Versos Mae
Minha Mãe
Gosto da inocência dela:
Benze crianças,
Faz simpatias,
Reza sorrindo,
Chora rezando.
Gosto da inocência dela:
Apanha rosas,
Poda os espinhos,
Coloca nas mãos,
De meninos branquinhos.
Gosto da inocência dela:
Conta histórias longas,
De negros perdidos,
Nas matas cerradas,
Dos chãos do país.
Ama a todo o mundo,
Diz que a ida à lua,
É conto de fada.
Gosto da inocência dela:
Crê na independência,
E é tanta a inocência,
Que até hoje ela pensa,
Que acabou a escravidão.
… Inocência dela…
Bicho-da-seda
Nascia
um belo dia,
emoção forte me causou vertigem,
mamei minha mãe na fonte
de leite fiz um verso virgem.
Dos rios mastiguei os córregos
dos sóis sorvi dourados bicos
tomei do alfabeto, os símbolos
com eles fiz um verso rico.
Mas, da primeira cobra
armada em botes,
aprendi as contorções molengas
tomei da angústia, vida fluída
ri um verso duro, capenga.
Sou hoje colheita descoberta
dos amores de auroras nas fazendas,
extração dos capitães de mato
e dos de Areia do Jorge.
Explico então:
o poeta é um bicho-de-seda...
que explode
Viva em comunhão com a mãe Gaia e Deus Pai....
A Terra com gentileza recebe os homens e animais, nutre os vegetais para que os corpos sejam mantidos com perfeição. Na partida desta vida ela ,utiliza os restos mortais em decomposição para se fertilizar.
A água lava ,limpa e purifica e com a irrigação, ajuda a terra a nutrir e neste processo faz tudo fluir.
O Fogo traz a luz para guiar os passos sobre a terra e manter tudo aquecido. É o quentinho do calor acolhedor .
O vento espalha as sementes para a terra germinar ,sopra o fogo para as chamas acender ,organiza as nuvens para trazer a agua e irrigar a terra.
Siga o exemplo dos elementos da natureza que trabalha em sincronia para espalhar a alegria.
Seja paciente e organizada como a terra.
Como a agua seja puro e transparente para tudo fluir.
Como o fogo seja caloroso e colhedor para ser livre como o vento....
Rose, mãe de duas filhas queridas,
Você é uma guerreira incansável,
Sempre presente nas suas vidas,
Cuidando, amando, sendo admirável.
Sua dedicação é inspiradora, mow, e você é maravilhosa!
nunca esqueça disso
Pediram-me uma poesia autoral sobre mãe. Digo a vocês que não sou poeta; seria muita, mas muita pretensão de minha parte, abraçar e/ou adotar esta condição artística-filosófica.
Mas se fosse para eu associar poesia à mãe, diria que:
Mãe é sinônimo de amor que é sinônimo de poesia que é sinônimo de mãe; fim.
Mãe do Renato: A linha é tão fraca que os pontos nem seguram.
Pai do Renato: O problema não é a linha. Enquanto nosso filho recita poesia, as mãos ficam no 5 contra 1.
Mãe do Renato: O que significa 5 contra 1?
ALTARES
Anos vão.
Construi e tenho no meu quarto
Numa cómoda velha de minha mãe,
Um santuário,
Tipo berçário,
Que acolhe alguns santos
Do reino que Deus tem.
Uns mais que outros, sacrossantos,
Para mim.
E assim,
Talvez pela memória
Feita só estória
De querer afastar medos e quebrantos
Em simples peças de barro,
Já em padecimentos de sarro.
E cada vez mais eu reparo
Que neste mundo às avessas,
A quem faltar fé ou faro
Baterá em portas travessas.
Ravessas, elas só se abrirão
Por senha ou pela beatice,
Sempre esta minha tolice
De não aceitar sermão.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 27-03-2023)
Peça a mãe, que o filho atende
Sua fé há de vos valer
E se Maria passar a frente
Jesus, vai por ti interceder.
