Versos de Natureza
SERINGUEIRA
Ao caminhar pelo parque
Exercitando à minha maneira
Observo, atentamente,
Uma antiga seringueira
Como pode a natureza
Ofertar tanta beleza?
Quanta sombra e formosura
Em uma só criatura!
E apesar de tão perfeita
Não se dá por satisfeita
Ainda fornece a borracha
Como a me assegurar:
“Conheço os teus receios,
E os irei apagar”
Ao despedir-me da sábia árvore
Sigo feliz, mais confortado
Ela sabe dos meus medos...
Quiçá já os tenha deletado.
Porta do céu
Aquela nuvem - a mais bela,
Retocada com pincel!
Não seria, talvez, ela,
A porta que dá pro céu?
Como uma célula louca, que se volta contra o próprio corpo, se tornando um câncer,
Assim é o homem que agride a natureza, sem dar-se conta que ele está contido nela.
Quartzo humano
É como um mar
capaz de vitimar
mesmo sem saber nadar
eu vou-me aventurar
Entre sobreviver e viver
hei-de arriscar
com determinação e vitalidade
irei triunfar
Não descansarei
não repousarei
não adiarei
E te encontrarei
E finalmente te encontrar
Será esplêndido
poder novamente respirar.
Óh meu Quartzo Citrino
Instantaneamente tatuei-te
apelei-te, amei-te e procurei-te.
Beber-te com meus olhos mansamente
Embarquei em tua mente
como alguém que escondesse.
Óh sentimento sem idade
A CHAPADA
Quero sempre olhar o mundo
Como quem está na chapada.
Lá do alto dá pra ver
Se há perigo de emboscada.
Também posso dar a mão
E ajudar o meu irmão
A subir na escalada.
O PARQUE
Em meio a tanto concreto,
Prédios, carros e asfalto,
Mais parece um oásis
O parque arborizado.
Gosto de correr por lá,
Alguns vão só caminhar
Com a natureza ao lado.
O GUANACO
É parente do camelo,
Uns pequenos, outros grandes,
Come a relva da estepe,
Lá na região dos Andes.
Mas não chegue muito perto
Pra não levar coice certo,
Deixe que eles vão e andem.
A CASINHA
Bem no meio da floresta
A casinha isolada
A luz é do vagalume
O som é da bicharada
Da terra vem a sustância
Do rio água para a estância
Natureza abençoada
Um jardim é uma experiência, uma biblioteca de percepções.
Uso água de fonte ou de chuva para pinta-los.
Nesta preparação me conecto e flui a poesia que a natureza inspira.
Às vezes, mesmo no frio,
o amor floresce,
resisti a sanção de vazio,
bravamente não esmorece,
mantém os seus encantos,
conforta e aquece o caminho,
então, enquanto sua chama estiver acesa,
continuará florescendo,
faz parte da sua natureza
ser um forte sentimento.
Ela tem uma alma intensa,
é uma mulher incrível,
mesmo sendo imperfeita,
não deixa de ser irresistível
de uma rara beleza
que parece vinda do paraíso
de uma linda natureza
que esquecê-la para ser algo impossível.
Como pode um ser tão grandioso,
prezar por vermes como nós?
Como poderia sentir compaixão
até mesmo por quem o nega?
Como poderia, por seu amor,
enviar o seu unigênito;
Para estar sujeito a tanto sofrimento
e deixar o seu reino de glória;
apenas para nos dar o direito
de um dia entrarmos com ele e ter vitória?
Com lindas pétalas de luz,
faz reluzir o amor
como se fosseuma amostra
do sol na terra,
assim é a sessência
de um girassol,
um genuíno farol da natureza.
Como uma luz na madrugada sombria,
é a tua presença radiante
com o fulgor da tua veemência,
teus desejos são constantes,
calorosa é a tua essência,
és uma mulher de uma beleza exuberante
e de uma intensa natureza.
Terra seca de grande beleza
Onde os animais ali se despejam
Onde o fogo os consome
Onde muitos passam fome
Más o tal do homem
Continua a sassear sua fome
Sem saber que o futuro vai ser duro
Como a pedra que usou para construir seus muros
A leve consciência do ser que não pensa
Os levará a sua própria inexistência.
Pingos, pingos, pinguinhos,
chuva calma e persistente
que devagar, bem de mansinho
é para todos um grande presente
INSTINTO ANIMAL
Nada força um bicho a comer uma presa, até que a condição fisiológca o permita. Porquanto, a cerca é ideada de forma tão autóctone que a própria presa afirma desarmada, a possibilidade de associar-se aos ideais da natureza, naturalmente.
Contemplando o divino
Contemplando o que o olhar alcança, mergulho nos mistérios da criação divina, criteriosa, perfeita e indecifrável, onde em seus contornos o amor e a paz se faz morada permanente.
Soraya Rodrigues de Aragao
Soneto bandoleiro.
Muito se tem dito,
pouco se tem feito,
e o tido como perfeito,
é, desastrosamente, desfeito.
Muito se tem falado,
pouco se tem agido,
e o que era tido como certo,
hoje se esgueira; na sombra escondido.
Seria da natureza do homem,
tamanha afronta que nem se dá conta
de seus semelhantes esfomeados que somem.
Os infortunados banidos, bandidos,
como se fossem bandoleiros,
porque acabou o dinheiro?
Bela rosa que com a delicadeza
de suas pétalas faz o amor florescer
na austeridade da sua natureza,
onde a vida consegue enriquecer,
então, necessária é a sua existência
por fazer o coração aquecer.