Plantou sua imortalidade nos filhos. Acreditou naquilo que poucos acreditam: cogitação perpétua...
Análogo, símile. Ele acorda às seis da manhã e dorme após às duas da madrugada tentando encorajar seus congêneres. Poucos sabem, mas ele é reticências...
Análogo, tem dormências diárias. Não contraria o acaso. Mas ver-se disperso fitando início, meio e fim. Quebra espelhos! Mas espelha-se no semblante abatido e cansado na qual todos tornam-se...
Análogo, fitando o absurdo. Ele é mudo nas horas hostis. Observa a sobrevivência das orquestras cantando as mesmas canções há milênios. Melodias antifônicas que fazem parte do mundo, sobrevivendo e enraizando as almas...
'LIBERDADE'
E quando algum dia tudo findar,
não serei religião.
Sem razão ou princípios abstratos.
Não mais serei terra seca,
emoções,
essências ou buscas.
Tampouco punhado de areia [fragmentado],
deixado aos cantos,
felicidade exilada ou resignação...
Não serei saudade nas alcateias que compartilhei.
Tudo sempre será como fora um dia.
Sem matilha,
o mundo será o mesmo.
Agora deitado ao chão,
Não quero donzela reascendendo paixão fúnebre ou amores de outrora.
Quero algo maior!
Não o luxo de uma consciência sem lume...
Liberdade!
As portas do primeiro choro cumprirão suas promessas.
Deverias vir sorrindo,
brancacenta,
sem foice nas mãos.
Mais pessoas precisarão serem libertas.
Sentir a calmaria do teu bafo quando a dormência ficar o coração.
Pode vir sem dó,
aduzindo ventos [galhas] e palmeiras...
'ANIVERSÁRIO'
Não gosto de aniversário! De comemorar um ano a menos. Muito chato! Aqueles bolos recheados, devorados por dentro sob à mesa...
Não me dê presentes! Consideremos. Nada de parabéns por uma data destarte. Aniversário não tem sentido. É muito ambíguo. Certo! Já tenho setenta...
Talvez esteja desgastado pelos ventos, Tanta hipocrisia nos olhos. E dias miraculosos. Soltos à espera de destroços. Óbito nos cantos. Não quero velas, não quero palmas...
Ah saudoso aniversário! Quando ao lado cultivava esperanças. Bonanças nas tempestades. Fervilhando-me a alma e a ponta dos pés...
Não quero ser lembrado. Sou indignado por abraços e míseros aniversários que me faz ser humano a cada passo. Ultrajado. Desgastante...
Realmente.
Não é só trabalho.
Não é só amizade.
Não é só um sorriso.
Não é só um beijo.
Não é só vontade.
Não é só metade.
Não é só isso.
Não é só aquilo.
Não é só sexo.
Não é só corpo.
Não é só medo.
Não é só desejo.
Tudo o que faço, faço como se fosse a coisa mais importante que posso fazer. Tudo, tudo mesmo.
" Folha, após folha
sincronia que só o vento pode ajudar
manhãs rosadas, cinzas
o tempo faz seu papel
toma a calçada.
embriagados pela selvageria do outono
varrem o chão,
já é tarde,
novamente a pele dourada precipita
há em cada ser um amanhecer
e uma morte também,
mas assim como a vida tem um fim,
a morte também, um dia terá...
"Uma estrela de dois tons me chama toda noite para vê-la
De dia ela se esconde, eu não consigo decifrá-la
Algumas noites a névoa a encobre, e ela desaparece
Santo deus, e se eu não a visse nunca mais!"
" Que você fique a vida inteira fazendo questão, mas se precisar, lembre-se:
O tanto faz, está logo ali...