O MENINO E A BOLA
Ele ia atrás da bola.
Que belo, ele a correr
O menino de sua mãe,
Que Deus a conserve e tem
No enlace com seu pai,
Em risonho amor de viver.
Chuta, vá meu pequenino,
Afaga os teus pezitos na bola,
Com o esquerdo ou o direito
O teu chutar é perfeito,
Rumo ao verdadeiro destino
Traçado na camisola.
E no passar do sol pela lua,
Pelo fogo, pelo ar, pela água
Sem mágoa
E pela terra,
Um dia, nunca te esqueças
Peço-te, não esmoreças,
Pois a vida será sempre tua
Nua e crua,
Pela verdade que encerra.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 01-04-2023)
Minha mãe
Te flagrei passeando nas memórias e arrematei o cansaço do seu olhar. Sua juventude se rebuça através das rugas do tempo, esses pequenos rastros que os dias deixam para lembrar que a vida é transitória. Sorriso difícil, valioso, vigente para aqueles que te amam, tão expressivo quanto suas verdades. Você é céu aberto, é árvore frondosa, são raízes no meu chão, Provérbios para minha alma, Eclesiastes para minha vida.
O dia convidava a espreguiçar, a esticar o corpo, a apreciar os pequenos gestos da Grande Mãe, uma pequena caminhada lhe fazia bem, e assim novamente a Guardiã fazia; estendia um tecido ao sol, aproveitava o momento para receber a sagrada medicina rapé e também transmutar as energias, ela fazia parte dali, voltava-se mais uma vez em retorno ao lar.
O vento assoviava baixinho, as nuvens anunciava que uma chuva fina em breve cairia. Foi assim, na abundância das águas, um só momento para voltar a tecer!
Ah quantos encontros e quanta alegria, seu Xale a fazia sorrir! Longe estava de ficar pronto, pois a grande sabedoria era nunca deixar de tecer saudando o dia!
A cada dia um Retorno ao lar se fazia, como a Guardiã agradecia a grandiosidade de Renascer!
Xale Sagrado
Giovana Barbosa
Na força da medicina Rapé
Os lírios de minha mãe:
Quando novembro se aproxima.
Eles florescem.
Trazendo a paz.
A esperança.
É o jeito dela me mostrar.
Num carinho .
Que está sempre por perto.
Cuidando.
Protegendo.
Com amor.
Já dizia a mãe desse pensador:
Quem tem dois tem um
Eu digo:
Quem tem três ou mais
vai ter sempre mais reservas
Me atrevo a te dar um conselho:
Tenha mais de dois filhos.
Eu era primata e segurava primata
Não me lembro o que eu era antes de ser mãe
Alguma coisa entre tijolo e rã
(sólida e escorregadia)
O tempo de antes ficou sujo de uma coisa
que eu não sei
A vida principiou naquele dia
e depois só futuro
E era um futuro tão velho que parecia passado
Quando eu coloquei no colo minha filha
Era como se carregasse minha mãe
Ou a mãe da minha mãe
Ou a primeira mulher do mundo
Que era gente e era macaco
Ali eu era primata e segurava primata
E doía tanto
Cantiga de caminho
Sou filho de mãe mineira
meu pai é de Minas Gerais
sei rezar latim pro nobis
sou primo do preto Brás
Sou filho de pai mineiro
mamãe é de Minas Gerais
vou vivendo como vivo
faço o que ninguém mais faz
Desde menino eu misturo
o antes, o agora e o depois
sei somar zero com zero
e ainda divido por dois
Desde menino eu misturo
o antes, o agora e o depois
sempre que posso eu passo
o carro à frente dos bois
Sou filho de pai mineiro
mamãe é de Minas Gerais
sou rosa e pedra no caminho
sou capaz de guerra e paz
Sou filho de mãe mineira
meu pai é de Minas Gerais
dou volta e meia no mundo
e o mundo não acaba mais